De pé-frio a vencedor: Cuca escreve de novo seu nome no Atlético-MG
Técnico sofreu com o estigma até conquistar a Libertadores de 2013 (com o próprio Galo) e, agora, o seu bicampeonato brasileiro
Futebol|Pietro Otsuka, do R7
Com direito a uma virada épica, fora de casa, o Atlético-MG enfim garantiu o título do Brasileirão 2021, só o segundo da história do time mineiro na competição. Além dos feitos históricos que estão presentes em tamanha conquista, a vitória dentro de campo lava a alma de um personagem fundamental: Alexi Stival, o Cuca.
Famoso pelas manias à beira do campo, o comandante do esquadrão do Galo sempre conviveu com uma fama de pé-frio, um estigma de perdedor que o perseguiu desde 1998, quando ele começou a carreira de treinador. Ao longo dos anos, com títulos importantes conquistados, o técnico foi se desprendendo dessa fama, mas o passo final para se livrar da má fama foi, sem dúvida, o título do Campeonato Brasileiro.
Do Goiás ao São Paulo (e a fama de pé-frio)

Quando começou como técnico, há 23 anos, Cuca dirigiu o modesto Uberlândia, e demorou certo tempo até chamar a atenção de times da Série A. Foi só em 2003, à frente do Goiás, que o ex-jogador fez seu primeiro grande trabalho, salvando o Esmeraldino do rebaixamento naquele ano. A campanha levou o nome de Cuca ao São Paulo, que contratou o técnico para o ano seguinte.
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Cuca foi o responsável por trazer para a equipe do Morumbi nomes históricos, como Fabão, Josué, Danilo e Grafite, mas a queda improvável diante do Once Caldas, nas semifinais da Libertadores, desgastou o trabalho do técnico no São Paulo, que o demitiu pouco depois. Surge ali a fama de pé-frio, de um técnico bom, promissor, mas que tinha azar em momentos decisivos.
A volta por cima e o título mais importante da carreira

Depois de rodar por muitos clubes, como é característico de técnicos no Brasil, Cuca foi parar no Botafogo. No Alvinegro, o treinador conquistou o bicampeonato da Taça Rio, em 2007 e 2008. No ano seguinte, levou o Cariocão pelo Flamengo. Passados mais alguns anos, voltou a conquistar estaduais, mas em Minas Gerais, comandando Cruzeiro (2011) e Atlético-MG (2012 e 2013).
Foi em 2013 também que Cuca faturou o título mais importante da carreira. Naquele ano, com Ronaldinho Gaúcho, Jô, Tardelli, Bernard, Réver e o milagreiro Victor no gol, o técnico conquistou a tão sonhada Libertadores, a primeira da história do Atlético-MG.
O fantasma da derrota
Depois de comandar aquele lendário time do Galo, Cuca fez seu pé de meia na China, e só voltou aos holofotes quando dirigiu o Palmeiras campeão do Brasileirão de 2016. O trabalho deixou uma ótima impressão no Alviverde, que o trouxe de volta no ano seguinte, com a esperança de conquistar a tão sonhada Libertadores. O desempenho, porém, ficou aquém das expectativas.
Foi só na terceira passagem pelo Santos, em 2020, que o técnico recuperou parte do prestígio perdido. Mas, ainda assim, o fantasma de outros tempos o perseguia.

Com um time em frangalhos, sem presidente, perdendo atletas por salários atrasados e transfer ban, Cuca fez o impossível e levou o Santos à grande final da Libertadores, eliminando (e amassando) Grêmio e Boca Juniors nas quartas e semifinais.
Na decisão, Cuca ficou marcado por uma expulsão infantil nos minutos finais, e que foi seguida pelo gol de Breno Lopes, que deu o título continental ao Palmeiras. Novamente, a fama de pé-frio pairava sobre o treinador, especialmente pelas circunstâncias do jogo e, claro, pelo cartão vermelho inexplicável, em lance bobo.
Em outro patamar
Já prevendo o ano caótico que teria na Baixada Santista, Cuca anunciou que não permaneceria no Peixe e, quando convidado para dirigir o Atlético-MG, que montava um verdadeiro esquadrão, não pensou duas vezes: voltou para Belo Horizonte, para fazer de vez história e se livrar do estigma que havia tanto tempo o perseguia.
Com o apoio de mecenas milionários, o Galo montou uma verdadeira seleção sul-americana. Desembarcaram em Minas Gerais jogadores de alto calibre, como Hulk, Diego Costa, Nacho Fernández, Vargas e Zaracho. O título mineiro era uma obrigação, e foi conquistado. A queda na Libertadores, porém, foi um baque.
Cuca não se deixou abalar, e massacrou o Fortaleza na semifinal da Copa do Brasil. No Brasileirão, o Galo assumiu a liderança na 15ª rodada, e de lá não saiu mais.
Ainda por cima, nos dias 12 e 15 de dezembro, o Atlético-MG vai em busca do bicampeonato da Copa do Brasil. O Galo enfrenta o Athletico-PR e pode fechar 2021 com chave de ouro. Em 2022, ao que tudo indica, o time mineiro se consolidará ainda mais entre os protagonistas do futebol brasileiro, e muito disso se deve, sim, a Cuca.
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