Campeãs brasileiras com Ferroviária cobram valorização das mulheres
Salário médio da equipe campeã da séria A1 do Brasileirão Feminino e pioneira na modalidade no país chega a R$ 2,5 mil mensais
Futebol|Da EFE
Campeãs brasileiras com a Ferroviáriano domingo passado (29), as jogadoras do elenco não escondem o orgulho pelo título, mas também o desejo por uma maior valorização do futebol feminino, que cada vez mais atrai os olhares do público.
"Em matéria de salários e estrutura, na comparação financeira em geral, nós estamos muito longe do futebol masculino. Queremos uma melhoria substancial, porque, como eles, também trabalhamos, nos dedicamos e vivemos desse esporte", afirmou a experiente lateral-esquerda Barrinha.
A defensora, junto com as companheiras deu à Ferroviária o título do Brasileirão, após vitória nos pênaltis sobre o Corinthians por 4 a 2. As duas equipes duelaram duas vezes, a primeira em Araraquara e a segunda em São Paulo, e ficaram no empate.
Salário médio de R$ 2,5 mil
Segundo dados obtidos pela Agência Efe, o salário médio da equipe feminina da Ferroviária, pioneira na modalidade no Brasil, chega a R$ 2,5 mil mensais. Para Barrinha, ainda falta muito a ser conquistado pelas mulheres no país do futebol.
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"Queremos que os clubes dêem estrutura para as jogadoras. Não se trata só de montar um time, dar camisa e cada uma que busque o seu. É preciso investir, apoiar", garantiu a lateral-esquerda.
O clube de Araraquara é considerado um exemplo no país, pois foi um dos pioneiros em oferecer um trabalho formal para as jogadoras. Atualmente, a metade do elenco conta com salário fixo e todos os benefícios previstos pela lei.
Primeira técnica campeã
Primeira técnica a levar um time ao título brasileiro, Tatiele Silveira, avalia que o futebol feminino apresenta uma curva ascendente, e que a transmissão da Copa do Mundo realizada na França, neste ano, aumentou ainda mais a subida, o que, para ela, ainda é pouco.
"É preciso ter muito mais visibilidade, porque assim se consegue uma rede que une as maiores audiências na televisão, patrocínios e investidores", disse a comandante da Ferroviária.
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Mesmo com a força que ganham, as mulheres de forma geral vivem uma realidade modesta no futebol, sem os salários e a visibilidade dos homens, o que não impede, em Araraquara, que uma legião de jovens tenham as jogadoras da Ferroviária como exemplo, conforme contou o Secretário de Esportes da cidade, Everson Miguel.
"São um espelho para toda uma nova geração de meninas", contou.
O representante da administração municipal avalia que o crescimento do futebol feminino no Brasil é um caminho contínuo, que está sendo construído passo a passo, e aproveitou para destacar os esforços da cidade de Araraquara pelo sucesso da Ferroviária.
Guerreiras Grenás
"Desde 2001, a equipe é uma prioridade da cidade. Nós fazemos futebol feminino por acreditar no projeto, e não por uma imposição", garantiu Everson Miguel.
Em pouco menos de duas décadas de vida, a equipe feminina da Ferroviária, ou as Guerreiras Grenás, como são conhecidas, já acumula dois títulos do Campeonato Brasileiro, um da Copa do Brasil e um da Taça Libertadores.
Na última quinta-feira, o elenco e a comissão técnica recebeu homenagem em Araraquara, cidade de 210 mil habitantes, localizada à 300 quilômetros de São Paulo, pouco dias antes de começar a preparação para uma nova participação no torneio continental.