Fãs do Fla recusam ônibus Lima-Rio, voltam 7 dias depois e perdem festa
Trio afirma ter enfrentado constrangimentos na ida com a Buser, que diz que informações são 'inverídicas'. Torcedor vendeu camisa do clube para comer
Fora de Jogo|Raian Cardoso, da Record TV
Três torcedores do Flamengo, que foram de ônibus do Rio de Janeiro até Lima para ver a final da Libertadores, só retornaram ao Brasil nesta sexta-feira (29), seis dias após a decisão do torneio continental em que o clube carioca derrotou o River Plate.
Eles se recusaram a pegar o ônibus de volta para a capital fluminense, uma vez que a Buser, empresa que patrocina o Flamengo e prestou o serviço, teria provocado "constrangimentos" na viagem de ida. Mais que isso, os flamenguistas relatam um "trauma" por causa dos perrengues no primeiro trecho.
O resultado disso é que os três tiveram de permanecer em Lima por 6 dias, com pouco (ou nenhum dinheiro), até o retorno de avião ao Brasil, o que ocorreu nesta sexta-feira (29). Além das dificuldades reais em solo peruano, os três perderam a comemoração do título do Campeonato Brasileiro, conquistado pelo Flamengo no domingo.
A Buser diz que "são inverídicas as informações do não cumprimento de suporte aos torcedores em questão" (leia o comunicado na íntegra abaixo).
Vendeu camisa do Fla para comer
Um desses três torcedores é o empresário Magno Lourenço, de 25 anos. No Peru, ficou com apenas 20 soles depois da final, o equivalente a R$ 25.
Com o passar dos dias e sem dinheiro, Lourenço precisou vender uma camiseta do Flamengo por 80 soles (cerca de R$ 100) para poder comer.
Essa camisa tinha valor sentimental, uma vez que a comprou para toda a campanha do Flamengo na Libertadores de 2019.
Desesperado, contou à reportagem que a Buser até ofereceu uma passagem de volta e R$ 1.000 para cobrir seus gastos, mas exigiu, em troca, que ele assinasse um documento em que alegava que a empresa havia cumprido com as obrigações na viagem e que não processaria a companhia.
Ele recusou o acordo. Uma outra empresa, rival da Buser no mercado, soube da história pelas redes sociais e lhe ofereceu um voo de volta para o Brasil na noite de quinta-feira. Ele aceitou e chegou por volta das 10h desta sexta-feira no Rio de Janeiro.
Mais dois casos
Outros dois torcedores, o advogado Emerson Lima, de 25 anos, e o estudante Tarcísio Torres, disseram que enfrentaram diversos problemas e constrangimentos na viagem de ida, que durou 5 dias, entre o Rio de Janeiro e Lima.
Eles se recusaram a voltar de ônibus porque, dizem, a Buser deveria arcar com as responsabilidades mediante aos problemas enfrentados. A empresa, então, tentou trazer a dupla de avião até o Rio de Janeiro.
Os dois tiveram problemas com os respectivos empregos, uma vez que a Buser ofereceu passagens de avião de volta apenas para seis dias após a partida do Flamengo.
O voo de volta estava marcado para as 23h de sexta-feira (horário local, 1h de sábado em Brasília) e, por isso, Emerson e Tarcísio deveriam chegar na madrugada deste sábado ao Rio de Janeiro. Exatamente uma semana depois de o Flamengo faturar a Libertadores em Lima.
Leia a nota da Buser na íntegra:
"NOTA DE ESCLARECIMENTO
A Buser informa que são inverídicas as informações do não cumprimento de suporte aos torcedores em questão.
A empresa explica que é necessário seguir o fluxo de demanda operacional para emissão dos tickets aos torcedores.
A plataforma está prestando suporte aos usuários e respeita a privacidade de cada um. Mesmo diante dessa situação, em que os ânimos estão aflitos, a empresa permanece trabalhando para todos os torcedores regressarem ao Brasil.
Apesar de alguns torcedores recusaram auxílio, a Buser se mantém à disposição para resolver com os usuários qualquer insatisfação.
Buser Brasil"
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