Empolgação dos russos com a Copa do Mundo também depende da seleção local
Maxim ShemetovReuters - 14.6.2018Passados os 48 jogos da primeira fase, já é possível ter maior dimensão de como foi a Rússia 2018 até aqui. Moscou, palco da abertura e da final em 15 de julho, é o grande termômetro para uma Copa do Mundo que vai esquentando aos poucos na capital soviética. A própria Fifa prometeu para esta sexta-feira (29) um balanço do que aconteceu até aqui.
Veja os jogos das oitavas de final da Copa do Mundo
Da infraestrutura ao comportamento dos torcedores locais, nada é absoluto com as oitavas de final a caminho, fase em que as partidas começam a ganhar mais destaque e sem concorrência de horários por exemplo. Mas a festa pra valer depende também do desempenho da seleção russa (o presidente Vladimir Putin se orgulha em dizer que o time pode chegar à semifinal) e, principalmente, do calor dos sul-americanos.
A fase eliminatória começa já neste sábado, com França x Argentina, às 11 horas, em Kazan; e Uruguai x Portugal, a partir das 15 horas, em Sochi. Brasil x México entram em campo só na segunda, às 11 horas (também de Brasília), em Samara.
Tanto o Luzhniki, quanto o Spartak, os dois estádios de Moscou, estão à altura do evento. O primeiro deles tem uma infraestutura maior e por isso recebeu a abertura, outros três jogos de primeira fase e ainda terá um jogo das oitavas, um da semi além da grande final. Já o estádio de um dos times de maior torcida do país, com com quatro jogos de primeira fase, se despede da Copa já na próxima terça com Colômbia e Inglaterra. Em todas as partidas, a Fifa anunciou todos os ingressos vendidos, o que não representou todos os assentos ocupados.
Em verdade, o evento criado pela Fifa para atrair pessoas que não conseguiram comprar um ingresso para ir ao jogo nada tem de “Fan” ou de “Fest” em Moscou. Realizada no campus da universidade estatal, em um lugar bonito, à beira do rio que da nome a cidade, a festa atrai um público apenas razoável em um local distante e de difícil acesso. Em jogos que não envolvem sul-americanos, não passa de um grande lugar com grandes telões e o público muito mais interessado em beber cerveja do que assistir ao jogo.
Era sabido que os russos gostavam de futebol, mas não tinham lá tanto envolvimento assim com grandes astros do futebol europeu. Cristiano Ronaldo e Lionel Messi têm seus espaços garantidos na publicidade, mas o próprio Neymar, no entanto, ainda está em uma prateleira mais abaixo. Pelas ruas, os sul-americanos praticamente ensinaram os russos a torcer. Conseguiram. Esses, por sua vez, se sentiram abismados com coisas como falar alto ou beber na rua por exemplo e agora sim estão curtindo o tão falado "clima de Copa do Mundo".
Antes da Copa começar, havia uma dúvida sobre como seria o comportamento dos policiais russos com torcedores, e culturas, de todas as partes do mundo. Ainda há alguns episódios de mera truculência, mas nada propriamente digno das manchetes de cadernos policiais. O turista, pelo menos em áreas próximas as envolvidas com o Mundial, se sente seguro mesmo nos lugares de maiores aglomerações.
O Brasil viveu a lógica da Fifa nos estádios há quatro anos. Na Rússia 2018, não é diferente. Os produtos são os internacionalmente conhecidos, dos parceiros comerciais da entidade máxima do futebol. Mais do que isso, sem estar preocupados com a concorrência, podem cobrar 600 rublos (cerca de R$ 35 por um cachorro quente simples e um refrigerante) ou 400 rublos (R$ 24 em uma cerveja no copo da Copa). Longe dos estádios, nos restaurantes próximos aos principais pontos turísticos, os pratos para uma pessoa não saem por menos de mil rublos (R$ 59).
Mas mesmo nesses mesmo restaurantes badalados, os garçons em geral não falam outro idioma que não o russo. Apesar da boa vontade, a comunicação fica complicada e não raro clientes reclamam que o prato que chega na mesa não era o que havia pedido. O metrô, com diferentes linhas para todos os lados, conta com pequenas sinalizações da Fifa para os estádios e Fan Fests mas, no geral, os turistas precisam se virar no alfabeto local.