Itair Machado. Jamais houve um dirigente como ele no Brasil
Todas as alas do Cruzeiro exigiram a demissão do dirigente para tentar salvar o clube do rebaixamento. E das dívidas de mais de R$ 500 milhões
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
Procuração para contratar, rescindir contratos, negociar jogadores e autorizar pagamentos até 31 de dezembro de 2020.
Salários de R$ 180 mil mensais. Mais bônus especiais em caso de conquistas.
Pagamento de R$ 4,2 milhões à empresa particular em um ano, por vários motivos, entre eles premiações, vitórias do time.
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Multa de R$ 2 milhões em caso de demissão.
Poder total e absoluto sobre o futebol do Cruzeiro.
Não admitindo questionamento de ninguém.
Nem do presidente Wagner Pires.
Esses eram os absurdos privilégios de Itair Machado, vice de futebol, que foi sumariamente demitido ontem.
Uma pessoa foi capaz de abalar um dos maiores clubes da América Latina.
As premissas já eram muito complicadas. Com jornalistas garantindo terem recebidos ameaças de morte de Itair.
Assim como o ex-vice-presidente do Cruzeiro, Bruno Vicentin.
Ao assumir o futebol do clube, o ex-presidente do Ipatinga foi o responsável por inúmeros erros administrativos.
Chegou a dar como garantia de um empréstimo 20% dos direitos de um garoto da base do Cruzeiro, com 12 anos, Estêvão Willian, o que é absolutamente proibido pela Fifa. Ilegal.
Sob sua gestão, empresários que nem recebiam jogadores ganharam comissão. Como Carlinhos Sabiá, que recebeu R$ 800 mil pela transação de Mayke com o Palmeiras.
As contratações eram decididas por ele, sem consultar ninguém. E elas vieram: o volante Bruno Silva (R$ 5 milhões), o meia Rodriguinho (R$ 15 milhões) e os atacantes David (R$ 10 milhões) e Pedro Rocha (R$ 3,2 milhões por empréstimo). Itair também decidiu prorrogar os contratos de veteranos como o goleiro Fábio, o volante Ariel Cabral e o meia Thiago Neves.
O ex-vice também foi o responsável pela contratação do atacante Fred.
Assim como a contratação e a demissão relâmpago de Rogério Ceni.
As dívidas com a nova gestão se acumularam. O futebol passou a ser grande motivo de gastos.
O lado negativo do balanço do Cruzeiro é estarrecedor. Passou de R$ 386 milhões em 2017 para R$ 520 milhões em 2018.
O clube estava devendo, no começo de outubro, dois meses de salários dos atletas.
O clube está mergulhado na zona do rebaixamento.
A campanha no Brasileiro é vergonhosa.
Está em 18º lugar.
Quatro vitórias, oito empates e 11 derrotas, com apenas 29,2% de aproveitamento
A demissão de Itair foi a exigência para todas as demais alas se unirem para ajudar o clube.
Ele saiu ontem definitivamente do clube.
Mas tem direiro a R$ 2 milhões de multa.
Nunca houve um dirigente como Itair Machado no futebol deste país.
Jamais...
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