Aidar entrega carta com renúncia e pede: 'Falem com o novo presidente'
Encontro em escritório na Av. Paulista decretou a queda de mandatário do São Paulo
Futebol|Do R7, com Agência Lance

Carlos Miguel Aidar deixou oficialmente a presidência do São Paulo. Na tarde desta terça-feira (13), o advogado de 68 anos entregou uma carta de renúncia ao presidente do Conselho Deliberativo do Tricolor, Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, e protocolou a decisão de deixar o clube depois de 18 meses no poder após reunião em edifício na Avenida Paulista.
Saída de Aidar divide o São Paulo até em alianças políticas
Agora, a presidência ficará nas mãos do próprio Leco por 30 dias, até que novas eleições sejam realizadas.
O encontro aconteceu no escritório do também advogado Antonio Cláudio Mariz e começou por volta das 15h. Aidar já havia almoçado no Morumbi com alguns integrantes da antiga diretoria e depois marcou o compromisso com Leco no escritório de Mariz, um de seus amigos mais próximos. Foram quase duas horas de conversa até o agora ex-presidente deixar o prédio em um Mini Cooper vermelho e desferir poucas palavras para a imprensa.
A gestão de Aidar começou em 15 de abril do ano passado com vitória sobre Kalil Rocha Abdalla nas eleições. As primeiras polêmicas do mandato foram causadas por susposto envolvimento de sua filha Mariana, ex-agente Fifa, na negociação de atletas da base. Depois, em setembro de 2014, rompeu com Juvenal Juvêncio, seu antecessor e responsável por lançar sua candidatura, e fez a instabilidade reinar no Morumbi.
Ainda no ano passado, foi descoberto um contrato que garantia comissões de até 20% em negócios comerciais do São Paulo para a empresária Cinira Maturana, namorada de Aidar. O vínculo foi rasgado em público e o caso foi rebatido como "intriga da oposição". O nome de Cinira voltou à tona em casos de comissão com a denúncia do ex-vice de futebol Ataíde Gil Guerreiro sobre irregularidades no contrato com a Under Armour (o ex-vice de marketing Douglas Schwartzmann também foi citado).
Ataíde, inclusive, teve papel fundamental para que Aidar chegasse à conclusão de renunciar. Foi após uma briga entre os dois em um café da manhã da diretoria na semana passada que Ataíde deixou o clube e enviou e-mail com acusações a Aidar. As denúncias, que envolviam também negociações de jogadores, seriam provadas com documentos e uma gravação em reunião extraordinária do Conselho Deliberativo, cancelada assim que a renúncia foi sinalizada por Aidar.
Além dos problemas internos, como a polêmica compra do zagueiro Iago Maidana que pode proibir o São Paulo de contratar em 2016, Aidar também colecionou inimigos fora dos muros do Morumbi. O exemplo mais emblemático envolveu Paulo Nobre, presidente do Palmeiras, a quem chamou de juvenil após dizer que o rival estava se apequenando.
Ex-presidente evitou encontro com Conselho
Um pouco mais cedo, o agora ex-presidente do São Paulo decidiu desmarcar uma reunião marcada para a noite desta terça no Estádio do Morumbi com ex-membros da diretoria. No encontro, o dirigente explicaria aos aliados a sua versão sobre as denúncias de irregularidades na gestão e, na sequência, entregaria a carta de renúncia ao Conselho Deliberativo do São Paulo.
O objetivo do encontro era para Aidar explicar aos convidados as acusações feitas pelo ex-vice-presidente de futebol Ataíde Gil Guerreiro no e-mail divulgado na última semana. O antigo aliado acusou o presidente do clube de desviar dinheiro de transferências, envolver a namorada no recebimento de comissões e de gestão fraudulenta. Ataíde também escreveu na mensagem que gravou em áudio uma conversa entre os dois para usar como prova.
O conteúdo do e-mail enfraqueceu de vez base política do presidente dentro do conselho. Antigos aliados e ex-membros da diretoria retiraram o apoio a Aidar desde que ele solicitou a entrega de pedidos de demissão coletiva de todos os membros da gestão, desde os seis vice-presidentes até os cerca de 20 diretores. Assim, isolado no cargo, o presidente renunciou após um ano e meio no comando do São Paulo e enviou um comunicado no qual se despediu dos funcionários. Leia abaixo:
"Prezados colaboradores,
Acreditando que estejam acompanhando o noticiário, informo que nesta data me desligarei da presidência do São Paulo F. C. Impossibilitado, naturalmente, de agradecer pessoalmente a cada um de vocês, faço-o por meio desta mensagem, na expectativa que sigam seus trabalhos em prol do Clube que servimos.
Um forte abraço e muito obrigado.
Carlos Miguel"