Games de futebol são ofuscados por jogos de tiro e estratégia no Brasil
Preços altos e poucas novidades interessantes são fatores que contribuem para queda na adesão aos simuladores, explica jogador
Jogos|Wemerson Ribeiro, do R7*
Conhecido como o "país do futebol" e maior vencedor da história das Copas, com cinco títulos, o Brasil mostra outra preferência nas plataformas digitais. Nem mesmo a franquia de maior sucesso do gênero, Fifa, é capaz de desbancar os games de tiro e de estratégia.
Os usuários também observam isso no dia-a-dia. Artur Gaia, e-atleta e um dos principais nomes do jogo da EA no país, sente o impacto desse fenômeno na maneira de gerar conteúdo para o seu canal no Youtube. Em entrevista ao R7, ele apontou alguns caminhos para que situação seja contornada.
Números comprovam
Segundo os dados divulgados pela Xbox Live na segunda semana de abril, o Fortnite, game de sobrevivência e no estilo TPS (tiro em terceira pessoa), liderou a preferência dos brasileiros. O FIFA é o 2º colocado da lista, seguido de perto por Rainbow Six (FPS, tiro em primeira pessoa), GTA V (modo TPS) e Apex Legends (FPS).
Essa distância entre gêneros é vista com mais evidência no site mais famosos de transmissões de games ao vivo, Twitch. Em suas categorias mais populares, títulos como League of Legends e Hearthstone dominam as atenções do público, que, somados, atingem cerca de 240 mil usuários simultâneos em um dia comum da semana e fora do "horário de pico" — por volta das 20h, de acordo com as estatísticas da Twitch Tools.
Na mesma faixa de horário, foi observado que o Fifa 19 ostenta um monopólio simbólico com um público de 30 mil espectadores. A distância para os segundo e terceiro colocados do mesmo gênero é abissal: apenas 631 assistiam às transmissões do Football Manager 2019, enquanto 154 acompanhavam as partidas do Pro Evolution Soccer 2019.
Palavra de quem entende
Uma das razões que causam esta queda de interesse nos jogos de futebol seriam os preços pouco acessíveis ao público, aponta, em conversa com o R7, Augusto Gaia, dono do canal Arte Virtual FC, com mais de 160 mil inscritos no Youtube. Na edição mais recente do Fifa, lançado em setembro do ano passado, o game chegou a custar cerca de R$ 250 nos primeiros meses. Em contrapartida, o Fortnite é gratuito, com opções de compra com dinheiro real dentro dele.
Além da redução dos valores, outra saída para contornar esse problema seria a implementação de novidades significativas a cada versão. Augusto argumenta, no entanto, que essa medida esbarra nos interesses comerciais das empresas e que isso seria um empecilho para uma eventual mudança de cenário.
O youtuber e e-atleta, que já disputou o Mundial de eClubes e alcançou a 8ª colocação geral na disputa com jogadores de diversos países, conta que essa diminuição de interesse também afeta o seu conteúdo e a audiência do canal:
— Assistir ao gameplay de um jogo de futebol virtual é cansativo e só se destaca quem faz um conteúdo diferenciado. Vídeos de abertura de pacotes no Ultimate Team estão gerando mais visualizações que vídeos de Modo Carreira. Se montar elencos é mais divertido do que jogar, é sinal de que algo está errado.
Preferência dos boleiros
Nas horas vagas, cada jogador de futebol tem a sua preferência de passatempo. Enquanto uns preferem aproveitar o tempo ao lado da família, outros chegam a passar horas na frente do computador. É o caso, por exemplo, do astro Neymar, camisa 10 do Paris Saint-Germain e da seleção brasileira.
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Apesar do craque ser garoto propaganda do game da EA, engana-se quem pensa que seu gênero preferido é o de futebol. Vira e mexe, o craque transmite suas partidas pela internet e o game mais jogado por ele é o Counter Strike Global Offensive, lançado em 2012.
Assim como o "Junin", apelido de Neymar nas plataformas virtuais, outros nomes do esporte compartilham a preferência pelos jogos de tiro, como Gabriel Jesus, Thiago Silva, Phillipe Coutinho, Marquinhos e Nenê.
* Estagiário do R7, sob supervisão de André Avelar
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