Adeus, Pelé: como funciona o sepultamento em um cemitério vertical, como foi o do Rei
O ídolo do futebol brasileiro foi velado e sepultado em Santos; o ex-jogador escolheu o local em 2003
Futebol|Do R7
Pelé, o maior jogador de futebol de todos os tempos, deu seu último adeus nesta terça-feira (3), na cidade de Santos. O cortejo dos bombeiros com o corpo do Rei do Futebol foi acompanhado pela multidão de fãs e torcedores. Como destino, o Memorial Necrópole Ecumênica. O cemitério vertical fica a pouco menos de um quilômetro da Vila Belmiro e é reconhecido internacionalmente.
Edson Arantes do Nascimentos escolheu o local em que gostaria de ser sepultado. A decisão foi feita em 2003, quando o ex-jogador comprou um andar inteiro do Memorial para a família.
O Memorial fica em Santos e tem um espaço reservado para Pelé, uma área de 200 m² revestida de grama sintética. Na entrada, duas estátuas do Rei foram instaladas para recepcionar aqueles que visitarem o ex-jogador.
O cemitério vertical está desde 1991 no Guinness Book, o livro dos recordes, como o mais alto do mundo. O local guarda os restos mortais de familiares do Rei, como o pai de Pelé, João Ramos do Nascimento, o Dondinho, que morreu em 1996; o irmão, Jair Arantes do Nascimento, o Zoca, que partiu em 2020; e sua filha Sandra Arantes do Nascimento, que faleceu em 2006.
O fundador do cemitério, o argentino José Salomon Altstut, o Pepe Altstut, era amigo do Rei do Futebol e morreu em 2021.
Segundo o diretor do cemitério, Evans Edelstein, o memorial de Pelé é bem maior que a média dos outros — foi construída praticamente toda uma ala voltada para o ex-jogador. A família ainda vai definir quando a área ficará aberta para a visitação do público, diz Edelstein.
Como funcionam os sepultamentos no memorial escolhido por Pelé?
O memorial de Santos foi o primeiro cemitério vertical da América Latina e existe desde 1983. Porém, a ideia de "enterro vertical" ainda é uma novidade para muitas pessoas.
O cemitério vertical de Santos tem três tipos de sepultamento possíveis. Os memoriais são áreas mais amplas, onde o corpo fica em um espaço selado, e parentes e pessoas próximas têm um espaço exclusivo para prestar homenagens.
Há também os lóculos, que são túmulos menores, enfileirados lado a lado e verticalmente em uma parede. Nestes também é possível fazer visitação e deixar flores. Por último, existe a cremação. As famílias que escolhem esse processo têm a possibilidade de deixar a urna com as cinzas em um espaço chamado cinério.
Câmaras lacradas: o funeral em um cemitério vertical
Tanto nos lóculos quanto nos memoriais, os corpos ficam em uma câmara lacrada, na qual ocorre a decomposição. "Tem toda uma tecnologia por trás, mas é como se fosse em um cemitério normal. A câmara é lacrada, não tem cheiro, não tem bichinho", explica Edelstein.
Os líquidos provenientes da decomposição são colhidos por tubos especiais e descartados de forma adequada. No Brasil, uma resolução do Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente) determina que, mesmo nos cemitérios tradicionais, o líquido da decomposição seja tratado para evitar a contaminação do solo.
Fio de cabelo do Rei já virou diamante no Memorial
Com 17 mil lóculos, em processo curioso, o grupo de funerárias também oferece o serviço de transformar o cabelo do ente falecido em um diamante. O processo é feito com compostos químicos.
Quem inaugurou a primeira experiência técnica desse serviço foi justamente Pelé. O processo é feito no exterior e todo filmado. Demora de três a quatro meses.
Torcedores e familiares se despedem de Pelé nas últimas horas do cortejo em Santos