Hudson Amorim: de trabalhador endividado a streamer de sucesso
Famoso por transmitir jogos na internet, gamer chegou a jogar Free Fire por 12 horas seguidas e hoje tem 2 milhões de seguidores
Jogos|Pietro Otsuka, do R7
Há quatro anos, o streamer Hudson Amorim vivia uma situação conhecida por muitos. Endividado, o jovem, que naquela época tinha 23 anos, se dividia entre o trabalho com o padrasto e a venda caseira de hambúrgueres. Ele jamais imaginaria o que aconteceria de lá para cá. Hoje, o baiano da modesta cidade de Teixeira de Freitas, tem mais de 1 milhão de seguidores no Instagram e em seu canal no Youtube e na Nimo TV, ambos voltados para conteúdos de Free Fire, fenômeno dos jogos mobile.
Durante esse período da vida, antes da boa fase que o jogo trouxe, o grande esforço de Hudson era quitar as dívidas. Para isso, ele acordava de madrugada, às 3h, para trabalhar com o padrasto, que tem uma empresa de serviços florestais. A volta para casa era apenas por volta de 18h30, mas mal dava tempo para descansar. Saindo do expediente, o jovem colocava o avental e ajudava a esposa a preparar os hambúrgueres que eram entregues pelo próprio Hudson.
"A gente fazia os lanches e entregava na casa do pessoal para ter uma renda extra e pagar uma parte das minhas dívidas. Como na época só eu fazia o delivery, o negócio estourou muito, porque também eu cobrava mais barato que o normal. Só que aí a concorrência começou a fazer igual e acabou caindo um pouco, mas consegui pagar bastante do que eu estava devendo", contou Hudson.
Por conta do desgaste acumulado por se desdobrar em dois empregos, o jovem decidiu largar o emprego com o padrasto e a venda de lanches. Foi aí que ele passou a trabalhar com a mãe, que tinha recém aberto uma churrascaria. Das 5h30 até às 23h, Hudson se dividia como atendente, garçom e até churrasqueiro. Mas uma lesão no joelho, nele que gostava tanto de jogar bola, mudaria para sempre o destino de sua vida.
"Joguei 12 horas seguidas"
"Quando eu machuquei o joelho, eu tive que ficar três dias em repouso, não podia nem andar. E aí eu lembrei do meu irmão, que me encheu para começar a jogar um tal de Free Fire. Cheguei em casa, tomei um banho, deitei na cama e pensei: 'vou jogar esse jogo'", lembrou.
Depois de baixar o Free Fire, Hudson Amorim emplacou 12 horas diretas de jogo, sem parar. O motivo? A vontade, que só quem tem irmão conhece, de superar o irmão mais velho que já jogava o game. "Ele já tinha 4 vitórias quando eu comecei, e eu só queria passar ele. Joguei das 18h até 6h do outro dia, consegui a quarta vitória e fui dormir", relembrou o steamer, que hoje se dedica a jogar e transmitir suas partidas nas redes sociais.
Depois, o que começou como um desafio de irmão, se tornou uma entre tantas profissões que Hudson já teve, mas que garantiria para o jovem o sucesso que ele jamais sonhou alcançar tão jovem.
O primeiro vídeo do canal de Hudson, que hoje tem 1,8 milhão de inscritos, foi uma espécie de tutorial de como pegar Mestre — rank mais alto que o jogador pode alcançar — na temporada do Free Fire. "Eu criei o canal para postar só um video, de como eu pegava Mestre, e era só para mostrar para o pessoal da minha cidade", disse.
Dali em diante, com a ajuda de outros gigantes do mundo do Free Fire, o humilde canal, que só tinha 700 inscritos, não parou de crescer mais. Mesmo sem ser monetizado ainda, a plataforma de Hudson no Youtube alcançou mais de 39 mil inscritos em poucos meses.
Foi aí que ele decidiu focar no jogo como uma profissão de fato, mas para isso, teve que largar o emprego na churrascaria da mãe. A decisão, que mostraria seus frutos no futuro, custaria caro no presente: a separação com a mulher.
Free Fire x casamento
Hudson não esconde que o Free Fire havia o dominado. As horas no game eram tantas que a esposa Camila decidiu se afastar. Nessa primeira vez, o jovem até desistiu do jogo, também por ainda não estar ganhando nada com aquilo. Mas quando Hudson decidiu focar de vez na carreira de criador de conteúdo, veio mais um teste no casamento.
"Eu falei que ia jogar menos, mas pura mentira, não ia jogar menos nada. Só que quando eu voltei a jogar, eu já tinha bastante inscritos e falei que queria focar no canal. Aí ela foi embora. E nesse segundo momento eu falei que ela podia ir embora, eu não ia mais atrás não, ia focar no canal. Mas ela acabou voltando, e quando ela voltou eu falei: 'agora a gente vai junto'. E a gente foi", recordou.
A minha esposa chegou a falar que a cada mil inscritos%2C ela ia me fazer um bolo%2C era uma forma de me motivar. Só que quando eu estourei%2C bateu 3%2C 4%2C 5%2C 6 mil inscritos muito rápido. Resumindo%2C hoje ela me deve 1 milhão e 800 mil bolos
Os próximos passos
Hudson, na contramão de outros influenciadores no meio do Free Fire, discorda que o sucesso do jogo esteja no fim. Para ele, a alta penetração do game em smartphones variados e a falta de um competidor a altura, impedem, pelo menos por enquanto, o que seria o começo do fim do jogo mobile.
"Para acabar o Free Fire, tem que vir um outro jogo que o substitua. O Free Fire ainda roda em muitos celulares que não rodam PUB-G ou Fortnite, é muito difícil acabar com esse hype", pontuou.
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Mas, mesmo que o Free Fire venha a acabar, Hudson Amorim não tem nada a temer. Em 2021, quatro anos depois das dívidas, delivery de hambúrguer, mototáxi e churrascaria, ele tem a vida que sempre sonhou. O filho pequeno, dois carros na garagem, um para ele e um para a mulher, uma bela casa própria, e motivos de sobra para sorrir e continuar sorrindo.
"Eu costumo dizer que se acabasse hoje o Free Fire, para mim já tava bom. Com o que eu tenho hoje, se acabasse o Free Fire, eu poderia pegar uma casa menor, alugar a que eu moro atualmente, além de outras duas residências que eu tenho. E aí viveria sossegado", completou.
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