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Copa 2018

Vodca e pizza: russos comemoram vitória no primeiro jogo da Copa

Dona da casa, a seleção russa não teve dificuldade para vencer a Arábia Saudita na estreia da Copa de 2018 e manteve uma tradição em Copas

Copa 2018|Plínio Aguiar, do R7

Família Klestoff se reuniu para ver o primeiro jogo da Copa do Mundo 2018
Família Klestoff se reuniu para ver o primeiro jogo da Copa do Mundo 2018

Davay Parusk. A sopa de letrinhas significa, em russo, “Vai, Rússia!”. Foi pronunciada pelo menos vinte vezes por descendentes de imigrantes russos na manhã desta quinta-feira (14) na Vila Zelina, um pedaço da Rússia na zona leste de São Paulo, enquanto na TV transmitia o primeiro jogo da Copa do Mundo 2018.

O 5 a 0 da Rússia em cima da Arábia Saudita surpreendeu a família Klestoff, proprietária de uma pizzaria no bairro eslavo. O estabelecimento abriu as portas mais cedo hoje para acompanhar o jogo e garantem que será assim “todo dia que a Rússia jogar”.

Nasdarovia. Nasdarovia. Nasdarovia. Nasdarovia. Nasdarovia. “À nossa saúde” — isso porque cada vez que os jogadores russos balançaram a rede uma dose de vodca era distribuída gratuitamente para aqueles que estavam assistindo à partida, primeira da Copa. Pizzas também foram oferecidas aos telespectadores.

Descendente de russo, a jovem Giovanna entrou de férias para ver os jogos
Descendente de russo, a jovem Giovanna entrou de férias para ver os jogos

A designer de interior Giovanna Klestoff, de 25 anos, gritou, sofreu, mas, no final, foi só alegria. “Está demais. O primeiro jogo da Copa não podia ser melhor né?” sorri. A jovem, moradora da Mooca, na zona leste, trabalha em um escritório e garantiu que as suas férias coincidissem com o campeonato. “Hoje é o meu primeiro dia de férias e a Rússia ganhou, ou seja, vai ser as melhores férias da minha vida”, exclama.


A fácil vitória da Rússia surpreendeu o proprietário da pizzaria, Rafael Klestoff, de 30 anos. “Não esperava cinco gols. Eu não acredito! O time da Rússia, tecnicamente, é fraco, isso porque estamos com três bons jogadores fora”, conta. “Mas fizeram bonito. Estou feliz porque entramos com o pé direito”.

Proprietário de uma pizzaria, Rafael Klestoff comemora os cinco gols russos
Proprietário de uma pizzaria, Rafael Klestoff comemora os cinco gols russos

O jogo trouxe sorrisos e gritos também para a dona Vera Maria Petrika Pasicznik, descendente russa que mora na Vila Zelina. Ela é coordenadora da Companhia Balalayka de Danças e Folclore da Rússia. “Aproveitamos o momento e estamos dançando aqui para comemorar a vitória”, diz.


A companhia se apresenta uma vez por ano no aniversário do bairro e também em outras celebrações, como em outros bairros da capital paulista e em Araçatuba, no interior do Estado.

João Domingos Petrika, de 20 anos, é um dos mais novos da geração Klestoff aqui em São Paulo. “Os russos mostraram hoje um bom jogo, mesmo com a equipe não tão forte”, conta. Está muito frio, mas vamos esquentando com danças e doses de vodka”. O jovem também integra a companhia Balalayka.


Vera Pasicznik dançou para comemorar a vitória russa neste primeiro jogo
Vera Pasicznik dançou para comemorar a vitória russa neste primeiro jogo

Os olhares eram somente em torno dos jogadores russos, que cumpriram com a “tradição” da Copa do Mundo, onde os donos da casa nunca perderam nos jogos de estreia. Como informou Rodolfo Rodrigues, em 20 edições anteriores, foram 14 vitórias e seis empates dos anfitriões.

A partida foi tranquila para os russos. Os primeiros dois gols foram marcados no primeiro tempo por Gazinsky e Cheryshev. Os outros três foram feitos no segundo tempo — Dzyuba, novamente Cheryshev e Golovin.

E a festa foi comemorada também por brasileiros. A microempresária Tamires Nagell, de 28 anos, saiu do Jaçanã logo cedo para ir a Vila Zelina com o objetivo de “entrar no clima”. “A galera está animada, o jogo está bom”, disse.

Ela está acompanhada do casal Luciana Freitas, de 43 anos, e Mauricio Pontes, de 51. “Estamos aqui prestigiando a Rússia agora, mas no final, em nossos corações, será sempre Brasil”, avisou Luciana. Ao lado, o companheiro brada: “está tudo maravilhoso. Já que não estou na Rússia, vim para o pedaço mais russo de São Paulo”.

Mas nem tudo são flores, ou melhor, futebol. A professora de russo Anna Smirnova, de 38 anos, é alheia ao jogo. “Não tive muito contato com o esporte, então não desenvolvi nenhum gosto”, disse. Ela pousou em terras brasileiras pela primeira vez em 1997. Nascida em Tomsk, cidade com 500 mil habitantes, veio para São Paulo com o objetivo de cursar mestrado em genética de câncer na Unifesp (Universidade Federal de São Paulo). Hoje, leciona russo em uma escola de idiomas na Vila Mariana.

Torcedor assiste ao jogo usando tradicional gorros russo e camisa da seleção
Torcedor assiste ao jogo usando tradicional gorros russo e camisa da seleção

Durante o jogo, não viu um segundo sequer da maestria que os jogadores russos mostraram. “Eu terminei de mudar para o meu apartamento na Bela Vista”, conta. Depois, foi almoçar em uma padaria literária no bairro do Bixiga. Continuou sem ver ou saber como, de fato, foi a partida. “Depois passei em um cinema para comprar um bilhete para ver mais tarde”, finaliza — o filme se chama Dovlatov e conta a história de um escritor (por coincidência) russo, que tem artigos rejeitados pela mídia oficial por ter uma visão indesejada na antiga União Soviética.

Davay Parusk! Russos comemoram vitória no primeiro jogo da Copa

Após o término do jogo, Anna soube da vitória. “A minha vida continua. Não parou por causa de um jogo”, relata. “No final, eu torço para que a escola pública dê certo. Para que o número de pobreza não aumente. É isso”. A professora refere-se ao relatório da Receita Federal da Rússia, o qual mostrou que existem 20,3 milhões de russos abaixo da faixa da pobreza em 2017.

Descendentes de russos dançam em comemoração da vitória no primeiro jogo da Copa do Mundo:

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