Oher participou do draft de 2009
Reprodução Instagram @michaeloherMichael Oher, campeão da NFL no Super Bowl XLVII, de 2013, pelo Baltimore Ravens, abriu uma petição contra a família que levou sua história aos cinemas, com o filme Um Sonho Possível, dirigido por John Lee Hancock e indicado ao Oscar de 2010.
A trama conta que ele foi adotado pela família Tuohy, interpretada por Sandra Bullock e Tim McGraw, e que ela o teria incentivado a tentar a carreira no futebol americano. Segundo o jogador, essa adoção nunca aconteceu na vida real, mas, sim, uma tutoria, e ele nem mesmo recebeu os direitos pela adaptação — agora, ele busca o fim da tutela e os direitos financeiros pela imagem na produção.
O processo está no estado americano do Tennessee e acusa discrepâncias em como a história é contada. De acordo com Oher, Sean Tuohy e Leigh Anne Tuohy, o casal na vida real, o receberam em sua casa como um estudante do ensino médio, e não como filho adotivo.
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Ele teria, ainda, sido enganado pelos dois ao completar 18 anos, em 2004, quando assinou um documento a pedido deles para que os tornasse seus tutores, assim, poderiam fazer negócios em seu nome. Isso resultou em um acordo que trouxe muito dinheiro para eles e seus filhos biológicos, mas nenhum centavo para Oher.
Essa "hierarquia" dos Tuohy como pais adotivos os colocou em posição para ganhos financeiros e controle do posto do jogador nas negociações. De acordo com o processo, foram US$ 225 mil (cerca de R$ 1,1 milhão) para cada um da família, contando casal e filhos — e nada para o astro da NFL, justamente o protagonista da história, mesmo com a arrecadação de mais de US$ 300 milhões do longa-metragem. Em suma, o ponto central do enredo teria sido modificado na vida real para benefício dos Tuohy.
"Eles me explicaram que [tutores] significam exatamente a mesma coisa que 'pais adotivos', mas que as leis foram escritas de uma maneira que levava em consideração minha idade", escreveu Oher em seu livro de memórias, I Beat the Odds. Se fosse, de fato, a mesma coisa, ele seria membro legal da família e teria autoridade sobre suas finanças, quando na verdade aconteceu o contrário. Agora, Michael busca encerrar a tutela e cobrar do casal sua parte nos lucros e as devidas indenizações. Os Tuohy, por sua vez, negaram o não compartilhamento do dinheiro com Oher.
A boa relação entre eles e o jogador, de fato, existiu, mesmo que não tenha sido contada da forma correta e apresente o desfecho ruim para ele. Vindo de uma família cuja mãe lutava contra o vício em drogas, foi enviado a um orfanato quando tinha 10 anos e chegou a morar nas ruas. Na adolescência, foi apresentado a uma escola cristã particular pelo pai de um de seus amigos e lá destacou-se no esporte — no futebol americano, sua vida começou a decolar.
Como ainda não tinha uma moradia estável, ficava na casa de seus colegas de classe, e os Tuohys foram uma das famílias que o receberam, já que os filhos biológicos tinham boa relação com Oher. Após um tempo considerável frequentando a casa deles, eles o incentivaram a se mudar para lá e planejaram adotá-lo, até acontecer toda a situação que levou o jogador a abrir o processo.
O atleta já declarou ser grato ao filme, por isso, diz que foi chocante descobrir todas as nuances que o prejudicaram financeiramente. Como ficou durante muitos anos focado em sua carreira na NFL, não teve tempo para analisar detalhadamente as questões contratuais, por isso, a petição é tão recente. Não se sabe ainda qual a posição mais recente dos Tuohy no caso nem a defesa deles.
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