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BRASILEIRO 2022
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Candidato à presidência do Corinthians, André Negão defende legado de Andrés e Duílio no clube

Representante da Renovação e Transparência vai enfrentar Augusto Melo, em eleição deste sábado (25); vencedor terá grandes desafios para o futuro alvinegro

Futebol|Gabriel Herbelha, do R7


André Negão concorre à presidência corintiana
André Negão concorre à presidência corintiana

Representando a situação, que comanda o clube desde 2008, André Luiz Oliveira, conhecido como "André Negão", quer ser o próximo presidente do Corinthians no triênio 2024-2026.

Ao lado de Andrés Sanchez, seu principal aliado na política do clube, André foi um dos fundadores da chapa Renovação e Transparência, em 2004, que transmite sentimentos de amor e ódio entre torcedores.

Escolhido pelo grupo para ser o substituto de Duílio Monteiro Alves na presidência, ele enfrentará Augusto Melo, candidato da oposição, em eleição neste sábado (25), no Parque São Jorge. Além de escolherem o 32º presidente da história do clube, os mais de 4.000 sócios com direito o voto também vão definir os 200 novos membros do conselho deliberativo.

Em entrevista ao R7,André Negão defendeu os seus antecessores das críticas e disse ser favorável a uma grande reformulação para a próxima temporada. "O time de futebol voltará a ser competitivo, e faremos de tudo para que o Corinthians seja campeão", garante.

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Sócio do clube há 35 anos, ele admite ter atuado no jogo do bicho numa fase da vida e disse que fez carreira na construção civil. No Corinhtians, acumulou cargos de confiança nas duas gestões de Andrés e foi vice-presidente de Roberto de Andrade, entre 2015 e 2017.

O Corinthians não levanta um título desde abril de 2019, com a conquista do campeonato paulista, e não vence o Brasileirão desde 2017. Neste ano, além de seguir com a seca de títulos, lutou contra o rebaixamento, mesmo tendo uma das folhas salariais mais caras do país.

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No entanto, em seu plano de governo, a explicação de como funcionará a gestão do futebol masculino tem apenas dez parágrafos, com muitas promessas sobre um "clube multicampeão" e pouca argumentação e metódos de como isso será feito.

No mesmo documento, o candidato se mostra mais preocupado com o clube social, e promete aumentar o número de vagas de estacionamento, trocar a grama de uma das quadras de society e criar uma colônia de férias do Parque São Jorge.

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Apesar de prever fechar o ano com uma arrecadação acima de R$ 1 bilhão, a maior da história do futebol paulista, o Corinthians encerrará 2023 com uma dívida líquida de R$ 893 milhões, segundo o último balanço. O que está ruim pode piorar caso não haja uma gestão competente.

Augusto Melo, que concorre pela segunda vez para a presidência do Alvinegro, também foi tema da conversa. Por algumas vezes, André usou o espaço para criticar o adversário, referindo-se a ele como um aventureiro. "Tem que odiar muito o Corinthians para cogitá-lo como presidente do clube", dispara.

Clique aqui para acompanhar a entrevista completa com Augusto Melo, que também é candidato à presidência do Timão.

Confira a entrevista na íntegra

R7: André, primeiramente muito obrigado por aceitar o convite de conversar com o R7. Você poderia se apresentar ao torcedor e contar um pouco mais sobre a sua relação com o Corinthians e há quanto tempo está no clube?

Minha relação com o Corinthians começa desde o dia em que nasci no extinto Hospital e Maternidade Vila Maria. O bairro onde passei a maior parte da minha infância é um reduto de corintianos e próximo ao Parque São Jorge. Lembro que antes de me tornar sócio eu saía a pé da Vila Maria, passava pelo Parque Novo Mundo e atravessava uma ponte de tambor que tinha na rua Tuiuti. Depois, pulava o muro do Parque São Jorge para poder assistir a treinos. Aí virei sócio do clube e já estou lá há 35 anos. Nesse período acumulei experiência e trabalhei por todos os departamentos.

Estive no futebol amador, fui diretor administrativo na primeira e segunda gestão do Andrés Sanchez, também fui eleito o primeiro vice-presidente do Roberto de Andrade. Me qualifiquei, prestei diversos serviços ao clube e construí minha história durante todos esses anos para pleitear a cadeira de presidente e tocar os projetos que apresento no meu plano de governo.

R7: Por que o torcedor do Corinthians deve acreditar que o André Negão será um bom presidente?

Eu não caí de paraquedas no Parque São Jorge. Trilhei todo um caminho para chegar até esse momento e me considero um vitorioso por isso. Mas não quero parar por aí. Eleito presidente, seguirei prestando serviços para o Corinthians, como minha história no clube mostra.

O time de futebol voltará a ser competitivo, e faremos de tudo para que o Corinthians seja campeão. Outra prioridade será terminar o alojamento da base para que possamos revelar mais jogadores. Com o término da obra, passaremos de 48 lugares para 150. Darei atenção especial ao Parque São Jorge, que durante o meu período como diretor administrativo recebeu as maiores obras de melhoria de sua história. Estou pronto para fazer isso pelo Corinthians e espero que o sócio me dê esse voto de confiança.

A razão pela qual quero tanto ser presidente vem da certeza de que sei como fazer. O Corinthians precisa de alguém que seja um profundo conhecedor do clube, e não de aventureiros, muito menos de desvios bruscos. Só assim voltaremos a ser protagonistas nas principais competições de futebol.

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R7: Quando observamos a reação do torcedor comum, principalmente pelas redes sociais, vemos que você sofre com uma grande rejeição. Como você lida com isso e como pretende, caso seja eleito, mudar essa opinião que grande parte da torcida tem em relação a você?

A rejeição não é para mim. A rejeição é para o grupo, e isso é algo até normal. São 16 anos de trabalho árduo, e qualquer um que está no poder naturalmente sofre desgastes. Mas é preciso lembrar que a métrica das redes sociais muitas vezes não condiz com a realidade das ruas. Ando no clube e ando pela cidade, e a receptividade é sempre muito boa. As pessoas demonstram sempre muito carinho e respeito. 

Acredito que o que construímos e fizemos para o Corinthians nestes anos deixará um legado que vai potencializar o clube em um curto espaço de tempo. Temos 37 milhões de torcedores apaixonados, as dívidas estão equalizadas e vamos usufruir cada vez mais do nosso patrimônio para ampliar as nossas receitas. O Corinthians será a potência que merece ser.

E a opinião do torcedor muda a partir do momento em que os resultados aparecem, o torcedor é movido pela paixão. Vou trabalhar forte para ser o maior presidente que o Corinthians já teve. 

R7: Se eleito, qual será a primeira ação como presidente do clube?

O primeiro desafio é realizar a remontagem do elenco do time de futebol para que a gente possa voltar a ganhar títulos. Para isso, vamos sentar e conversar com o técnico Mano Menezes para entender quais são as suas principais necessidades. Investiremos no futebol, mas isso será feito com responsabilidade financeira. Não podemos destruir os avanços da atual gestão. Por isso, estou trazendo para a diretoria financeira o ex-vice-presidente do Banco Safra João Carlos Chede, e manteremos os trabalhos desenvolvidos pela KPMG e pela Falconi [empresas de auditoria].

R7: Qual perspectiva você imagina para o futuro do Corinthians caso o seu adversário, Augusto Melo, seja eleito?

Como disse o Duílio, o Corinthians não é lugar para aventureiro. Não podemos pensar em alguém que com três ou quatro ligações possa destruir tudo o que foi construído e pavimentado até agora. Reflita: o que o Augusto Melo tem no currículo como líder no futebol? Ele tem apenas a gestão da União Barbarense em seu portifólio, e o resultado não é dos mais animadores. As notícias da sua passagem por lá são desanimadoras.

E agora, nesta semana, o candidato da oposição se envolve em outro escândalo, desta vez em um caso de misoginia*. Um novo vazamento de áudio dele em que ele desrespeita com palavras nojentas e insinuações asquerosas uma associada do Corinthians, mostrando total falta de respeito com as mulheres. 

Tem que odiar muito o Corinthians para cogitar o Augusto Melo como presidente do clube. 

(André Negão se refere ao boletim de ocorrência feito por Cintia Montino, funcionária do Corinthians, que acusa Augusto de ameaça e injúria, por declarações feitas contra ela em um áudio vazado, em que ele assumiu a autoria.

"A Cintia, eu vou pegar ela, e deixa que eu vou falar aqui que ela cobra dinheiro para dar a buc*** aqui para os velhos aqui, deixa ela, eu vou catar ela aqui, vou acabar com ela aqui", diz Augusto Melo em áudio.)

R7: No futebol masculino, o Corinthians não é campeão nacional desde 2017, e não levanta uma taça desde abril de 2019. Como é possível recolocar o clube no caminho de títulos? Você, como presidente, é favorável a fazer uma grande renovação no elenco?

Na atual gestão, o Corinthians foi finalista da Copa do Brasil, em 2022, perdendo a decisão para o Flamengo nos pênaltis. Este ano voltou a ficar entre os quatro melhores da Copa do Brasil ao chegar à semifinal. Estivemos perto de conquistar, mas o futebol brasileiro é o mais competitivo que existe no mundo. O Atlético-MG, por exemplo, ficou 50 anos para conseguir levantar o seu segundo Campeonato Brasileiro.

O São Paulo não ganha um Brasileiro desde 2008, e o Palmeiras ficou de 1994 até 2016 sem levantar um Brasileirão. Mesmo assim, o Corinthians terminou a década passada (2011-2020) como o maior campeão no Brasil. Nosso último título foi um tricampeonato consecutivo paulista — 2017, 2018 e 2019 —, que também é algo muito difícil de acontecer. Tanto que de 2019 para cá não houve mais nenhum tri paulista consecutivo. O futebol brasileiro sempre passa por essa fase cíclica.

Mas, independentemente do nível de competitividade do nosso futebol, sei que o Corinthians tem sempre a obrigação de entrar em qualquer competição para ser campeão.

Para isso, vamos montar o elenco com sabedoria, utilizando nossa ciência de dados (Cifut), que realiza um bom mapeamento do mercado, e buscar as peças necessárias após conversar com o nosso técnico Mano Menezes. Essas contratações permitirão que a equipe possa ganhar em qualidade, competitividade, renda melhor e brigue por melhores resultados e títulos em 2024.

R7: O seu adversário prometeu em campanha aumentar consideravelmente a capacidade da Neo Química Arena de 49 mil lugares para cerca de 67 mil. Qual sua opinião sobre essa proposta e quais são seus planos em relação ao estádio?

Arena corintiana foi inaugurada em 2014 e sediou a abertura da Copa disputada no Brasil
Arena corintiana foi inaugurada em 2014 e sediou a abertura da Copa disputada no Brasil

Eu não via como algo viável até o acordo costurado com a Caixa aparecer publicamente, mas que vem sendo construído há longos meses. Isso dará uma nova perspectiva na dívida que o Corinthians possui, pois vamos praticamente quitar a Neo Química Arena. Nossa arena foi projetada estruturalmente já para receber essa ampliação de mais 10 mil lugares tanto no setor norte quanto no setor sul. Então, a partir do momento que quitarmos a nossa dívida, vamos atrás de parceiros para começar a realizar essa segunda etapa, que é tão desejada pelos corintianos.

R7: Como você avalia o último mandato de Duílio Monteiro Alves e da Renovação e Transparência desde que a chapa assumiu a presidência do clube, no início de 2008?

Ao longo desses anos, nosso grupo teve quatro presidentes: Andrés Sanchez, duas vezes, Mário Gobbi, Roberto de Andrade e Duílio Monteiro Alves. Cada gestão teve sua contribuição para uma época de ouro. Só que, nas últimas duas, tivemos que passar por uma fase que focava mudanças estruturais no clube: Andrés construiu o CT da Base e viabilizou o pagamento da Neo Química Arena. O Duílio trouxe, junto com as consultorias, novos métodos para dobrar as receitas, controlar e reduzir a dívida.

Essa dívida só subiu por causa das dificuldades que enfrentamos na pandemia com a falta de geração de receita, como, por exemplo, a bilheteria e os altos juros praticados no país. Isso foi um problema enfrentado no mundo inteiro, e o Corinthians também teve de lidar com isso. Mas agora, com tudo controlado e equalizado, chegou a hora da acelerar esses processos para voltarmos ao topo no futebol. E todo mundo conhece nossa história de sucessos.

Foi na gestão de Mário Gobbi, por exemplo, em 2012, que o Corinthians ganhou a sua primeira Libertadores e conseguiu depois, graças a esse título, faturar o bicampeonato mundial de clubes. Trouxemos títulos importantes e acostumamos o torcedor corintiano com um time vencedor.

R7: Nos últimos meses, clubes como o Palmeiras e o Fortaleza romperam relações com as suas principais torcidas organizadas após casos de violência. Qual será a sua relação, pelo menos inicialmente, com esse grupo de torcedores?

Estarei sempre disposto a dialogar. Alô Presidente é o slogan da minha campanha, e isso quer dizer que sempre que possível estarei pronto para ouvir. Caso isso não seja possível, vou sempre tentar colocar alguém à disposição para que as torcidas sempre sejam ouvidas. Mas é claro que tudo parte de um princípio de busca da paz. É preciso que respeitem para serem respeitados no mesmo tom. Não vejo como algo benéfico torcedores importunarem o grupo de jogadores e comissão técnica, por exemplo. Mas o diálogo a princípio será mantido.

R7: Você já admitiu publicamente que, no passado, trabalhava com o jogo do bicho, considerado uma contravenção penal. Além disso, você já foi sofreu uma condução coercitiva devido a acusações de recebimento de propinas na construção da Neo Química Arena. Essas acusações não depõem contra a confiança que o torcedor e o eleitor do clube podem ter em você?

O jogo do bicho é uma contravenção. Isso quer dizer que não é crime. O jogo do bicho é tão grave quanto a perturbação do sossego, para citar um exemplo. Eu apontei jogo do bicho, mas isso já faz bastante tempo e foi por um período muito curto da minha vida. Aconteceu nos anos 1980, eu precisava botar comida na mesa da minha família e foi a forma que encontrei de poder fazer os meus filhos comerem alguma coisa.

Sempre fui trabalhador e ajudava meus pais desde pequeno. Engraxei sapatos, fiz carreto nas feiras livres levando as compras das pessoas, fui office boy, atuei como servidor público. Sempre procurei me virar e fui crescendo gradativamente na vida. Hoje atuo como empresário no ramo da construção civil e estou bem consolidado.

Já sobre essa questão que você levantou de depor coercitivamente, foi em uma outra época e sobre um outro contexto. É preciso relembrar que o período da Lava Jato foi a época em que o país sofreu os maiores abusos jurídicos de sua história. Eu fui conduzido coercitivamente sem nunca nem sequer ter sido intimado. Mas, quando você não deve, não teme. Eu fui investigado por seis anos e saí com um atestado de idoneidade porque não encontraram nada lá. No final, o Ministério Público pediu o arquivamento do caso e eu nunca fui nem sequer processado.

Ao meu ver, o que depõe contra a confiança da torcida corintiana são práticas ilegais e imorais como ser condenado por sonegar imposto, agenciar jogadores quando você é dirigente de um clube e ter falas racistas e misóginas, apenas para citar alguns exemplos.

R7: Segundo o balanço financeiro de 2022, o clube tem dívidas de curto prazo, a serem pagas em menos de um ano, acima de R$ 500 milhões. Como você pretende resolver essa questão?

Na verdade, aproximadamente R$ 550 milhões estão compactuados para serem pagos em 15 anos. A dívida de curto prazo será algo em torno de R$ 300 milhões. Uma dívida completamente administrável, porque provamos que é possível gerar quase R$ 1 bilhão em um ano, mesmo sem ganhar títulos.

Nossa meta é superar agora a marca de R$ 1,2 bilhão por temporada em nossa gestão, aproveitando a renegociação de contratos de TV, num cenário que finalmente aponta para tendência de queda da taxa básica de juros e da inflação.

Com base em orçamentos realistas e um olhar atento ao mercado, será feita a execução de uma política para o futebol. Pontos essenciais do plano de governo, como, por exemplo, a melhoria da base, receberão ainda mais investimentos.

A ideia, dentro de uma relação saudável entre o orçamento previsto e o aumento das receitas, é a gente ampliar nossa capacidade de investir no futebol ano a ano.

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