Raio-X: como chegarão as seleções campeãs mundiais para a Copa
Com exceção da Itália, que caiu na repescagem, quase todos os países que já venceram o torneio chegam como favoritos em 2022
Copa do Mundo|Pietro Otsuka, do R7
A Copa do Mundo do Catar se aproxima. Em novembro, 32 seleções divididas em oito grupos vão batalhar pelo troféu mais cobiçado do futebol entre seleções, mas só uma será campeã. E entre os países que já ergueram a taça do Mundial, estão alguns dos favoritos para conquistar mais uma vez a glória eterna em 2022.
Das oito seleções que já foram campeãs do mundo, apenas a Itália não conseguiu se classificar. Brasil, Alemanha, Argentina, França, Uruguai, Espanha e Inglaterra vão chegar ao Mundial do Catar em momentos distintos, com alguns países tendo trabalhos consolidados, como é o caso das seleções brasileira e francesa, e outros ainda vivendo uma fase de transição, como Alemanha e Uruguai, que trocaram de treinador durante as Eliminatórias.
Brasil
A pentacampeã do mundo chega a mais uma Copa com status de favorita. Por mais que alguns tenham ressalvas ao trabalho do técnico Tite, é inegável que o ciclo para o Mundial do Catar da seleção brasileira foi praticamente impecável. Nas Eliminatórias Sul-Americanas, o Brasil bateu o recorde de pontos, ao alcançar 45 pontos em 17 jogos. Foram 14 vitórias e três empates, com 40 gols marcados e apenas cinco sofridos. Uma campanha irretocável.
De quebra, a seleção ainda assumiu a liderança do ranking da Fifa. Claro que isso não tem tanta influência num torneio de tiro curto como é a Copa do Mundo, mas é um termômetro para entender o momento que vive o time do Brasil. Hoje, a seleção brasileira é uma equipe extremamente equilibrada, que produz muito ofensivamente, tem variações, e não sofre tantos gols.
Outro ponto a se destacar é o fim da "Neymardependência". Se há alguns anos a seleção era refém do talento de seu camisa 10, atualmente o time de Tite sabe o que fazer caso não tenha sua maior estrela. Neymar segue extremamente importante para a equipe, é a grande referência, mas tem agora ao seu lado atletas com quem pode dividir o protagonismo.
Alemanha
Eliminada na fase de grupos da última Copa e nas oitavas de final da Euro 2020, a seleção alemã sofreu uma mudança de rota no ciclo para o Mundial do Catar e é inegável que chegará como candidata ao título. Joachim Löw deixou o cargo de treinador e para seu lugar foi contratado o seu ex-auxiliar: Hans-Dieter Flick.
Com Flick, a Alemanha retomou o caminho das vitórias e garantiu a liderança do grupo J com relativa facilidade, vencendo sete jogos em sequência e terminando as Eliminatórias com 27 pontos em 10 jogos disputados.
Se em 2018 a insistência nos "medalhões" foi fator chave para a eliminação precoce, o trabalho do atual treinador parece ter encontrado o equilíbrio entre a experiência e juventude, mesclando atletas consagrados como Thomas Muller, Kross e Neuer, com jogadores mais jovens como Kai Havertz, Timo Werner, Sané, Gnabry e Kimmich.
França
O fantasma das seleções campeãs do mundo que caem na primeira fase da Copa seguinte não deve assombrar a França em 2022. A seleção francesa é uma das melhores do planeta e não é por acaso, já que conta com alguns dos grandes protagonistas do futebol europeu, especialmente no ataque, com Benzema e Mbappé.
Por dentro, Kanté e Pogba formam um meio de campo que sobra em intensidade e qualidade técnica. Na frente, Benzema é um grande salto em qualidade se considerarmos que, em 2018, o centroavante era Giroud. O atual camisa 9 é um finalizador nato, mas como preparador de jogadas, Benzema forma uma dupla extremamente letal com Mbappé.
Um é o pivô e o outro é o atacante que melhor explora as costas da defesa no futebol mundial. Com um time equilibrado e um trabalho consolidado no ciclo para o Catar, a França chegará como grande favorita na luta pelo tricampeonato mundial.
Argentina
Depois de finalmente conquistar um título com a camisa da Argentina, a Copa América, em 2021, Lionel Messi e seus companheiros de seleção parecem ter tirado um peso enorme das costas. Somado a isso, ao contrário de outros anos, o camisa 10 tem em seu entorno para a Copa de 2022 jogadores de grandes clubes e grandes ligas na Europa, como De Paul, Dí Maria, Paredes, Lautaro Martínez, Romero, etc.
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Esses fatores que vão desde o psicológico do time, mais leve e confiante, até a qualidade da equipe em campo, colocam a seleção argentina em um patamar acima em relação a Copa da Rússia. Com um time mais equilibrado entre defesa e ataque, e um meio de campo combativo e com trato refinado com a bola, a Argentina pode sim ser colocada entre as favoritas ao título.
Uruguai
Há pouco mais de dois meses, o Uruguai parecia distante da Copa do Mundo. Sob o comando de Óscar Tabárez, a Celeste acabava de perder para Bolívia e Argentina, e estava em sétimo na tabela das Eliminatórias. Foi necessária uma mudança de rota, e entrou em cena Diego Alonso. Com um novo treinador, a seleção uruguaia se recuperou na competição e conseguiu a vaga para o Mundial com duas rodadas de antecedência.
No Catar, muito provavelmente chegará ao fim a geração de Cavani e Suárez, mas novos valores do futebol uruguaio tem surgido e com destaque no principal centro do futebol mundial: a Europa. Bentancur, Vecino, Ronald Araújo, Giménez e Viña são alguns dos exemplos de uma forte equipe que se formou, que conta ainda com o brilho de Arrascaeta, do Flamengo.
Ainda não é possível colocar os uruguaios como postulantes ao título, mas a história já nos mostrou que essa seleção gosta de surpreender, como fez em 2010, quando foi até as semifinais, e em 2014, quando eliminou Itália e Inglaterra no grupo da morte. Quem sabe no Catar, a Celeste não nos surpreenda novamente com uma campanha acima das expectativas.
Espanha
A seleção espanhola sempre chega a Copa do Mundo como candidata ao título, mesmo que a primeira conquista mundial tenha sido apenas em 2010. Em 2018, uma mudança de treinador às vésperas do torneio prejudicou todo uma campanha que parecia promissora, e a Fúria acabou sendo eliminada nas oitavas de final para a anfitriã Rússia.
Em 2022, Luis Enrique comandou a Espanha durante todo o ciclo até a classificação ao Mundial, e o surgimento de uma nova geração muito talentosa, com Pedri, Ansu Fati, Gávi, Marcos Llorente e Ferrán Torres parece ser o respiro necessário para complementar uma equipe repleta de veteranos de também ótima qualidade, como Sérgio Ramos, Piqué, Busquets, Jordi Alba e companhia.
Inglaterra
A Inglaterra é uma das únicas que talvez não possa ser colocada entre os postulantes ao título. Sim, a geração inglesa conta com alguns dos principais jogares do futebol mundial, como Harry Kane, Rashford, Walker e companhia, além de jovens atletas que já deixaram o status de promessa e têm papeis importantes, como Phil Foden, Mason Mount, Sancho e Rashford.
No entanto, o que pesa contra os ingleses é a instabilidade em momentos decisivos. O fantasma da "geração de ouro", que tinham nomes como Lampard, Rooney, Gerrard e Ferdinand, parece ter sido deixado de lado com o quarto lugar na Copa da Rússia, mas, fato é que a falta de resultados contra grandes seleções deixa uma dúvida no ar: será que a Inglaterra tem força para disputar contra França, Brasil, Alemanha e companhia?
Na Euro 2020, os ingleses chegaram a vencer os alemães nas oitavas de final, e chegaram a grande final contra a Itália. O hino "Football's coming home" foi cantado com orgulho pelos fãs apaixonados, mas a Inglaterra acabou perdendo nos pênaltis. É essa falta de resultados nos momentos mais importantes que fazem com que a Inglaterra corra por fora na briga pelo título no Catar.
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