Brasil vira-lata demora para reconhecer talento extraordinário do fenômeno Bia Haddad
É como se estivessem esperando – e só aí – a jovem tenista ganhar Roland Garros para ser merecedora de justos respeito e admiração
Esportes|Marco Antonio Araujo, do R7
![Bia Haddad vai disputar Roland Garros, mesmo torneio que alçou à glória Guga Kuerten](https://newr7-r7-prod.web.arc-cdn.net/resizer/v2/Z4P7TFB4JVLNLGSMLLQ3AJME2E.jpg?auth=5f5e673115960a31f6744c8fbc217dfb9e1e680fb555a73ca030c0cef307c8db&width=1500&height=1043)
O tanto que já fez a tenista Bia Haddad deveria ter sido suficiente para ela ser tratada como um fenômeno e receber os mais entusiasmados e incondicionais elogios. Mas que nada. O nosso viralatismo é cruel com nossos astros e estrelas.
A jovem atleta — desconhecida do grande público e ignorada pelo nosso cartorial jornalismo esportivo — acaba de se igualar à nossa maior campeã da modalidade, a lenda Maria Esther Bueno. E daí? Nada. Apenas notícias protocolares, como se chegar ao Olimpo fosse apenas obrigação.
Com o título do WTA 250 de Birmingham, a atleta paulista sobe para a 29ª colocação do ranking mundial de simples. Mas isso não é suficiente para estampar seu rosto em primeiras páginas de jornais e na escalada de programas de TV.
Os componentes do tribunal que autoriza a admiração de brasileiros devem estar esperando (e só aí!) a moça ganhar o torneio de Roland Garros (no qual ela foi duas vezes vice-campeã juvenil em duplas, nove anos atrás — além de semifinalista de Wimbledon, em 2011, sabia?).
Podem apostar: apenas se ela sair vitoriosa do Grand Slam francês (como se ela tiver nascido naquele instante, como ocorreu com Gustavo Kuerten, no longínquo ano de 2000), e apenas nesse caso, Bia será tratada com o monumental respeito que merece. Pois eu digo: será tarde demais; ela fez tudo sozinha.
E fazer sucesso, no Brasil, é um insulto. Então, ficam aqui as mais sinceras homenagens (em tempo) a Beatriz Haddad Maia, orgulho deste país.