Abel Ferreira reacende polêmica sobre gramados sintéticos; entenda discussão
Técnico do Palmeiras voltou a debater sobre gramado do Allianz Parque no sábado (26); clube planeja reforma para 2026
Futebol|Do R7
RESUMO DA NOTÍCIA
Produzido pela Ri7a - a Inteligência Artificial do R7

A polêmica sobre o uso de gramados sintéticos no futebol brasileiro voltou a ganhar força após as críticas feitas pelo técnico do Palmeiras, Abel Ferreira, à situação do campo do Allianz Parque, depois da vitória por 1 a 0 contra o Grêmio no sábado (26), pelo Brasileirão.
Em coletiva, o treinador português não poupou palavras ao avaliar as condições do gramado. “Eu sou muito sincero. Está ruim o gramado. Com a quantidade de espetáculos que tem, como que vai trocar? Só se for no final do ano. É o que é”, disse, apontando dificuldades no domínio de bola e na qualidade das jogadas.
Leia mais
- Neymar lidera movimento contra gramado sintético. Com o apoio de Gabigol, Lucas e Dudu. Só que CBF e Federações prontas para a guerra
- Palmeiras rebate movimento sobre gramado sintético: ‘Críticas rasas e sem base científica’
- Ednaldo Rodrigues revela posição da CBF sobre utilização de gramado sintético
A crítica de Abel ocorre na esteira de uma discussão que se arrasta há tempos e já mobilizou jogadores, dirigentes e torcedores.
O Allianz Parque, administrado pela WTorre, é um dos poucos estádios no Brasil que utiliza grama sintética, junto com arenas como a do Athletico-PR e do Botafogo.
A escolha pelo piso artificial, adotado entre o final de 2019 e o início de 2020, procura atender à intensa agenda de eventos do estádio, que vai além do futebol.
Apenas em 2024, o Allianz recebeu 47 shows e 30 partidas do Palmeiras, atraindo mais de 2,5 milhões de pessoas. Essa alta rotatividade, segundo a administração, provoca desgaste natural no gramado, o que impacta o desempenho dos atletas.
Reforma planejada para 2026
Para lidar com as críticas e melhorar as condições do campo, o Palmeiras e a WTorre já planejam a substituição do gramado sintético para a temporada de 2026. A troca manterá o formato artificial, mas com melhorias em relação ao piso instalado há cinco anos.
Três das cinco camadas do campo serão renovadas: o “shock pad” (estrutura flexível que absorve impacto), o “tapete de grama sintética” e o “infill” (composto de cortiça que preenche os fios da grama, adotado desde o início de 2024).
A previsão é que a obra comece em dezembro, após a última partida do Palmeiras em casa, marcada para a semana do dia 17, e o último show do ano, agendado para o dia 6. O processo deve durar cerca de 45 dias, mas há otimismo para que seja concluído em menos tempo.
Essa não será a primeira intervenção no gramado do Allianz. Em 2024, após reclamações públicas de Abel Ferreira, de atletas e do próprio clube, o composto termoplástico do “infill” foi substituído por cortiça.
A mudança veio após uma vitória por 2 a 1 contra o Santos, em janeiro, pelo Campeonato Paulista, quando o Palmeiras chegou a anunciar que só voltaria a jogar no estádio após a reforma do gramado. O retorno aconteceu em março, com uma vitória por 1 a 0 contra o Novorizontino, na semifinal do Paulistão.
Defesa do sintético e críticas ao ‘mimimi’
A presidente do Palmeiras, Leila Pereira, é uma defensora ferrenha do gramado sintético. Em março deste ano, antes da final do Paulistão contra o Corinthians, ela rebateu as críticas ao piso artificial, chamando as reclamações de “mimimi”.
Leila destacou a versatilidade do Allianz Parque, que combina jogos de futebol com grandes shows, como um dos motivos para a escolha do sintético. “Se não tivéssemos o gramado sintético, hoje o Palmeiras não jogaria no Allianz Parque. Nosso modelo de negócio com a WTorre é esse, nossa arena é multiuso”, afirmou em entrevista.
A presidente também respondeu a um manifesto liderado por jogadores como Neymar, Thiago Silva, Lucas Moura e Gabigol, em 18 de fevereiro, contra o uso de gramados sintéticos no Brasil.
Segundo Leila, as críticas carecem de comprovação científica sobre possíveis prejuízos à saúde dos atletas.
“Se quisessem melhorar os gramados, não atacariam o sintético, sim os gramados horrorosos Brasil afora. Vocês viram os gramados na primeira fase da Copa do Brasil, aquilo sim prejudica atletas”, disparou.
Ela ainda sugeriu que o movimento poderia ter motivações políticas e ironizou: “Tem muitos atletas daquele manifesto que não estão jogando nem no sintético, nem no natural”.
Os críticos do gramado sintético, como os jogadores que assinaram o manifesto, argumentam que o piso pode aumentar o risco de lesões e encurtar a carreira de atletas, especialmente os mais velhos.
“Normalmente, os atletas que reclamam são mais velhos, que querem prolongar a vida profissional deles e acham que isso pode encurtar a vida útil deles como atletas”, reconheceu Leila.