Corinthians faz duras críticas a novo regulamento da Conmebol
Em carta aberta, assinada por Andrés Sanchez, clube afirmou que não aceitará o que chama de "imposição de burocratas do futebol sul-americano"
Futebol|Guilherme Padin, do R7
O Corinthians publicou, nesta sexta-feira (11), uma carta aberta à Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol) com críticas à entidade e à CBF. O motivo da nota foi o Regulamento de Segurança para Competições de Clubes em 2019, que proíbe bandeirões e sinalizadores na Copa Libertadores.
O comunicado, assinado por Andrés Sanchez, presidente do clube, foi uma resposta às mudanças no regulamento da entidade, especificamente a duas imposições feitas pela Conmebol. São elas "a proibição da entrada de bandeiras e bandeirões com mais de 1,5 metro de comprimento e 1 metro de largura" e "a obrigação de todos os ingressos serem vendidos na internet e os lugares serem marcados com assendos a partir de 2021".
Entenda: Conmebol proíbe bandeirões e sinalizadores na Copa Libertadores
Na nota, o clube afirma que não irá aceitar "extinguir os locais populares de nossa Arena, nela queremos não só bandeiras e bandeirões, mas também instrumentos musicais e fogos festivos", se referindo à entidade como "burocratas do futebol latino-americano".
Confira a carta na íntegra:
O Sport Club Corinthians Paulista manifesta seu descontentamento com as recentes resoluções publicadas pela Conmebol para a Copa Sul-Americana e a Libertadores.
O Regulamento de Segurança para Competições de Clubes 2019, publicado oficialmente pela Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol), no Art. 25, proíbe, dentre inúmeros outros itens, a entrada de bandeiras e bandeirões com mais de 1,5m de comprimento e 1m de largura. Com o novo regulamento, o número de itens proibidos nos locais dos jogos aumentou de 18 para 21 em 2019. A nova regra também prevê, no Art. 21, que, a partir de 2021, todos os ingressos sejam vendidos na internet e os lugares sejam marcados e com assentos.
O Time do Povo não pode aceitar o ônus imposto pelas medidas aos reais donos do espetáculo, os torcedores, que frequentemente pagam caro para ir a estádios desconfortáveis, com serviços de péssima qualidade, por imposição de burocratas do futebol latino-americano, que agem como se o fã fosse um estorvo e não a razão de ser do espetáculo.
Em vez de penalizar a torcida com o fim das bandeiras e dos bandeirões e dos lugares populares onde costumeiramente os torcedores, em pé, entoam seus cânticos empurrando sua equipe, que fosse feito um estudo pela Entidade sobre as melhores práticas no desenvolvimento dos espetáculos esportivos. Bom exemplo acontecerá em breve na final do Super Bowl, em Atlanta, quando a gestora da arena hospedeira, nossa parceira IBM, estará mostrando como é colocar à serviço do torcedor todo o aparato de um estádio moderno.
Aviltam a experiência do espectador no estádio, mas nada fazem para melhorar a capacitação da arbitragem ou enriquecer a emoção do fã fiel. Sempre com a complacência da CBF na Conmebol, cujo silêncio perante os desacertos faz dela cúmplice por omissão.
Fiéis à nossa origem, vestidos com o manto alvinegro, seguimos em frente, fazendo nosso trabalho, melhorando as condições do nosso espetáculo, desenvolvendo o negócio do esporte, implementando a boa governança em nosso Clube.
A Conmebol deve despertar para estes os novos tempos: o negócio do futebol vem mudando a uma velocidade alucinante, imposta pela força dos participantes nas redes sociais, que estarão se revelando cada vez mais implacáveis com aqueles que desprezam seus anseios.
Vivemos numa sociedade violenta, é inegável, mas repudiamos as soluções de prateleira, adotadas no Continente, que optam pelo caminho mais fácil de sacrificar os quem têm menos para beneficiar os quem têm mais.
Não vamos aceitar extinguir os locais populares de nossa Arena, nela queremos não só bandeiras e bandeirões, mas também instrumentos musicais e fogos festivos. Acreditamos que o diálogo deve trazer de volta os clássicos com duas torcidas, pois sabemos que, se tratarmos o torcedor como animal, geraremos um selvagem; respeitando-o como cidadão, teremos um torcedor apaixonado.
Andrés Navarro Sanchez
Presidente do Sport Club Corinthians Paulista