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Corinthians terá estrela na camisa em lembrança a vítimas do nazismo

Estrela amarela lembrará a trágica Noite dos Cristais, em que residências e estabelecimentos judeus foram destruídos, causando mortes e deportações

Fora de Jogo|Eugenio Goussinsky, do R7

Nos anos 30, a crise econômica na Alemanha e a revolta pela derrota do país na Primeira Guerra Mundial (1914-1918) foram dois fatores determinantes para que o antissemitismo aflorasse ainda mais entre a população.

O estopim, até então, foi a Noite dos Cristais, na qual, no dia 9 de novembro de 1938, lojas e residências de membros da comunidade judaica, além de sinagogas, foram destruídas por paramilitares e civis, com ampla anuência das autoridades locais.

Milhares de judeus foram deportados, levados a campos de concentração e muitos morreram durante os ataques, em um período no qual era comum países manterem as fronteiras fechadas para eles. Já no ano seguinte, com a explosão da Segunda Guerra (1939-1945), iniciou-se a tragédia do Holocausto nazista.

Corinthians logo ganhou simpatia de muitos judeus
Corinthians logo ganhou simpatia de muitos judeus

O Brasil, que vivia sob o Estado Novo, não estava isento de perseguições. Elas ocorriam em algumas situações, mas em um grau bem menor se comparado com o que ocorria na Europa.


De tal modo que um clube de futebol, o Corinthians, serviu como centro de integração entre diversas etnias, incluindo a comunidade judaica, que vinha crescendo principalmente a partir dos anos 20.

Desde sua fundação, em 1910, a agremiação ficou conhecida como "O time do povo", alcunha derivada da declaração do alfaiate Miguel Bataglia, primeiro presidente do clube, fundado por operários sob a luz de um lampião, no bairro do Bom Retiro. "O Corinthians vai ser o time do povo e o povo é quem vai fazer o time", disse.


Mais de 80 anos depois, o Corinthians volta a mostrar sua essência baseada na tolerância. E, na partida desta quarta-feira (6), contra o Fortaleza, pelo Campeonato Brasileiro, a equipe paulista entrará no campo da Arena Corinthians com a Estrela de Davi amarela e de pano, bordada acima do símbolo da camisa.

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A camisa terá também uma faixa, que destaca a causa e faz menção ao Memorial da Imigração Judaica e do Holocausto, parceiro da iniciativa. Outra parceira é a agência Tech and Soul. A ideia é trazer à tona o horror da Noite dos Cristais, para que situações como aquela não se repitam.


Em 1935, com as Leis Raciais de Nuremberg, o governo alemão decretou que todos os judeus deveriam usar em seus trajes uma estrela de seis pontas (em alusão à Estrela de Davi) sobre fundo amarelo.

A ordem, para identificar os membros da comunidade judaica, já impedidos de trabalhar normalmente e com direitos cerceados, foi uma maneira de acelerar a exclusão dos judeus, que já vinha ocorrendo há alguns anos.

Para o escritor e palestrante Márcio Piltiuk, curador do Memorial, a atitude do Corinthians é um exemplo de solidariedade e humanismo, em um momento no qual manifestações racistas têm retornado em alguns países, principalmente na Europa. Inclusive no futebol, que deveria servir de portal de integração.

"Temos visto ultimamente constantes manifestações de racismo em estádios na Europa, com ofensas a jogadores negros e gritos antissemitas. Essa iniciativa do Corinthians vem para dar um exemplo de como o futebol pode agir contra isso, em solidariedade não só aos judeus, como à humanidade. É um repúdio ao racismo. É uma aceitação das minorias e uma demonstração de que o futebol deve ser visto como um instrumento de paz. O Corinthians simboliza isso", diz.

A atitude comoveu torcedores judeus de outras equipes, mostrando que o futebol carrega uma bandeira que vai além das rivalidades clubísticas. Desde Israel, o santista Marcos L. Susskind, por exemplo, escreveu uma carta de agradecimento à diretoria corintiana.

"É momento de esquecer toda a rivalidade e tirar o chapéu para vossa sensibilidade e lhes agradecer", diz um trecho do texto.

"Você, Corinthians, colocando a estrela amarela em seu uniforme nesta semana, mostra um valor humano importante: a solidariedade com as vítimas. Para que isso jamais se repita, seja com judeus ou com qualquer outro grupo perseguido por sua fé, por sua cor, por suas crenças ou por seu gênero", ressalta a carta.

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