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BRASILEIRO 2022

Cruyff e Telê fizeram pacto por jogo bonito na final do Mundial de 1992

Árbitro diz que testemunhou acordo entre técnicos de São Paulo e Barcelona

Futebol|André Avelar, do R7

Cruyff e Telê teriam ficado até madrugada conversando sobre futebol
Cruyff e Telê teriam ficado até madrugada conversando sobre futebol

Dois dos maiores treinadores da história do futebol mundial, reverenciados até hoje, Telê Santana e Johan Cruyff firmaram um pacto há exatos 25 anos.

Os treinadores de São Paulo e Barcelona se comprometeram a substituir jogadores que se descontrolassem ou não correspondessem ao futebol bem jogado que tanto cultuavam, na final do Mundial de Clubes de 1992.

Em outras palavras, os técnicos queriam ver um futebol bonito em campo — método que perseguiam em seus treinamentos.

O trato, firmado às vésperas da decisão da competição intercontinental, foi revelado só agora pelo árbitro da partida. O argentino Juan Carlos Loustau aproveitou o exato 13 de dezembro para revelar ao jornal Marca, da Espanha, o incomum acordo de cavalheiros (e amantes do futebol) para que os times verdadeiramente jogassem bola.


Loustau conta que juntou sua mão direita às de Telê e Cruyff para celebrar o trato, na madrugada de 11 de dezembro daquele ano, em um hotel, em Tóquio. Depois de quase 4 horas de conversa, muitas xícaras de café e cigarros do holandês, os treinadores entenderam que aquele era o melhor a se fazer.

"Eles estavam convencidos de que perder jogando bem não era fracassar e que, em uma partida leal, se respeitavam os princípios que levaram os times até a decisão. Não haveria nem vencedores, nem vencidos", disse Loustau.


O árbitro conta que estava com o sono atrapalhado em razão do fuso-horário do Japão em relação à Argentina. Foi quando teve a ideia de descer até o saguão do hotel e encontrou o técnico brasileiro. Foi Telê, técnico das seleções brasileira de 1982 e 1986, que então o convidou para se juntar à conversa com Cruyff, vitorioso com jogador e que já colecionava sucesso com Ajax e depois Barcelona.

Seus jogadores, tinham por onde seguir a escola do bom futebol. O São Paulo, então campeão da Libertadores, contava com Zetti; Vitor, Adilson, Ronaldão e Ronaldo Luis; Toninho Cerezo, Pintado e Raí; Cafu, Palhinha e Muller. Do outro lado, o Barcelona, campeão da Liga dos Campeões, tinha Zubizarreta; Ferrer, Koeman, Guardiola e Euzébio; Bakero, Amor, Witschge e Beguiristiain; Stoichkov e Laudrup. Toninho Cerezo, Bakero e Beguiristiain foram substituídos naquela partida.


Logo aos 11 minutos de jogo, o búlgaro Stoichkov abriu o placar com um golaço de fora da área. O São Paulo não se intimidou e tratou de colocar em prática seu melhor jogo. Müler fez o que quis com a zaga adversária e cruzou para Raí empatar o jogo, de barriga, aos 27 minutos. Na segunda etapa, um gol antológico de Raí, em cobrança ensaiada de falta, deu o primeiro título mundial ao São Paulo.

A julgar pelas lembranças do árbitro, o resultado foi o de menos para os dois treinadores. O caso ficou perdido no tempo e nunca mais havia sido assunto para o árbitro. Telê morreu aos 75 anos, em 2006. Dez anos depois, Cruyff, com 69, também morreu.

"Em 40 anos de carreira, nada mexeu mais comigo do que ter participado dessa conversa entre Telê e Cruyff. Foi a coisa mais enriquecedora que acontece comigo", revelou o árbitro.

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