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Copa 2018

Livro reúne fotos raras da seleção na preparação para a Copa de 1958

As 72 Imagens da concentração da seleção brasileira, em Poços de Caldas, foram feitas pelo fotógrafo Antonio Lucio e recuperadas pela filha dele

Copa 2018|Cesar Sacheto, do R7

Livro reúne 72 imagens raras da concentração do Brasil antes da Copa de 1958
Livro reúne 72 imagens raras da concentração do Brasil antes da Copa de 1958

Um material, raro, exclusivo, guardado há 60 anos, revela detalhes dos bastidores da preparação da seleção brasileira para a Copa do Mundo de 1958, na Suécia. As imagens — todas digitalizadas — estão reunidas no livro “Seleção Nunca Vista”, que será lançado na próxima segunda-feira (28), no Museu do Futebol, no estádio do Pacaembu, em São Paulo.

São 72 imagens em preto e branco feitas pelo fotógrafo paulista Antonio Lucio, enviado pelo jornal “O Estado de S. Paulo” para cobrir a concentração do grupo brasileiro antes da viagem para a Europa, em Poços de Caldas (MG).

“Esse material ficou esquecido por 60 anos. Em 2013, meu pai veio na minha mente e fui procurar os negativos. Antes de morrer, ele deixou separado o material que mais gostava”, revelou a jornalista Silvia Herrera, filha do fotógrafo e uma das responsáveis pela edição do livro.

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A obra é resultado de 11 dias de trabalho de Antonio Lucio com a sua câmera Rolleiflex. Apaixonado por futebol — e corintiano fanático —, o fotógrafo ficou hospedado no mesmo hotel da seleção, clicou a rotina dos jogadores, da comissão técnica e dos demais integrantes da delegação na cidade e outros dez dias em Araxá antes do embarque para o torneio que marcaria o primeiro título mundial de futebol do Brasil.

O Brasil vinha de dois fracassos nos Mundiais anteriores – a traumática perda da Copa de 1950, na tragédia que ficou conhecida como Maracanazzo, além da campanha frustrante de 1954 – e necessitava de uma campanha reabilitadora na Suécia.


Pepe passa por consulta com psicólogo durante concentração para a Copa de 1958
Pepe passa por consulta com psicólogo durante concentração para a Copa de 1958

Por isso, os dirigentes brasileiros, comandados por Paulo Machado de Carvalho, que seria eternizado na história do futebol brasileiro com o Marechal da Vitória, trataram de organizar uma concentração com conceitos modernos de treinamentos físicos, acompanhamento médico e psicológico.

“Vendo as fotos, você percebe que o semblante dos jogadores era de sonho para conquistar a primeira estrela”, conta a jornalista Silvia Herrera, filha do fotógrafo, ao relembrar as histórias contadas pelo pai sobre o período que passou com a seleção no Palace Hotel de Poços de Caldas.


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A jornalista destaca a comissão técnica brasileira adotou outras medidas pioneiras, como a elaboração de uma cartilha com regras de comportamento, vestuário, relação com os jornalistas, além de consultas odontológicas e acompanhamento psicológico.

“Houve muito entrosamento. Os jogadores se tornaram companheiros”, frisou.

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No entanto, o trabalho era árduo. Os atletas eram expostos a um programa de treinamentos dinamarquês, adotado pelo preparador Paulo Amaral. A carga de exercícios era alta e exigia muito esforço dos atletas.

“Era muita ginástica. Flexões, polichinelos, corrida, salto em distância. Ele (Paulo Amaral) pegava um bambu, fazia um círculo, colocava os jogadores em uma roda e todos tinham que pular. Quem não pulasse, apanhava com o bambu nas pernas”, diz a jornalista ao revelar as conversas com o pai.

Criação do livro

A filha do fotógrafo criou uma crowdfunding para arrecadar a quantia suficiente e iniciar o projeto. Todas as fotos passaram por um processo de digitalização.

A publicação foi concebida em forma de homenagem ao fotógrafo. Os textos foram escritos pelo jornalista Antero Greco. O livro foi editado em uma parceria entre MKA International Sports, MKA Advogados, Capella Editorial, apoio da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo e Museu do Futebol.

Fotógrafo premiado

Antonio Lucio Miguel Rodrigues Ramos nasceu em 1930, em Espírito Santo do Pinhal, no interior de São Paulo. Descendente de italianos, ele se mudou com a família para a capital do Estado após a morte do pai.

Aos 14 anos, decidiu trabalhar para ajudar a família e encontrou emprego no jornal "Notícias de Hoje". A sua primeira função era limpar a caixa de água. Mas, após perder o equilíbrio, cair e quase se afogar, foi transferido para contínuo, quando teve o primeiro contato com a profissão.

Antonio Lucio no Pacaembu
Antonio Lucio no Pacaembu

Ainda adolescente, Antonio Lucio venceu um concurso e ganhou a primeira câmera profissional. Lucio fez vários trabalhos conhecidos e ganhou duas vezes o Prêmio Esso de Fotografia.

Entre os trabalhos mais importantes da carreira, Antonio Lucio fez os primeiros registros do navio português Santa Maria, sequestrado por um grupo de militantes contrários à ditadura de Salazar, em 1962.

O fotógrafo, que faleceu em 2000, aos 70 anos, também ficou bastante conhecido pela imagem de um bombeiro carregando uma menina durante o incêndio do Edifício Andraus, em 1972, na capital paulista.

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