Abuso na infância, tráfico de drogas e vício: estrela da seleção inglesa conta sua história
Dele Alli, meio-campo do Everton, passou seis meses em clínica de reabilitação e, agora, falou das dificuldades que já enfrentou
Futebol|Do R7

A estrela do futebol inglês, Dele Alli, meio-campista do Everton e ex-Tottenham, contou no programa "The Overlap", apresentado pelo ex-jogador Gary Neville, que foi abusado sexualmente aos seis anos, já traficou drogas e desenvolveu um vício em comprimidos para dormir.
As revelações emocionantes acontecem depois de ele ficar seis semanas em uma clínica de reabilitação, que cuida de saúde mental, vícios e traumas. O atleta optou pela internação assim que voltou da Turquia em abril deste ano, após ter descoberto uma lesão.
Ele estava emprestado ao Besiktas desde o ano passado. Lá, não jogava constante, era vaiado pela torcida e ironizado publicamente pelo técnico.
Alli então ficou sabendo que teria de operar a lesão e entrou em depressão. Com isso, começou a abusar de bebidas alcoólicas e, novamente, de comprimidos para dormir. Após superar essa fase, decidiu se abrir sobre os traumas do passado.
"Por dentro eu estava perdendo a batalha e era hora de mudar", contou.
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O ex-Tottenham revelou que foi abusado sexualmente aos seis anos, por uma amiga de sua mãe, que frequentava de forma recorrente a casa da família. "Minha mãe era alcoólatra", lembra.
Aos sete, começou a fumar e, aos oito, entrou para o tráfico de drogas. Ele lembra que uma pessoa mais velha o dizia que ninguém pararia uma criança de bicicleta e aconselhou que ele sempre andasse com uma bola de futebol e, por baixo, as drogas.
Com apenas 11 anos, quando era um pré-adolescente, foi pendurado em uma ponte por um vizinho. Quando Alli chegou aos 12 anos, foi adotado por uma "família incrível e não poderia ter pedido por pessoas melhores, elas me ajudaram muito".
Porém, aos 18 anos, o pai e a mãe biológicos disseram à mídia que a nova família se aproveitava dele. A partir desse momento, ele cortou de forma permanente o contato com os dois.
Para lidar com toda essa situação, recorria às drogas, ao álcool e aos remédios para dormir. Os comprimidos, em especial, ajudavam o meia a aliviar a adrenalina pós-treino e acordar disposto no outro dia.
Em 2018, quando foi convocado para Copa do Mundo da Rússia, já lutava contra o vício em remédios e a dependência ao álcool.
"Me tornei viciado em comprimidos para dormir. Provavelmente, não é um problema que só eu tenho. Acho que é algo que está mais espalhado pelo mundo do futebol do que achamos", disse o meia.
E acrescentou: "Foi acontecendo por muito tempo, sem que eu percebesse. Estava usando para disfarçar os sentimentos que eu tinha, não entendia que eu estava fazendo de propósito. Eu definitivamente abusei deles. Se tornou ruim em alguns pontos, e não entendia o quanto era ruim, nunca lidei com o problema na raiz. Quando cresci, os traumas que tive, os sentimentos, tentei lidar com isso sozinho. Me perdi por anos".
O jogador percebeu a gravidade há três anos, depois de pensar em se aposentar com apenas 24 anos. Ele estava no Tottenham e a sua frequência em campo começou a diminuir.
"Foi de partir o coração para mim, só de ter esse pensamento, isso me machucou muito e foi outra coisa que eu tive que carregar", conta.
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Nesse momento, Alli enfrentava uma fase ruim na carreira. Primeiro, em novembro de 2019, o treinador argentino Mauricio Pochettino foi demetido do Tottenham. "Isso definitivamente me impactou", lembra.
"Ele e sua equipe são pessoas incríveis e foram muito compreensivos. Não era um relacionamento entre jogador de futebol e gerente, era mais profundo do que isso", diz.
Pouco tempo depois, o rendimento do inglês caiu e ele só jogou uma partida inteira na temporada de 2020/21 pelo Spurs.
A junção de decepções incentivaram o atleta a procurar ajuda especializada. Hoje, ele está feliz pela escolha.
"O Everton foi incrível e me apoiou. Serei grato a eles para sempre. Por serem tão honestos e compreensivos, não poderia pedir mais nada durante um período em que estava tomando a maior decisão da minha vida – fazendo algo que eu estava com medo de fazer", complementa.
Dele garante que, agora, "mentalmente, estou no melhor lugar em que já estive".
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