CBF diz que Brasil x Argentina foi planejado 'de forma cuidadosa e estratégica' junto à PM
Em comunicado, entidade disse que ninguém se opôs ao fato de as torcidas ficarem juntas, e PM reclama dessa falta de separação
Futebol|Do R7
A CBF publicou nota oficial, na madrugada desta quarta-feira (22), para prestar esclarecimentos sobre a pancadaria entre torcedores brasileiros e argentinos durante a execução dos hinos, antes da derrota por 1 a 0 do Brasil para a Argentina, no Maracanã, em jogo da sexta rodada das Eliminatórias para a Copa do Mundo.
No texto, a entidade diz ter planejado a partida de "forma cuidadosa e estratégica" com as autoridades, "especialmente a Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro". De acordo com a CBF, a PM, que entrou em confronto com torcedores, aprovou sem objeções a estratégia de segurança apresentada.
• Clique aqui e receba as notícias do R7 Esportes no seu WhatsApp
• Compartilhe esta notícia pelo WhatsApp
• Compartilhe esta notícia pelo Telegram
• Assine a newsletter R7 em Ponto
"Os planos de ação e segurança foram aprovados sem qualquer ressalva ou recomendação pelas autoridades de segurança pública presentes [Polícia Militar RJ, Sepol, Ministério Público, Juizado do Torcedor, Guarda Municipal, CET-Riro, subprefeitura, Concessionária Maracanã, Seop etc.], entre as quais a Polícia Militar do RJ, na primeira reunião realizada na sede da Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro [Ferj], no dia 16 de novembro de 2023, às 11h. Além dos planos de ação e segurança, os participantes da reunião trataram também de toda a montagem da operação da partida, contando com a participação de todas as partes diretamente envolvidas e responsáveis pela organização da partida e autoridades públicas", diz o comunicado da CBF.
A entidade afirma que o mesmo procedimento dos planos de ação e segurança foi adotado em relação ao plano operacional, em reunião às vésperas da partida, com a participação da Conmebol, organizadora das Eliminatórias.
"Na segunda [20], o plano operacional para o jogo foi igualmente aprovado sem qualquer ressalva ou recomendação na reunião realizada no Estádio do Maracanã, com a presença da CBF, representantes da Conmebol, da Polícia Militar do RJ, das empresas responsáveis pela operação do Maracanã e que operam mais de 70 jogos no estádio por ano e outras autoridades públicas."
PM RESSALTA FALTA DE SEPARAÇÃO ENTRE AS TORCIDAS
A Polícia Militar se manifestou e justificou a atuação no caso, ressaltando a falta de separação entre as torcidas. Também informou que oito pessoas foram encaminhadas ao Juizado Especial Criminal e que uma torcedora argentina foi detida, acusada de ofender um funcionário do Maracanã com insultos racistas, e conduzida ao Jecrim.
"Cabe ressaltar que não havia divisão entre torcidas nos setores do Estádio do Maracanã, por conta da venda de ingressos sem distinção entre as torcidas, o que foi definido pela organização do evento. Os agentes do Bepe atuam nos casos em que a situação não é prontamente controlada pela equipe de segurança particular, de acordo com protocolos estabelecidos pela organização da competição", diz o comunicado da PM.
A proximidade entre argentinos e brasileiros no estádio foi defendida pela CBF, segundo a qual o modelo de torcida mista "sempre foi de ciência da Polícia Militar do RJ e das demais autoridades públicas".
A entidade esportiva argumentou ainda que esse é "o padrão em competições organizadas pela Fifa e Conmebol, como ocorre nas Eliminatórias da Copa do Mundo, na própria Copa do Mundo, Copa América e outras competições".
Em seguida, cita o duelo entre Brasil e Argentina pela semifinal da Copa América de 2019 como exemplo de partida com torcida mista em que a segurança foi garantida. "Não se trata de um modelo inventado ou imposto pela CBF", conclui nesse trecho do comunicado.
"Ou seja, todo o plano de ação e segurança foi elaborado e dimensionado já considerando classificação do jogo como vermelha e com a presença de torcida mista, tanto que atuaram na segurança da partida 1.050 vigilantes privados e mais de 700 policiais militares da Polícia Militar do RJ. Portanto, a CBF reafirma que foi cumprido rigorosamente o plano de ação, de segurança e operação da partida, tal qual foi aprovado pela Polícia Militar do RJ e demais autoridades", acrescenta no parágrafo seguinte.
O texto termina afirmando que a única recomendação dada pelas autoridades à CBF ao longo do período de planejamento e organização da partida foi do Ministério Público.
"NÃO realizem partidas de futebol no ano de 2023 com o formato de disponibilização da carga total de ingressos através de um tíquete eletrônico apresentado mediante exibição do aparelho de telefonia celular, tal como ocorrido na partida da final da Copa Libertadores no dia 4 de novembro de 2023" e "Exijam no ano de 2023 dos torcedores que se aproximem das catracas a exibição de evidência física (tíquete de papel e/ou cartão de sócio-torcedores) de que o torcedor possui um tíquete de ingresso para se aproximar das catracas do Estádio Mário Filho — Maracanã, de modo a evitar a invasão de torcedores que não possuam ingressos para assistir à partida".
A CONFUSÃO
Durante a execução do hino nacional argentino, a briga começou entre pessoas de ambas as nacionalidades. Argentinos e brasileiros foram pressionados contra grades e divisórias, enquanto policiais tentaram contê-los com o uso de força.
Os jogadores de Brasil e Argentina foram ao encontro do setor onde estava concentrada a confusão para tentar impedir que a pancadaria continuasse. Houve arremesso de assentos em direção aos policiais, que revidaram com golpes de cassetete.
Alguns torcedores ficaram sangrando, outros tiveram de pular o muro e entrar no gramado para escapar da confusão.
Além da vaia ao hino argentino, outras situações foram foco de tumulto, como a alocação de bandeiras no setor sul do Maracanã. No local, em que não havia divisão de torcedores, com argentinos e brasileiros ocupando assentos lado a lado, estavam apenas seguranças, com policiamento distante.
Momentos depois, os atletas da Argentina se retiraram do gramado sob o comando de Messi, e os jogadores da seleção brasileira permaneceram no campo.
A equipe tricampeã mundial informou que aguardaria cerca de 15 minutos para decidir se iria voltar ao gramado para a realização do clássico.
Depois de os ânimos terem sido apaziguados, com reforço na divisão das torcidas, atletas da Argentina retornaram ao gramado, e o jogo foi disputado normalmente.
Veja fotos da briga generalizada entre brasileiros e argentinos no Maracanã