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Mais jovem, único negro e líder de 2002: conheça o técnico de Senegal

Aliou Cissé, que estreou com vitória na Copa, tem o menor salário entre os 32 treinadores do Mundial; ele foi o capitão de sua seleção há 16 anos

Copa 2018|Guilherme Padin, do R7

Cissé se mostrou incomodado com a ausência de treinadores negros na Copa
Cissé se mostrou incomodado com a ausência de treinadores negros na Copa Cissé se mostrou incomodado com a ausência de treinadores negros na Copa

Entre as 32 participantes que buscam a tão sonhada taça da Copa do Mundo da Rússia, cinco seleções são africanas. Estranhamente, apenas uma delas tem um técnico negro. Trata-se de Aliou Cissé, de Senegal, que estreou neste Mundial com vitória diante da Polônia

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Em coletiva de imprensa, na véspera do primeiro jogo na Copa, o treinador senegalês se mostrou incomodado com o tema, mas afirmou estar "feliz de ver que há um negro aqui".

"Esse debate me incomoda. Futebol é um esporte universal", disse Cissé, que fez questão de destacar o trabalho feito por Florent Ibengé, técnico da República Democrática do Congo, e exaltou a qualidade dos técnicos negros pelo mundo.

"Estamos mostrando que somos bons no campo tático. Nós, negros, temos o direito de sermos também considerados treinadores de elite", falou o técnico.

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Início de carreira como técnico

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Ex-jogador de razoável sucesso na França e na Inglaterra, ele começou sua carreira como técnico em 2012, ao assumir o posto de assistente técnico da seleção senegalesa. 

Em março de 2015, após três anos de experiência como assistente, finalmente se tornou técnico da seleção principal, ficando com a vaga que até então era de Alain Giresse, ex-jogador francês.

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A partir dali, foram 29 jogos no comando de Senegal, com 17 vitórias, oito empates e quatro derrotas — um aproveitamento de 67%.

Cissé celebra sua 1ª vitória como técnico em Copas
Cissé celebra sua 1ª vitória como técnico em Copas Cissé celebra sua 1ª vitória como técnico em Copas

Nas eliminatórias africanas para a Copa, somados os jogos classificatórios e da fase de grupos, foram seis vitórias e três empates.

A campanha credenciou a equipe a voltar ao Mundial depois de 16 anos de sua última participação. 

Com menor salário, Cissé é o técnico mais jovem da Copa

Também na coletiva na véspera do confronto contra a Polônia, Cissé afirmou que representa "uma nova geração, que quer marcar seu nome no futebol africano e mundial".

E, de fato, ele é um dos principais representantes da nova geração de técnicos pelo mundo. Com apenas 42 anos, é o treinador mais jovem do Mundial da Rússia.

Volante senegalês jogou no PSG entre 2001 e 2002
Volante senegalês jogou no PSG entre 2001 e 2002 Volante senegalês jogou no PSG entre 2001 e 2002

A nível de comparação, a média de idade dos 32 comandantes é de 53 anos. Nesta Copa, há, por exemplo, técnicos como Óscar Tabárez e José Pekerman, de 71 e 68 anos, respectivamente.

De acordo com levantamento do canal de TV holandês Zoomin, realizado em março, o técnico mais novo da Copa de 2018 é também o dono do menor salário entre os 32: enquanto Joachim Löw recebe R$ 15,9 milhões anuais, Cissé recebe pouco mais de R$ 830 mil.

Tite e Didier Deschamps, da França, ficam logo atrás de Löw, recebendo R$ 14,5 milhões anuais cada.

Em 2002, foi capitão de Senegal, a sensação da Copa

Capiteneada por Cissé, Senegal foi uma das grandes surpresas da Copa do Mundo de 2002, disputada no Japão e na Coreia do Sul.

No Grupo A, que contava com França, Uruguai e Dinamarca, o time africano chegou como 'azarão', mas saiu com méritos e destaque. 

Logo na estreia, de maneira surpreendente, os senegaleses venceram os franceses, então campeões da Copa de 1998, por 1 a 0, com gol de Diop. Na sequência, empataram por 1 a 1 com a Dinamarca e por 3 a 3 com o Uruguai.

A segunda colocação, com cinco pontos — atrás apenas da Dinamarca —, rendeu à equipe do capitão Cissé a classificação às oitavas de final. Favoritos, Uruguai (3º) e França (4º) foram eliminados.

Cissé foi o capitão de Senegal na Copa de 2002
Cissé foi o capitão de Senegal na Copa de 2002 Cissé foi o capitão de Senegal na Copa de 2002

A saga da seleção não acabaria ali. Nas oitavas, tiveram pela frente a Suécia. Com gols de Larsson e Camara, o jogo acabou empatado por 1 a 1. Foi na prorrogação, novamente com Camara, que os senegaleses conseguiram o gol de ouro e avançaram às quartas.

Na fase seguinte, porém, o sonho acabou: diante da Turquia, depois do 0 a 0 no tempo normal, Mansiz marcou o gol de ouro para os turcos e levou sua equipe às semifinais.

Aquela foi a segunda vez em que uma seleção africana chegou tão longe em uma Copa. Em 1990, Camarões parou na forte Inglaterra, que venceu por 3 a 2.

Em 2010, Gana se tornaria a terceira — e última, até o momento — equipe a chegar até as quartas de final: os ganeses foram eliminados pelo Uruguai, nos pênaltis.

Das seleções africanas, apenas duas são treinadas por técnicos locais

Marrocos, Egito, Nigéria, Senegal e Tunísia são os cinco países representantes da África na Copa do Mundo da Rússia.

Os três primeiros, no entanto, têm como comandantes técnicos nascidos fora do continente: o alemão Gernot Rohr comanda a Nigéria, o argentino Héctor Cuper é técnico do Egito e, por fim, o francês Hervé Renard treina a seleção do Marrocos.

Apenas Nabil Maâlou (Tunísia) e Aliou Cissé (Senegal) são africanos entre os técnicos das cinco seleções africanas. Ambos nasceram nos países das seleções que comandam. O Senegal foi a única das cinco seleções africanas que venceu na primeira rodada do torneio. 

Situação no Brasil não é diferente

Não são apenas os países do continente africano que contam com maioria negra em suas populações.

Segundo levantamento do IBGE, em 2016, aproximadamente 55% da população do Brasil — 205 milhões de habitantes — é composta por pretos e pardos. 

Apesar de serem mais da metade do povo brasileiro, os negros nunca treinaram a seleção brasileira em uma Copa do Mundo — foram 20 edições da primeira, em 1930, até a atual.

É importante ressaltar que o último técnico negro da seleção foi Gentil Cardoso. Ele comandou a equipe em 1959, um ano após o primeiro título mundial, na Copa da Suécia. Desde 1960, portanto, o Brasil tem apenas técnicos brancos. 

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