Do guri baixinho à Copa do Mundo: Alisson e a influência do irmão
Alisson Becker conta ao 'The Players Tribune' sobre toda trajetória, desde brincadeira com amigos do goleiro Muriel até a Copa da Rússia
Copa 2018|Alex Yamasaki, do R7*
Titular da seleção brasileira, o goleiro Alisson lembrou sua trajetória até a Copa do Mundo desde a infância, dedicando o feito a seu irmão, o também goleiro Muriel, que é cinco anos mais velho do que Alisson.
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Em texto divulgado pelo "The Players Tribune", Alisson contou sobre a infância, a paixão pela posição de goleiro e o destino para estar debaixo das traves e a influência do irmão na carreira.
— Minha mãe foi goleira no time de handball para o qual ela jogava na escola. Meu bisavô jogou no gol no time amador da minha cidade natal, Novo Hamburgo. E meu pai foi goleiro pela firma para a qual ele trabalhava. Então, talvez tenha sido parte do plano de Deus para mim, sabe?
Alisson contou de quando assistia aos jogos do pai, junto com Muriel, e via a paixão dele pelo futebol, revelando sua admiração e o pensamento: "Eu quero ser como ele".
— Mas o verdadeiro motivo que me fez jogar no gol foi meu irmão. Eu jogava com os amigos dele, eles eram todos mais velhos e mais altos. Então, na hora de escolher os times, o guri baixinho acabava indo pro gol. Isso nem era mesmo ponto de discussão, sabe?
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O camisa 1 falou que o futebol era apenas uma diversão à época, e explicou o nascimento do sonho de vestir a camisa da seleção brasileira.
— Daí veio a Copa do Mundo de 2002, disputada no Japão e na Coreia do Sul. Meu irmão e eu acordávamos de madrugada e enchíamos a cara de chocolate, sucrilhos e doce de leite… e, claro, nós assistíamos aos jogos. E quando o Brasil ganhou… eu nunca vou me esquecer daquele sentimento. Foi como uma revelação. Pensei, é isso que eu vou fazer. Vou jogar pela seleção brasileira, vou pra uma Copa do Mundo… e daí vou ser campeão.
Da brincadeira entre amigos ao início da carreira
Com o objetivo definido, era preciso começar a trajetória.
Portanto, Alisson começou nas categorias de base do Internacional, em Porto Alegre, um clube brasileiro tradicional, com visibilidade e oportunidades para que o goleiro alcançasse seu sonho.
— Mas eu tinha um problema: eu ainda era baixinho.
Por sua altura, que não era avantajada na adolescência, com cerca de 1,70m aos 14 anos, Alisson não vinha tendo oportunidades no Internacional, chegando à terceira opção no gol colorado.
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A reviravolta: crescimento e ascensão
No entanto, o crescimento finalmente chegou: Alisson foi de 1,70m a 1,87m em um ano. Com o talento adquirido pelos treinos com o irmão Muriel, agora tinha o conjunto completo: a habilidade e a altura. As oportunidades começaram a surgir, junto com a atenção de todos.
Alisson recebeu uma ligação de seu avô, dizendo que deveria voltar para casa porque havia sido convocado para a seleção brasileira sub-17.
— Eu… Bem, eu não acreditei muito naquilo. Simplesmente não consegui. Meu avô sempre foi um brincalhão, sabe? Mas mesmo assim eu senti que devia correr pra casa e conferir, só pra ter certeza. Então meu tio me ligou. E disse a mesma coisa. “E aí, medonho, o que manda? Parabéns”. Corri 30 minutos da praia até minha casa para que eu então pudesse confirmar no site oficial da CBF…eu entrei na página e lá estava: Alisson Becker. Eu realmente tinha sido convocado.
A sorte de Alisson havia mudado. A partir dali, a vida do irmão mais novo de Muriel seria um misto de trabalho e sorte.
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— Tudo aconteceu muito rápido depois disso. Em 2013, aos 20, fiz minha estreia no time titular do Internacional, e dois anos mais tarde fiz minha estreia pela Seleção Brasileira principal. Aquele jogo mudou minha vida. Na verdade, às vezes eu paro e penso, Uau, cara, estou aqui. Na Seleção Brasileira. Eu vou para a Copa do Mundo. Isso é um milagre.
E lá está Alisson. Em três jogos pela Copa do Mundo, o goleiro sofreu apenas um gol, no empate em 1 a 1 contra a Suíça, na estreia do Mundial.
O personagem e mestre Muriel
Entre todas as conquistas, Alisson lembra de um nome como responsável por tudo que aconteceu em sua vida e carreira:
— Por tudo o que eu conquistei, eu tenho de agradecer ao meu irmão. Ele era como um alvo para ir atrás. Como profissional, eu tinha de me comparar com aqueles que estavam acima de mim, sabe? Eu sempre quis ser melhor do que ele, mas ele também é super competitivo, então, ele nunca quis perder para mim.
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Alisson fez uma grande temporada pela Roma, chegando às semifinais da Liga dos Campeões, e agora dedica seus esforços à conquista da Copa do Mundo com o elenco comandado pelo técnico Tite.
— Neste mês de Copa do Mundo, eu não vou jogar apenas pelo Brasil… Vou jogar pelo meu irmão, também. E deixa eu te contar uma coisa, todas as vezes que eu coloco a camisa da Seleção Brasileira, penso em todos os treinamentos que fizemos juntos.
*Estagiário do R7, sob supervisão de Adalberto Leister Filho
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