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Velejador britânico topa desafios para deixar vento conduzir sua vida

Alex Thomson chegou a ficar 74 dias em um barco, dormindo 20 minutos a cada duas horas, para conhecer mundo a bordo de um 'Fórmula 1 dos mares'

Especiais|André Avelar, do R7, no Rio


Solitário, Alex Thomson entende que vela pode ensinar lições de independência
Solitário, Alex Thomson entende que vela pode ensinar lições de independência Bruno Ryfer

Passar 74 dias em um barco a vela, viver isolado entre os perigos do céu e do mar, dormir 20 minutos a cada duas horas... Todo sacrifício vale pela experiência de deixar o vento se encarregar da sua própria vida e ainda ter a chance de conquistar uma renomada competição. O britânico Alex Thomson contou em visita ao Rio suas experiências e mostrou o seu Hugo Boss Imoca 60, um conhecido ‘Fórmula 1 dos mares’, que já se prepara para a Vendée Globe 2020.

Depois de levar uma equipe de jornalistas para um passeio na Baía de Guanabara, Thomson detalhou alguns segredos e manhas do barco de 60 pés (cerca de 18 metros de comprimento) e que pode chegar a uma velocidade de 38 nós (aproximadamente 70 km/h). O velejador ainda recebeu o R7 para um bate-papo que foi além de questões técnicas ou de competição. O britânico tem enorme consciência sobre os custos do seu esporte e os medos a que enfrenta.

Veja a seguir os melhores trechos da entrevista com Thomson:

R7: Como fazer para um país com tanto potencial ter mais velejadores?

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AT: É a mesma história em qualquer lugar do mundo que você vá. Para mim, é preciso colocar as crianças desde cedo para velejar. Acho que quando você põe uma criança em um barco da classe optimist, por exemplo, você ensina a elas independência. Você ensina a elas confiança. Quando você põe duas crianças em um barco, você ensina trabalho em equipe e comunicação. Vejo a vela como uma forma de ensinar a vida.

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R7: Mas ainda é um esporte caro?

AT: Sei que em muitos lugares do mundo, velejar é muito caro, mas garanto que hoje em dia está se tornando muito mais acessível. No Reino Unido, você pode ir a qualquer clube de vela, vai ver uma placa dizendo ‘precisa de tripulação’ e as pessoas podem fazer isso de graça.

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R7: Você entende que a sua modalidade exige mais esforço físico do que mental?

AT: Acredito que na minha área, com apenas uma pessoa, tem sempre aspectos físicos, mas claro que a parte psicológica é fundamental. Todas as situações que a gente passa no meio do oceano, ensinam você que seu cérebro tem muito mais influência nas suas ações do que você pensa. Estou sempre em circunstâncias extremas — como 74 dias a bordo, dormindo de 20 a 40 minutos a cada duas ou 4 horas para não perder tempo — e então tenho que ter todas as ferramentas para lidar com isso. Vejo pessoas passando horas na academia malhando seus corpos, quando o mais importante talvez seria melhorar suas mentes.

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R7: Com tantos recordes, vitórias, premiações...

AT (interrompe): Meu objetivo é vencer o Vendée Globe. Já fui o terceiro, o segundo e agora é a hora de vencer. Foi por isso que comecei essa aventura há 16 anos.

Thomson persegue Véndee Globe
Thomson persegue Véndee Globe

R7: Então, se vencer, estará completamente realizado?

AT: Se vencer, não sei. Não penso muito adiante. Espero estar satisfeito com meu objetivo.

R7: Depois de tanto tempo, você sente algum tipo de medo a bordo?

AT: Estou completamente confortável com o que faço. Para mim, entrar em um barco é o mesmo que qualquer pessoa faz ao ir para rua trabalhar. Claro que tenho um respeito pelo que faço, tenho que entender isso, mas não tenho esses medos. Meus temores são de não ter a performance necessária para uma regata.

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R7: Desculpe a curiosidade, você sente enjoo no mar?

AT (risos): Às vezes tenho alguns enjoos... As pessoas pensam que é uma vergonha, mas não é. Tenho enjoos se estou com frio, doente ou com fome. Aí sei que preciso melhorar em um desses aspectos.

R7: Você toparia fazer tudo outra vez para chegar até aqui?

AT: Não mudaria nada do que fiz até agora. Definitivamente, não. Não foi uma jornada fácil até aqui. Já tive o mastro quebrado, o barco virado, mas todas essas coisas são oportunidades para você aprender e ficar ainda mais forte.

Thomson retorna ao Brasil ainda em 2019. O velejador disputa a Transat Jacques Vabre, uma das maiores regatas do mundo, com saída em 27 de outubro, em Le Havre, na França, com destino a Salvador. O britânico irá estrear seu novo Imoca 60, que está em fase final de construção na Europa. A Transat Jacques Vabre vem pela quarta vez consecutiva ao Brasil e deverá ter mais de 50 embarcações.

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