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BRASILEIRO 2022

Craque da várzea, Marcinho enfim conquista o título que lhe faltava

Considerado um dos grandes nomes do futebol amador na atualidade, meia lidera Pioneer na busca pela Copa da Paz — inédita para ele e para a equipe

Futebol|Cesar Sacheto e Guilherme Padin, do R7

Autor de gol do título, Marcinho foi eleito o melhor jogador da final da Copa da Paz
Autor de gol do título, Marcinho foi eleito o melhor jogador da final da Copa da Paz

Dono de um potente chute de esquerda, apurada visão de jogo e potencial para decidir partidas importantes, Marcinho, craque do futebol de várzea paulistano, já havia ganhado quase tudo que podia entre os principais torneios amadores da atualidade.

Aos 30 anos, ele ostentava títulos como Super Copa Pioneer (a “Champions League” da várzea), Copa Nove de Julho, Copa Anhanguera, Copa do Busão e mais importantes competições de cidades vizinhas de São Paulo.

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Além dos títulos, o canhoto somava passagens por diversos times de peso, como Ajax (Vila Rica), Batti Fácil, São Carlos (Guaianazes), Tradição FC, Capim Maluco (Guarulhos), entre outros.


Quem acompanha a várzea e a carreira de Marcio Pinho de perto repetia a mesma frase: “Para ele, só falta a Copa da Paz.”

Em tons dramáticos e com direito a gol do título, Marcinho alcançou, no último dia 18 de agosto, a glória que faltava a ele.


Conhecido por muitos no futebol amador como o atual craque da várzea, o sereno Marcinho desconversa quando perguntado pela reportagem do R7 sobre o título que lhe é empregado. “Sou nada. Gosto de jogar para o time, é meu estilo de jogo”, analisa ele minutos antes de encarar a decisão.

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Dentro de campo, o alto jogador até aparenta demonstrar lentidão, mas as passadas largas o fazem estar em todos os espaços necessários do gramado. Com raciocínio rápido e visão diferenciada do jogo, ele acerta passes e lançamentos precisos, distribui a bola aos companheiros e é o condutor das jogadas do Pioneer. É dele também a responsabilidade de cobrar as faltas mais perigosas do time. 

Decisivo, Marcinho marca na final e fatura Copa da Paz

Na final da 11ª edição da Copa da Paz, Pioneer e Renegados B estavam em busca de um título inédito.

O primeiro, time tradicional e vencedor com 37 anos de existência, queria o troféu do torneio de Paraisopólis, nunca antes conquistado. O segundo — time B do Renegados, que enviou duas equipes à competição —, superou as dúvidas, passou por favoritos e chegou à decisão com uma campanha melhor que a dos rivais da zona sul paulistana: 5 vitórias, 1 empate e 1 derrota dos ‘azarões’ contra três vitórias e quatro empates da equipe do habilidoso Marcinho.

Com pose de marrento, o tranquilo Marcinho 'tira onda'
Com pose de marrento, o tranquilo Marcinho 'tira onda'

Não demorou muito e os renegados da Cidade Júlia deram o gosto de drama aos objetivos do Pioneer. Com um minuto e meio, Hugo abriu o placar; aos 32, Givanildo acertou uma cabeçada para ampliar o resultado. 

A sorte sorriu para o Pioneer no último minuto do primeiro tempo, quando, de cabeça, o zagueiro Mizael diminuiu o placar em lance polêmico.

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No início da etapa final, Mizael voltou a brilhar após aproveitar uma bola mal afastada pela defesa adversária e acertar um belo chute. O placar marcava 2 a 2 e a torcida do Pioneer, em grande maioria na Arena Palmeirinha, fazia muita festa.

O confronto seguiu disputado e truncado. Enquanto isso, no lado de fora das quatro linhas, um dos organizadores da competição já pensava nas penalidades: “Vai dar [disputa de] pênaltis. As últimas três finais foram assim. Tá na cara!”, garantia. Pelo que se apresentava em campo, tudo indicava que o campeão seria definido nos penais.

Mas, aos 29 minutos, a 11 do fim — final da Copa da Paz é dividida em dois tempos de 40 minutos —, Marcinho apareceu na pequena área para se aproveitar de bola escorada e completou de cabeça para fechar a conta do jogo: 3 a 2 para o Pioneer.

Com jogo perto do fim, Marcinho fez o gol da virada
Com jogo perto do fim, Marcinho fez o gol da virada

Nos minutos restantes, bastou ao time da zona sul administrar o resultado e garantir a vitória. Após o apito final, explosão de alegria em Paraisópolis: gritos e fogos nos entornos da arena fizeram com que a potente voz do locutor local não fosse mais ouvida por instantes.

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Marcinho, que já havia participado de um dos gols de Mizael, anotou o tento do título e foi eleito o melhor em campo. O camisa 25 se consagrou: garantiu o título que era inédito não só para ele, como também para o tradicional Pioneer FC.

Realista, meia nunca quis o futebol profissional

Ao conversar novamente com o R7, dias após o título inédito, Marcinho conta que não considerou a hipótese de jogar profissionalmente.

Pragmático, ele não queria ter de esperar pela chance em grandes clubes, então decidiu que logo procuraria por um emprego e jogaria apenas na várzea.

“Por mais que as pessoas falassem 'Ah, você poderia ter sido jogador profissional', eu não me via [assim]. Sempre fui atrás dos meus objetivos e não queria esperar ver se o futebol [profissional] ia dar certo ou não. Já decidi: 'Vou trabalhar e jogar bola aos fins de semana', e só pensava em fazer isso dar certo. Não me arrependo de nada, não”, afirma o craque, que faz questão de dar valor ao que construiu no futebol amador.

“Sempre joguei na várzea. Desde os 18 anos conquistei minhas 'coisinhas' na várzea, nos melhores campeonatos que de SP. Comecei a trabalhar desde cedo, então nunca quis jogar profissional”, reitera o meia.

Noivo aos 30 anos, ele ainda não é pai, mas já projeta incentivar os filhos que pretende ter a praticarem esportes. 

“Vou colocar meus filhos para praticar esporte, fazer escolinha [de futebol]. Hoje em dia a criança já tem celular com seis anos de idade. Eles perdem um pouco da infância. Acho que criança tem que brincar.”

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