Senegaleses comemoram vitória em primeiro jogo na Copa do Mundo 2018
Edu Garcia / R7 / 19.06.2018A vitória da seleção do Senegal em cima da Polônia (2 a 1) na Copa do Mundo 2018 literalmente interditou as ruas do centro de São Paulo nesta terça-feira (19). Cerca de 100 senegaleses comemoraram o resultado do jogo com muita dança, pararam o trânsito e atraíram os olhares de todos pelas dez ruas que passaram durante a caminhada.
Assim que os quatro minutos de acréscimo do segundo tempo terminaram, o grupo saiu para a rua e deu início a caminhada no centro da capital paulista. Os senegaleses realizaram o seguinte trajeto: Vitória, Barão de Limeira, Conselheiro Nébias, São João, Largo do Paissandu, Dom José de Barros, Itapetininga, Praça da República, Timbiras, São João, Guaianazes e Aurora.
Durante o percurso, o tráfego foi impedido pelo grupo. Viaturas da Polícia Militar, ônibus da Prefeitura de São Paulo e demais carros foram cercados pela comemoração dos africanos. Engana quem pensa que teve briga. Todos apenas festejaram. Na praça da República, a reportagem do R7 contou 32 policiais militares perto da base assistindo a festa dos senegaleses. Moradores e trabalhadores da região saíram de suas casas e estabelecimentos para comemorarem juntos.
Confira como foi a partida minuto a minuto pelo R7
Mais cedo, pouco antes das 12h, o grupo se concentrou em um clube africano localizado na rua Vitória — a sensação era de que já previam o resultado do jogo. Em meio aos gritos de ‘Allez, Senegal’ (Vai, Senegal, em francês), os africanos assistiam atentos ao jogo, na primeira rodada do grupo H da Copa 2018.
Grupo caminhou por ruas do centro de São Paulo para comemorar vitória
Edu Garcia / R7 / 19.06.2018A reportagem do R7 foi recebida com sorriso e abraços pelo vice-presidente da Associação de Senegaleses de São Paulo, Baba Cisse, de 32 anos. Natural de Dakar, cidade com um milhão de habitantes, o senegalês formou-se em Marketing e Comunicação. A crise econômica que assolou diversos países também abateu Senegal, no ano de 2010.
Três anos depois, a reviravolta na vida de Cisse: era a vez de tentar algo novo, ou, como o próprio disse, algo melhor. Escolheu o Brasil, pois, segundo ele, a cultura era razoavelmente similar, além de as temperaturas serem amenas e a economia estar levemente, na época, sustentável.
Pousou pela primeira vez em terras brasileiras em São Paulo. O fato de não ter conseguido um trabalho, mesmo que em pouco tempo, fez com que Cisse, após uma semana, se mudasse para Passo Fundo, no Rio Grande do Sul, onde trabalhou cerca de um ano como frentista em um posto de combustível.
Depois, mudou-se para a capital Porto Alegre, onde abriu uma empresa que realizava transações bancárias — os senegaleses eram seus clientes assíduos, diz ele. Superou as baixas temperaturas por um ano e seis meses, momento quando recebeu o convite de um amigo para ser sócio de uma companhia na capital paulista.
Voltando para a maior cidade da América do Sul, atuou em sua profissão pela primeira vez. “Hoje eu faço marketing e comunicação, produzo eventos e também programo viagens”, conta, em meio aos gritos contínuos de "Allez, Senegal".
“Aqui é a minha segunda casa”, diz. Isso porque na capital paulista, segundo ele, tem menos preconceito contra os senegaleses, existe uma diversidade de etnias e o fato de ser uma metrópole. “Me acolheu muito bem.” Questionado sobre como aprendeu a língua portuguesa, o senegalês é assertivo: “na rua, conversando com pessoas, aprendi na luta.”
Grupo se reuniu no centro de São Paulo para assistir ao jogo
Edu Garcia / R7 / 19.06.2018Cisse tem cinco irmãos: uma mora na França, outra na Inglaterra e os demais continuam no país natal. “Eu sinto saudade, claro, mas sei que fiz a coisa certa”, afirma, com a voz firme. “Aqui eu consigo ajudar os meus irmãos.”
Enquanto Cisse conversa com a reportagem, seu olhos não saem do telão que foi montado no clube africano. “Senegal irá ganhar”, acredita — nesse momento, a bola já tinha balançado a rede da Polônia no primeiro tempo.
“Somos leões. Somos leões fortes”, diz, com alusão à bandeira de sua pátria — o Senegal é um dos cinco países africanos que estão nesta fase do campeonato. Quatro deles (Tunísia, Nigéria, Egito, Marrocos) já perderam em seus primeiros jogos. “Com Senegal foi diferente. Eu sabia que íamos ganhar”, sorri.
Cisse, então, é cumprimentado com abraços e gritos por dois senegaleses. Se comunicando em francês, a reportagem do R7 também entra na roda: “Allez, Senegal”. Como resposta, o anfitrião abre o sorriso novamente. O tempo passa. O camisa 19 de Senegal, Pape Assane Mbodji, acerta a rede da Polônia. A vitória, nesse momento, já era dada como certa.
Trio de senegalesas assistem a partida em clube africano no centro de SP
Plínio Aguiar / R7 / 19.06.2018Entra em cena, então, a dança dos senegaleses, chamada de Mbalakh. “É o jeito que dançamos. É o jeito que comemoramos”, diz Cisse.
A felicidade, assim como a dança, também encheu o coração e o corpo das nigerianas Rokheya Sar e Astou Bbaou, ambas de 30 anos, e Nak, de 32. O trio chegou à São Paulo há pouco mais de um ano. “Estou com Senegal, sempre. Mesmo não morando lá”, disse Rokheya. “E caso Senegal jogue contra o Brasil, eu também serei Senegal”, avisa.
Assista ao vídeo abaixo dos senegaleses dançando Mbalakh:
Veja fotos da festa senegalesa no centro de São Paulo: