Conheça o time de cidade de 1.500 habitantes que conquistou campeonato nacional na Europa
Mjällby AIF faturou a liga da Suécia e vai disputar a Liga dos Campeões na próxima temporada
Futebol|Do R7
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Em uma vila de pescadores no sul da Suécia, às margens do mar Báltico, um pequeno estádio escondido entre árvores e campistas foi o palco de uma das maiores surpresas da história do futebol europeu. O Mjällby AIF, clube da minúscula localidade de Hällevik, com cerca de 1.500 habitantes, conquistou o título da Allsvenskan, o Campeonato Sueco, e garantiu vaga inédita na Liga dos Campeões da próxima temporada.
A façanha parecia impossível. O orçamento do Mjällby representa apenas 15% do que movimenta o Malmö FF, o clube mais rico do país. Mesmo assim, a equipe dominou o campeonato de ponta a ponta, perdendo apenas uma partida e abrindo 11 pontos de vantagem sobre o segundo colocado, o Hammarby. A vitória por 2 a 0 sobre o IFK Göteborg, na segunda-feira (20), selou o título com três rodadas de antecedência.
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O feito é considerado, por jornalistas locais, “a maior sensação da história da liga sueca”. Erik Hadzic, repórter do canal TV4 Fotbollskanalen, que cobre o clube há cinco anos, descreve a cena como “surreal”. “É um vilarejo minúsculo, e você fica boquiaberto ao ver futebol de elite sendo jogado ali”, afirmou à CNN.
Mais do que vencer, o Mjällby pode encerrar a temporada quebrando o recorde de pontos da Allsvenskan, estabelecido pelo Malmö em 2010 e igualado pelo AIK em 2018. Para isso, basta uma vitória ou dois empates nas três partidas restantes. A consistência e a coesão do elenco explicam parte do milagre esportivo.
A estrutura do clube é caseira e reflete a própria escala da cidade. O técnico Anders Torstensson é também diretor de escola, e o olheiro do time é um carteiro local. “É um grupo movido por espírito coletivo. Alguns jogadores até moram no mesmo apartamento”, contou Hadzic. O atacante Jacob Bergstrom, emocionado após o título, resumiu o sentimento: “Mostramos que o coletivo pode levar muito longe. É fantástico.”
A história recente do clube torna o feito ainda mais notável. Há pouco mais de dez anos, o Mjällby estava atolado na terceira divisão e à beira da falência. Diferentemente de contos como o do Leicester City, que teve apoio de investidores bilionários, o renascimento sueco foi movido por gestão local, trabalho e criatividade.
O retorno começou com Magnus Emeus, empresário nascido em Hällevik que reassumiu o comando do clube após anos no exterior. Sua filosofia de gestão é pragmática: “tudo pode ser medido”. O Mjällby se especializou em encontrar talentos subestimados e oferecer segundas chances a jogadores descartados por clubes maiores.
Outra figura central é Hasse Larsson, ex-jogador, ex-técnico e atual diretor esportivo. Ele dedica décadas de sua vida ao clube e é descrito por colegas como “a alma do Mjällby”. Hadzic o define como alguém “disposto a fazer qualquer coisa pelo time”, simbolizando a ligação quase familiar entre o elenco e a comunidade.
O sucesso também contou com um toque de sorte. Times tradicionais como Malmö e AIK tiveram campanhas irregulares, abrindo espaço para o pequeno Mjällby manter a liderança isolada. Ainda assim, os méritos da equipe são inegáveis.
Agora, o vilarejo de Hällevik se prepara para algo inimaginável: receber gigantes europeus. Caso avance na fase preliminar, o Mjällby disputará a Liga dos Campeões contra clubes como Real Madrid e Liverpool. “É libertador estar aqui como campeão com o pequeno Mjällby”, disse o técnico Torstensson. “É irreal. Mas é real.”