Joan Laporta, do Barcelona, e Florentino Pérez, do Real Madrid; clubes vivem crise de relacionamento
Montagem R7/ Albert Gea/Reuters/17.04.2023 e Divulgação Real MadridO futebol espanhol está em pé de guerra. O Caso Negreira, em que o Barcelona é alvo da justiça espanhola após ter feito pagamentos para o ex-árbitro Enríquez Negreira, entre 2016 e 2018, aumentou ainda mais a rivalidade entre o clube catalão e o Real Madrid.
Em entrevista coletiva nesta segunda-feira (17), convocada pelo presidente do Barça, Joan Laporta, para falar sobre o caso, o mandatário negou que o clube agiu de má-fé em busca de favorecimento da arbitragem, como acusa a justiça.
Para Laporta, em caso de comprovação do esquema de beneficiamento, o Barcelona "seria a vítima", e que a direção do clube continuaria investigando a fundo o caso.
No mês passado, o Real Madrid se pronunciou publicamente sobre as acusações em que o Barcelona está envolvido. O clube merengue disse demonstrar "profunda preocupação com a gravidade dos fatos" e que iria acompanhar o processo.
Nesta segunda, Laporta demonstrou irritação com o que chamou de "cinismo sem precedente" do clube Merengue, e acusou o Real de ser historicamente ajudado pela arbitragem.
"Gostaria de comentar a aparição de um clube que se meteu na causa e se disse prejudicado esportivamente. Um clube, o Real Madrid, que foi historicamente favorecido por decisões de arbitragem. Historicamente e atualmente. Um time considerado o time do regime por sua proximidade ao poder. Acho que vale lembrar que durante sete décadas a maioria dos presidentes gerais foram ex-sócios, ex-jogadores ou ex-dirigentes do Real Madrid", disparou Laporta, citando um suposto envolvimento do Real com a ditadura franquista.
"Durante 70 anos, os que escolheram as pessoas que tinham que decidir se havia justiça foram ex-sócios, jogadores e ex-dirigentes do Real. Que este clube alegue se sentir prejudicado esportivamente no melhor período de sua história me parece um exercício de cinismo sem precedente", completou o dirigente do Barcelona.
Em resposta as declarações feitas pelo mandatária dos Culés, o Real Madrid publicou em suas redes sociais na tarde desta segunda-feira (17) um forte vídeo, em que rebate acusações da ligação do clube madridista com o regime de Franco.
"Qual foi a equipe do regime?", questionou o Real, antes de mostrar uma série de imagens, ligando o clube catalão ao regime, como o fato do estádio Camp Nou ter sido inaugurado coma presença de José Solís Ruiz, um importante ministro do regime, e de que o Barcelona condecorou Francisco Franco em três ocasiões.
"O Real Madrid foi destruído na Guerra Civil. Jogadores foram assassinados, detidos e exilados, como relata o documentário de Santiago Bernabéu [jogador do clube e presidente por mais de três décadas no século passado].
Em pouco menos de duas horas, o vídeo já havia 15 milhões de visualizações, além de 180 mil curtidas.
Entre 1936 e 1975, a Espanha viveu sob as ordens do general Francisco Franco, em um regime ditatorial que, segundo registros, fuzilou mais de 150 mil opositores, deixou 30 mil desaparecidos e exilou outra dezena de milhares de pessoas.
Durante o período, o governo de Franco controlava os meios de comunicação, censurava qualquer tipo de oposição, e concentrava os poderes do Estado, no regime totalitário.
Apesar de falecido em 1976, o impacto do Franquismo permanece nas discussões do país até os dias atuais, tanto que Real e Barça tentam empurrar para o outro rival possíveis ligações com o regime.