Mohamed Salah, o humilde 'faraó' que conquistou o Egito
Líder da Chuteira de Ouro da Europa e artilheiro do Inglês, atacante do Liverpool é tido como um herói em seu país e na comunidade onde nasceu
Copa 2018|Guilherme Padin, do R7
A saída de Philippe Coutinho do Liverpool não deixou os torcedores do clube com saudade. Jürgen Klopp, técnico da equipe, já afirmou que seu time está menos previsível sem o brasileiro. O Liverpool está nas quartas de final da Liga dos Campeões e é o terceiro colocado do Campeonato Inglês. Muito disso se deve ao egípcio Mohamed Salah, artilheiro dos Reds na temporada.
Fã de Ronaldo, Zidane e Totti, o atacante de 25 anos é o artilheiro da Premier League, com 28 gols, principal goleador do Liverpool na Liga dos Campeões, com seis, e ainda lidera a luta pela Chuteira de Ouro da Europa, com 56 pontos.
Na última partida que disputou pelo Inglês, contra o Watford, marcou quatro gols e deu uma assistência na goleada por 5 a 0 de sua equipe.
Em recente entrevista à revista inglesa FourFourTwo, o egípcio chegou a dizer que já "esperava que fosse fazer muitos gols. Quando estive no Chelsea, há três anos, não tive minha chance. Então voltei aqui para mostrar meu futebol".
Na última sexta (23), na Data Fifa, em amistoso perdido para a seleção portuguesa por 2 a 1, em Zurique, o camisa 10 do Egito deixou sua marca mais uma vez.
Como se ser a sensação do Liverpool na temporada não fosse o suficiente, Salah é também o grande nome e ídolo do Egito para a Copa do Mundo de 2018.
Foram dele os dois gols que classificaram sua nação ao Mundial da Rússia, após a vitória por 2 a 1 no jogo contra o Congo, em outubro passado, pela penúltima rodada das Eliminatórias Africanas para a Copa, em Alexandria, no Egito.
O time de Salah vencia a seleção congolesa por 1 a 0, com gol do atacante do Liverpool. Aos 42 minutos da etapa final, o empate adversário esfriou os ânimos dos egípcios.
Naquela rodada, apenas uma vitória credenciaria o Egito à Copa 28 anos depois de sua última participação.
Aos 50 minutos, um pênalti mudou a vida do craque e de sua seleção. Sob a pressão de cobrar o penal que valeria vaga na Copa, e ainda diante de sua torcida, Salah chutou com firmeza para fazer história pelo seu país.
O lado humano do humilde ‘faraó’ Salah
Título usado para os reis do Antigo Egito, a designação de faraó tem sido usada frequentemente por fãs do atacante em todo o mundo. Inclusive em seu país, onde se tornou ídolo.
E não é para menos. Além de levar sua seleção à Copa após quase três décadas, Salah tem dado ótimos exemplos de cidadania e lealdade à sua terra natal.
Quando atuou por empréstimo pela Fiorentina, em 2015, o atual artilheiro da Premier League usou a camisa 74.
O número foi uma homenagem às pessoas que perderam a vida na Tragédia de Port Said, em fevereiro de 2012, em um jogo entre Al-Masry e Al-Ahly pelo Campeonato Egípcio.
Na ocasião, em uma brutal briga generalizada entre torcedores das duas equipes, 74 pessoas morreram e mais de 500 ficaram feridas.
Além disso, o craque dos Reds já doou dinheiro a Nagrig, a comunidade onde cresceu, em Basion, e à escola onde estudou.
A instituição, inclusive, teve seu nome alterado pelo governador da província de Garbia para Escolha Industrial Mohamed Salah. A mudança ocorreu logo após a classificação dos egípcios para a Copa do Mundo de 2018.
Outro exemplo de seu comportamento admirado pelos fãs foi em 8 de outubro, quando o Egito classificou-se ao Mundial da Rússia. Enquanto Salah marcava os gols pela sua seleção, a casa de sua família havia sido assaltada.
Dias após, como informou o jornal britânico Daily Mail, o homem responsável pelo assalto foi encontrado.
Embora o pai do jogador quisesse a prisão do criminoso, o camisa 10 do Egito retirou a acusação, deu dinheiro ao ladrão e ainda o ajudou na procura por um emprego.
Mahmoud Fayez, assistente técnico da seleção do Egito, falou recentemente sobre o craque de sua equipe:
“O segredo de seu brilhantismo? A modéstia. É uma estrela. Mas vive como uma pessoa simples. Usa suas habilidades para servir ao país. E se pode notar o significado disso para ele quando o vemos cantando o hino”, afirma Fayez.
“Ele briga a cada segundo, a todo momento, toda corrida, toda dividida, todo chute. Ele luta. Isso é Salah. É por isso que ele é o herói de todo o Egito”, completa.
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Após marcar quatro gols, Salah lidera a Chuteira de Ouro na Europa