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Ronaldinho entregou vida 'civil' a Assis. E foi com ele para o xilindró

Fora do gramado, craque doou a irmão protagonismo exercido com maestria dentro dele. Chance de completar 40 anos na cadeia, em 21 de março, é real

Fora de Jogo|Eduardo Marini, do R7

Ronaldinho Gaúcho sorri enquanto o irmão sofre na cadeia paraguaia
Ronaldinho Gaúcho sorri enquanto o irmão sofre na cadeia paraguaia

Ronaldinho Gaúcho, um dos maiores craques do futebol mundial em todos os tempos, completará 40 anos no próximo dia 21 de março. As chances de riscar o último pauzinho das quatro décadas de vida no xilindró são reais.

Em mais uma amostra da naturalidade vulgar com que glória e pecado sucumbem à tentação de caminhar de braços dados na América Latina, policiais da Agrupación Especializada da Polícia Nacional do Paraguai, onde estão presos Ronaldinho e seu irmão mais velho, o pensa-e-faz-tudo Assis, permitiram que crianças acompanhadas dos pais visitassem o craque nesta terça-feira (10).

Com os celulares barrados pela meganhada, restou à molecada enlouquecida esquecer selfies e disputar autógrafos do malabarista da bola eleito por duas vezes o melhor do mundo.

Na saída, em conversa com alguns jornalistas, a mãe de um dos moleques resumiu o estado de espírito da dupla: “Assis estava com a expressão fechada, parecia irritado. Ronaldinho, ao contrário, sorriu e se distraiu com os meninos o tempo todo”.


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Detalhe: a sessão improvisada de autógrafos rolou pouco depois de Ronaldinho e Assis saberem que o ministério público paraguaio negara a transferência dos dois para uma prisão domiciliar. Os promotores consideraram insuficientes as garantias de que não haveria fuga daquele país apresentadas pela defesa.

Assis ficou indignado com a decisão. Ronaldinho, ao contrário, olhou prum lado, tocou pro outro, ligou o não é comigo, passou pelo tô nem aí, meteu pro gol e correu pro abraço com a pivetada encantada.


A diferença de reações diante do mesmo revés, aparentemente até positiva para o humor do craque, simboliza também, com um bom toque de ironia, a decisão de Ronaldinho de abrir mão, na condução da vida, de todo o protagonismo brilhantemente exercido por ele dentro de campo.

Fora dos retângulos de grama, o craque toca seu barco alegremente entre pagodes, pandeiros e uma mulherada de responsa. Mas quem incorpora o ‘Ronaldinho civil’ é Assis.


Desde sempre, o irmão mais velho cuida de todas as rendas, negócios, parcerias e ações do caçula. Negocia contratos. Cuida e faz investimentos com os ganhos do ‘menino’ como lhe dá na telha. Decide onde, como e em quais circunstâncias Ronaldinho vai morar e viver para cumprir temporadas e compromissos.

Nos tempos do caçula na Europa, Assis modulava até mesmo o ‘fluxo de caixa’ do mano, controlando entrada e saída nas contas bancárias pessoais usadas pelo craque em suas esticadas e estilingadas que se tornaram célebres sobretudo pela intensidade e duração. Saldos de grana que o próprio Ronaldinho dizia a amigos fazer questão de desconhecer.

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“Quem decide tudo isso é meu irmão”, repete como mantra Ronaldinho em entrevistas desde que se entende por gente.

“Quem decide tudo isso é o Assis”, repete como mantra qualquer assessor ou colaborador de Ronaldinho desde que começa a se entender como assessor ou colaborador de Ronaldinho (ou a rigor seria de Assis?).

Em janeiro de 2019, o craque, embaixador do turismo nacional, foi proibido pela justiça brasileira de embarcar para Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, e teve seu passaporte apreendido por não ter pagado uma multa de dois milhões de euros (cerca de R$10,52 milhões) por um crime ambiental.

A bronca: ter sido condenado (ao lado de Assis, como não?) pela construção ilegal de um trapiche, um ancoradouro e uma plataforma de pesca no Instituto Ronaldinho Gaúcho, inaugurado em 2007 e fechado em 2010 numa Área de Preservação Permanente (APP) do Rio Guaíba, em Porto Alegre. Meses depois, fez um acordo com a Justiça, pagou R$ 5 milhões e recebeu de volta o seu passaporte brasileiro.

Ronaldinho saiu do Grêmio e de Porto Alegre em 2001. Jogou fora da cidade até 2015. Deve ter recebido poucas informações sobre o trapiche que, a exemplo do passaporte paraguaio falso da atualidade, foi capaz de gerar tantos problemas.

Para o bem ou para o mal, as duas coisas devem ter sido obras da providência de Assis, o ‘Ronaldinho civil’.

É evidente que Assis não pretendia apenas levar o caçula Gaúcho a um passeio ou mesmo evento no Paraguai ao portar passaportes com o registro “nacionalidade paraguaia naturalizada”. Para isso, como se sabe, poderiam ingressar naquele país com os brasileiros ou mesmo com as carteiras de identidade.

A cidadania e o passaporte do Paraguai pavimentam o caminho para ações, negócios e investimentos naquele país e em outras nações.

Assis e Ronaldinho possuem todo o direito de desejar esses atributos desde que tenham seguido os caminhos legais para os dois objetivos. Caberá à justiça paraguaia dizer o que de fato ocorreu.

Enquanto isso, o Ronaldinho que decidiu entregar a condução da própria vida ao irmão mais velho, parece não se importar.

Para o bem ou para o mal, quem decide minha vida – a vida de uma estrela mundial a escassos dez dias de completar 40 anos – como sempre disse e vocês bem sabem, é meu irmão.

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