Deputados cobram CBF para evitar casos de abuso sexual no futebol
Parlamentares alegam a entidade não está cumprindo um acordo firmado após a CPI da Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes na Câmara
Futebol|Do R7
Deputados federais cobram da CBF ações para evitar casos de abuso sexual de jovens atletas no País. Para integrantes da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara, a entidade não cumpre um pacto firmado após a CPI da Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, em 2014.
Na época (2012), quando o Brasil ainda se preparava para receber a Copa do Mundo e a Olimpíada do Rio, os parlamentares sugeriram à CBF ações como: promoção de campanhas de prevenção dos crimes, qualificação de profissionais para atuação preventiva junto às crianças, uso da ouvidoria da CBF para recebimento de denúncias e fiscalização nas escolas de formação de atletas.
Na última audiência pública realizada sobre casos de exploração sexual no futebol, em agosto do ano passado, deputados reconheceram que a CBF apoiou campanhas educativas e promoveu cursos de qualificação para profissionais, mas sem foco específico em abusos sexuais.
"A CBF cumpriu parcialmente apenas duas ações das dez previstas no pacto. Não podemos permitir esse desrespeito ao Parlamento e às crianças e adolescentes", afirmou a deputada Érika Kokay.
O tema também foi abordado na CPI de Tráfico de Pessoas, em que os deputados pediram que a entidade desenvolvesse medidas preventivas para inibir a ação de exploradores que agem como falsos olheiros, prometendo sucesso profissional e riqueza na carreira para jovens jogadores.
"Muitos jovens são capturados por essa ideia sedutora da fama do sucesso, da riqueza fácil, do glamour que geralmente ronda a imagem desses jogadores profissionais bem sucedidos no futebol brasileiro", afirma o deputado Arnaldo Jordy.
"Há necessidade da criação de mecanismos para que olheiros e escolinhas de futebol, muitas sem o registro de pessoa jurídica, não atuem de forma irregular", complementou o congressista.
Em entrevista à Rádio Câmara, após a audiência pública de agosto de 2017, o secretário-geral da CBF, Walter Feldmann, disse estranhar as queixas dos parlamentares.
"Vejo com estranheza, já que fizemos um extenso relatório apresentado à Comissão de Direitos Humanos e Minorias e acredito, inclusive, que extrapolamos o que foi acordado", justificou o dirigente.
Feldmann se colocou à disposição para esclarecimentos à Câmara e citou a criação de programas e campanhas contra o abuso de crianças e adolescentes desenvolvidas junto as clubes e as escolinhas de futebol e disse que a entidade trata o assunto como prioridade.
"Estamos dando um tratamento prioritário a esta questão", complementou o secretário-geral da CBF, Walter Feldman.