Barbeiro de Pelé espera visita do Rei para refazer o famoso topete
Craque das tesouras, Didi segue em atividade aos 83 anos e manda recado ao amigo famoso: 'Espero que você fique bom'
Campeonato Paulista|Do Live Futebol BR
A tradição entre salões de fechar no início da semana não é adotada por João Araújo, o Didi, de 83 anos, em Santos. As portas estarão abertas na segunda-feira (21), seja qual for o resultado do clássico entre o time da Vila Belmiro e o São Paulo, pela oitava rodada do Paulistão 2022.
Em uma segunda-feira dessas, o salão estava vazio, mas cheio de vida: são fotos, recortes e adereços que eternizam a passagem de Pelé pelo local. O jeito é bater palmas. Só aí, do corredor fundo, chega “seu” Didi. “Pois não?”.
Didi é o barbeiro de Pelé. Isso remete aos tempos em que o prodígio vindo de Bauru, hoje com 81 anos e na luta contra o câncer, ainda era chamado de “Gasolina”. “Cortou uma vez, gostou muito e passou a voltar sempre”, diz Didi.
Topete real
Fato é que a logística também colaborou para fidelizar o ilustre cliente desde 1956. Pelé ia sempre. E não só pela destreza de Didi — apelido dado por atletas do Santos que o achavam parecido com Waldir Pereira, o meia Didi, bicampeão com a seleção em 1958-62.
É que o Didi craque das tesouras acertou a mão naquilo que o conterrâneo Pelé (os dois são mineiros) mais queria ver à perfeição: o topete.
“Tem o jeito certo de fazer. Nivelado. Modelado com cuidado pelas laterais”, ensina Didi. “Eu fiz os primeiros topetes que ele realmente gostou. Sempre na tesoura.”
Tesoura, aliás, que Didi ganhou de Pelé. Não uma. Algumas. Assim como outros presentes. “O movimento caiu demais por causa da pandemia, mas não fecho. Para onde vou levar isso tudo?”.
Em família
Por “isso tudo” entenda-se o acervo do local. Ali estão reproduções de Didi com Pelé e Zoca — irmão que o craque do século perdeu em 2020. “O Edinho, filho do Pelé, também já veio aqui, assim como craques históricos do Santos, como Pepe, Dorval e Coutinho.”
O Pelé ministro aparece em recortes de jornal, sentado na cadeira de Didi, enquanto falava à imprensa sobre uma possível vinda de Maradona ao Santos — fato nunca concretizado.
Pelé foi ministro dos Esportes, entre 1995 e 1998, na gestão do presidente Fernando Henrique Cardoso.
Há mais imagens em retratos na parede do ex-jogador de um jeito que o planeta não se habituou a ver: parado, sem ação, sendo cortado pelas pontas.
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Emoção e puxão de orelha
“Você ficou doente, eu fiquei muito sentido com isso. Mas Pelé, não esmorece não, Pelé. Vamo pra frente (...). Muito obrigado. Eu espero que você fique bom, que vai dar a volta no mundo ainda, Pelé. Eu tenho essa fé!”, fala Didi.
No final da conversa, a reportagem mostra a ele uma foto de Pelé na tela de celular. Didi não tem tecnologia, nem quer. A imagem bem recente, de rede social, exibe Pelé sorridente com a seguinte mensagem:
“Hoje tirei o dia para cuidar do meu visual! Desde o início da pandemia, minha esposa tem sido minha cabeleireira. Vocês não acham que eu estou bonitão?”.
Didi aperta os olhos, aproxima-se para ver melhor e faz uma divertida correção. "Ficou bom, mas olha bem: cadê o topete? Cadê o topete?". Fica a dica de Didi ao amigo Pelé: o salão não fecha às segundas-feiras.
Pelé convive com rotina de internações nos últimos anos
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