O rancor entre Roger Guedes e Palmeiras segue vivo. E é mútuo
Jogador que tem tudo acertado com o Corinthians apaga as fotos que tinha com a camisa verde. E ironiza a falta de Mundiais do Palmeiras. O motivo: rancor pelo humilhante trote que sofreu
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
O sentimento que une Roger Guedes e Palmeiras é o mesmo.
Rancor.
Não é por acaso que o jogador ironizou, nas redes sociais, o fato de o seu ex-clube não ter Mundiais. E ontem ter retirado do ar todas as fotos que tinha com a camisa verde.
O rancor é mútuo.
Roger Guedes não deixou um ambiente saudável nos tempos de Palmeiras, onde jogou muito bem, por sinal.
Não fosse assim, não seria emprestado ao Atlético Mineiro, antes de seguir, vendido para o Shandong Luneng, da China.
A situação foi amadora, boba, infantil e que não foi controlada pela direção do clube.
Desperdício de um jogador de grande potencial.
Conselheiros e membros de Comissões Técnicas que passaram pelo Palmeiras entre 2016 e 2018 relembram que o atacante sempre teve um gênio difícil, explosivo, irritadiço.
Não suportava quando ia para reserva. E nem aceitava brincadeiras. Chegou como uma das grande revelações do futebol brasileiro, vindo de Criciuma, onde era tratado com cuidado até excessivo da direção do clube catarinense.
Roger Guedes acreditou que fosse ter o mesmo tratamento Palmeiras. Só que se enganou redondamente. Muito pelo contrário até, ao perceberem que ele se isolava e não aceitava brincadeira, passou a ser mais provocado.
Felipe Melo sempre liderou o elenco, desde que foi contratado.
O atacante detalhou a situação que deixou o clima insuportável para ele no Palestra Itália.
Em uma roda de bobo, prática normal de aquecimento, Roger Guedes, de propósito, jogou a bola no meio das pernas de Felipe Melo. O volante teria ficado irritado, visto como desrespeito a atitude.
E teria programado a 'vingança' com outros líderes do elenco, em 2017.
Muitos jogadores também já estranhavam o comportamente individualista de Roger Guedes. E decidiram organizar um 'trote'.
Após o treinamento, com a presença da imprensa, o atacante foi amarrado aos gritos de "o terror vem aí e não adianta chorar'.
Ele se debateu, tentou escapar. Mas acabou agarrado, deu pernada, tomou pernada, até que foi imobilizado e amarrado. Ovos foram quebrados na sua cabeça. Uma fita crepe imensa travou suas pernas. E sobras de redes de gol amarraram seus braços.
Enquanto ele estava caído, os demais atletas formaram uma roda sobre ele e cantaram 'parabéns a você', em uma tentativa de minimizar a repercussão.
Tudo sob o olhar do então executivo Alexandre Mattos e do então treinador Eduardo Baptista.
Foi humilhante demais.
Todos os veículos de comunicação veicularam repetidas vezes a cena absurda, violenta.
Roger faz aniversário no dia 2 de outubro e o trote foi no dia 14 de abril de 2017.
Se o ambiente já era ruim para o jovem atacante, ficou muito pior. Ele jamais perdoou a humilhação, a brincadeira.
E deixou claro que pretendia sair do clube.
O ressentimento ficou também entre os demais atletas.
Mesmo sendo um dos melhores jogadores, ele foi emprestado para o Atlético Mineiro.
E, depois, foi para o Shandong Luneng.
Alexandre Mattos justificou a venda precoce.
"Ele chegou por R$ 2,5 milhões e foi vendido por 9,5 milhões de euros (cerca de R$ 58,5 milhões). A venda foi criada, porque o clube chinês nem sabia quem era o Roger Guedes. Cabe ao diretor criar oportunidades no mercado. Então coloquei ele no Atlético e disse ao presidente do clube que o Roger seria emprestado, mas que a gente precisaria vendê-lo no meio do ano."
Roger Guedes foi um desperdício no Palmeiras.
E agora está voltando para o maior rival.
Magoado, não precisava ironizar Mundiais que o seu ex-clube não tem.
Como apagar as fotos com a camisa verde, que o tornou conhecido internacionalmente.
A explicação está na mágoa.
No tratamento especial que não recebeu.
E que recebe, até de sobra, já no Corinthians...
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