Irritado, Abel assume o vexame. Palmeiras se desgasta, faz jogo angustiante contra Juazeirense, time da quarta divisão
A vitória por 2 a 1 contra a fraquíssima Juazeirense, em Barueri, contrariou todas as expectativas de Abel. Ele colocou titulares importantes para golear. Mas, outra vez, sofreu com falta de definidores no seu elenco
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli

São Paulo, Brasil
A irritação de Abel Ferreira era nítida.
As palavras saíam com dificuldade, tensão, raiva.
Deu tudo errado ontem na Arena Barueri.
O treinador havia poupado Dudu, Gustavo Gómez e Raphael Veiga da partida contra o Emelec, na Libertadores, para que entrassem diante do Juazeirense, time baiano da quarta divisão. O plano era massacrar o adversário, golear e fazer no dia 11 de maio, em Londrina, um jogo protocolar, só para constar. Garantir a vaga para as oitavas da milionária Copa do Brasil ainda ontem.
Mas a vitória foi um sofrimento. O Palmeiras jogou muito mal diante da previsível retranca do limitadíssimo Juazeirense. O treinador Barbosinha fez o que tanto vê pela tevê nas transmissões de jogos europeus. Duas linhas "baixas", perto de sua área. Uma com quatro jogadores e outra com cinco. E apenas um atacante mais à frente.
Básico do básico.
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Para piorar, em um contragolpe rudimentar, com o sistema defensivo palmeirense desorganizado, Nildo Petrolina marcou 1 a 0, aos quatro minutos.
Foi o que bastou.
O poderoso Palmeiras se complicou. Tentando marcar sob pressão, mas com seus jogadores fundamentais, como Raphael Veiga e Dudu, sem inspiração, e exagerando na tentativa de dribles desnecessários. E pouquíssimas triangulações pelas beiradas do campo. O que facilitou, e muito, o trabalho de marcação.
Aos poucos, o time baiano foi ganhando confiança. E o grande favorito, se enervando. A partida virou um sufoco. Embora Rafael Navarro tenha deixado Bruno Lopes livre para empatar, aos 12 minutos, o primeiro tempo foi angustiante. O Palmeiras segue se ressentindo da ausência de um grande definidor. A zaga nordestina, de Série D, não sofreu como a lógica indicava.

No segundo tempo, o panorama não se alterava, com a marcação travando o Palmeiras. Até que Gustavo Scarpa entrou. O time paulista passou a ter os chutes de fora da área como arma. E foi em um deles, preciso, que o meio-campista definiu a virada, aos 26 minutos. 2 a 1. Com a torcida empurrando, pressionando em Barueri, mais correria para tentar ampliar a vantagem. Em vão.
O resultado foi incômodo, insuficiente para trazer alívio para o jogo no dia 11 em Londrina.
E o pior, de tudo, o desgaste na luta pela vitória contra um time da quarta divisão.
Daí a irritação de Abel.
"Dos serviços mínimos obrigatórios, era ganhar o jogo, e penso que fizemos isso. Meus jogadores tentaram, criaram, além dos dois gols tivemos mais quatro chances, tivemos posse de bola. Faltou qualidade nas nossas execuções, mas eles se fecharam em cima da área com dez jogadores."

Sem argumentos, Abel chegou até a citar Corinthians, São Paulo e Santos para tentar aliviar as cobranças ao Palmeiras.
"Olhando para os times de São Paulo, todos tiveram dificuldades em ganhar. Queríamos uma vantagem maior, não conseguimos, mas fizemos o serviço. Nossa obrigação é ganhar e passar, essa é nossa responsabilidade."
Diante das críticas ao time e, principalmente, a Atuesta, jogador que custou caro, R$ 20,7 milhões, e não consegue render, o treinador ficou ainda mais tenso. Não negou o óbvio. E teve de assumir a responsabilidade. Afinal, a escolha da contratação do colombiano foi do português.
"Sim, (Atuesta) não está no seu melhor momento de forma. Não gosto de esconder. Vocês gostam de meter o dedo em um jogador, são todos. Não é só um. É verdade, ele está a complicar um pouquinho o jogo dele, naqueles passes fáceis que enervam a todos, que não pode falhar.
"Quando jogadores vão mal, é responsabilidade minha, eu que não passei as instruções certas, o feedback que passei não foi o mais correto. Temos que dar carinho a todos da mesma forma, e dar tempo. O tempo não é igual para todos. Tem uns que se adaptam facilmente, outros que demoram mais tempo. Temos que dar confiança."
A verdade é que ontem, em Barueri, quase foi uma repetição de 2021, quando o time alagoano CRB eliminou o Palmeiras, exatamente na terceira fase da Copa do Brasil. Se desdobrando em campo, fazendo da superação física a maneira de travar uma equipe muito mais qualificada.
Para isso, no elenco de Abel Ferreira faltam atacantes definidores, decisivos. Não tem. Há um rodízio de jogadores do lado de campo e meias marcando gols. Contra equipes retrancadas, mesmo da quarta divisão, as partidas são angustiantes.

E tome desgaste.
Depois de treino rápido, o Palmeiras viaja ainda hoje para a Bolívia, em voo fretado. Terça-feira jogará com o Oriente Petrolero, pela Libertadores. Na primeira partida foi 8 a 1, no Allianz Parque.
Poderia ir mais confiante, mais tranquilo em relação à Copa do Brasil.
Não vai.
Pelo contrário.
Viaja desgastado, cobrado.
E ciente do futebol decepcionante contra um time da quarta divisão...
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