Como torcer para um time todo vestido de cueca branca velha e feia?

Acordei de mau humor hoje, me deixa. Problema de vocês, que estão felizes, se o Brasil ganhou, se o Brasil passou, se o Brasil vai pra ponte que partiu — bem que podia mesmo ir, aliás.

Tô de saco cheio de Copa. Faço aqui o mea culpa.

Bom dia, meu nome é Marcella Franco, estou aqui porque sou uma agourenta e jogo urucubaca em cima do país dos outros, digo, do meu país mesmo.

Torci pros Camarões ontem mó tempão, pelo menos até perceber que, se eles ganhassem, o próximo jogo brasileiro seria sexta, e eu não suporto mais caos na cidade, meu pivete sem escola, eu correndo no busão, eu entalada no trânsito e sendo encoxada no metrô.

Foi a sorte de vocês, essa merda toda na cidade, porque aí comecei a torcer — deitada no sofá e bem de leve — pelo Neymar e companhia, pra que eles resolvessem logo aquele negócio e, especialmente, pra que fizessem a porcaria da partida que vem ser no sábado, aleluia.

Fora meu inferno astral e a vontade que a Fifa e todas as seleções explodam, tenho queixas adicionais desta vez.

Por exemplo, que joça é aquele calção branco que botaram nos brasileiros? Mas, gente, são umas cuecas, praticamente, e cueca feia, ainda, velha, esgarçada, tipo aquela que seu namorado só usa quando vai dormir na sua casa, porque pra encontrar a amante ele usa a Zorba boxer justinha e recém-comprada na Lupo. Fica ainda mais medonho quando eles escorregam na grama e ficam com a marca de terra nos fundilhos, exatamente igual à freada na cueca velha esgarçada feia do seu namorado que você acaba tendo que lavar.

E não me peçam pra comentar bigode de Fred, porque eu não podia estar cagando mais para os pelos de qualquer pessoa de qualquer nacionalidade.

Pô, cheio de homem bonito na Copa e todos, TODOS, são eliminados?

Quarta-feira fiquei arrasada com o adeus à Espanha e meu muso Sergio Ramos. Tá, ok, sobraram vários com aquelas camisas justíssimas tipo garota molhada do Gugu, mas nada de compara, nada me consola, nada pode me acalmar. Nem o ferradão do Bairro Peixoto que salvou o Uruguai, que ganhou homenagens, que corre mais que barata comigo atrás de chinelo na mão. Sim, bonitinho, mas de dentinho de castor já basta eu.

Eu sei que tô torcendo, tô torcendo pra caramba, tô botando fé e fazendo figa, tô torcendo que nem louca pra essa bosta acabar logo. Tipo: amanhã.

Será que rola? Não, né? Beleza, então. Te vejo sábado em frente à televisão.