Cuphead é um dos jogos mais criativos e necessários de 2017
O jogo é difícil, e não adianta chorar sobre o leite derramado
Jogos|Victor Fermino, do R7

Depois de praticamente quatro anos, Cuphead finalmente foi lançado nessa sexta-feira (29), sob muitas expectativas. O que todo mundo sabia era que seria um jogo 2D com um estilo gráfico único — a direção de arte emula perfeitamente a estética dos desenhos animados dos anos 30. O que nem todo mundo sabia era que o jogo é um boss rush (ou seja, praticamente só tem chefes), que é mais parecido com Contra do que com qualquer outro jogo de plataforma e que é extremamente desafiador.
Mas depois de 7 horas de jogo, posso dar algumas opiniões sobre essa obra tão simples que cativou tanta gente graças ao seu estilo.
A primeira vez que vimos Cuphead foi em um vídeo no qual ele só apareceu por um ou dois segundos. Esse tempo foi suficiente para deixar todo mundo perguntando que jogo era aquele. Os anos seguintes foram repletos de atrasos, problemas com o desenvolvimento, contratos de exclusividade e tudo o que mais tem de problemático na indústria.
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Depois de tanto suor dos desenvolvedores do estúdio MDHR, Cuphead finalmente foi lançado para Xbox One, Windows 10 e Steam. Eu comprei a versão da Steam, por 36 reais, e apesar do susto inicial de ver que o jogo tem 11GB, apenas deixei o PC ligado e saí para comer hambúrguer.
Quando voltei, o jogo já estava pronto para ser jogado (eu me perdi enquanto procurava a hamburgueria). A primeira impressão da tela título foi o que eu já esperava, subconscientemente: "Caramba, esse jogo é lindo". O menu de opções não tem muita coisa, afinal é um jogo bem simples e 2D. A única opção estranha é a de sangria de cores, que controla a aberração cromática no game. Questão de preferência. Uma coisa irritante é que o jogo parece resetar o Vsync toda vez que você sai dele, o que é meio irritante.

Outra coisa importante em relação às opções é que os controles são totalmente remapeáveis, felizmente. Eu acabei tendo que mudar algumas coisas, porque o padrão de ter tiro e esquiva nos botões ao invés dos gatilhos é um horror. Não gostei muito de usar o teclado.
A história é bem típica de um desenho animado sombrio e propagandista dos anos 30. Tudo é contado por imagens e textos, e não há opção de idiomas. É uma pena, porque mesmo sendo um jogo indie, a Microsoft, que financiou o game, poderia ter investido nisso. Isso porque há muitas coisas que você só aprende no jogo se prestar o mínimo de atenção aos diálogos.
Na hora de jogar, Cuphead é bem preciso. Há um certo problema com o feedback, entretanto: as suas armas parecem fracas, não soam poderosas e os inimigos mal reagem aos ataques. Já tive momentos nos quais demorei para entender que um inimigo era invencível, porque ele agia igual aos outros quando tomava tiros.

Para ajudar nisso, você pode comprar "sidegrades" em lojas espalhadas pelo mundo: digo "sidegrades" porque não são melhorias objetivas — o coração te dá mais HP, mas diminui seu ataque; há um tiro teleguiado, mas com dano menor; há uma esquiva com invencibilidade, mas você não consegue ver a personagem quando usa. Não dá pra simplesmente coletar moedas e ficar mais forte com esses itens.
As moedas, aliás, são conquistadas com fases Run 'n' Gun, que são bem parecidas com Contra ou Metal Slug. Elas são opcionais, felizmente, porque são bem menos interessantes que as batalhas contra chefes.
Uma xícara de água fria
Em algumas fases mais avançadas, alguns chefes também são tão elaborados que fica difícil entender qual será o próximo movimento deles. Na verdade, um dos maiores "problemas" de Cuphead está em um desafio mais focado na tentativa e erro.

Como não existe maneira de recuperar HP durante uma luta, a sua vida se torna apenas um contador de erros: você pode errar até duas vezes durante uma luta (ou quatro, se comprar os upgrades certos). Os inimigos possuem padrões que eles alternam frequentemente. Pode ser que você nunca veja um certo ataque de um chefe ou de outro por ter sorte, por exemplo. Com isso, o que você mais vai fazer é morrer enquanto tenta aprender os padrões de ataque. Não há nada de inerentemente ruim nisso, mas prepare-se para muita repetição. E como os chefes possuem múltiplas fases, uma luta de 2 minutos pode levar 2 horas de prática.
Felizmente, quem não é muito bom em reconhecimento de padrões pode lutar contra os 16 chefes no modo Simple, que deixa as batalhas muito mais fáceis. Com isso, você pode ir destravando os outros mundos. Infelizmente, o modo Simple é meio que uma farça, já que o último chefe vai te negar progresso se você não tiver derrotado todos no modo Regular, que é mais difícil.
Apesar da dificuldade, Cuphead está sendo uma grande experiência. É um jogo que prova que a indústria dos games muitas vezes não sabe o que quer: em meio a tantos jogos com gráficos realistas, aquele que mais foi elogiado pelos visuais é 2D, e roda em qualquer computador. Além disso, faz tempo que não vejo um jogo com lutas tão interessantes contra chefes. Dark Souls chega perto, mas as lutas de Dark Souls ainda são muito mais próximas de um RPG, já que um level maior define as variáveis da luta. E, diferente de Cuphead, há muitos chefes ruins na série Souls. É um clichê danado falar de Dark Souls, mas é porque são jogos que possuem lutas contra chefes melhores do que a média dos jogos lançados atualmente.
Vale muito a pena comprar Cuphead agora. Pode ser um jogo relativamente curto, e às vezes frustrante, mas não é só um rostinho bonito — é um desafio digno de ser jogado múltiplas vezes.
