Corinthians sofre com renovação amadora imposta por Andrés
A dívida do estádio e a falta de patrocínio master e de naming rights fizeram o presidente forçar a reformulação na equipe. E enfraquecer o time
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
"Temos um processo de evolução, estamos melhorando. Tivemos a saída de muitos jogadores e, com tempo para treinar, evoluímos. Contra todo esse entusiasmo do Colo-Colo, em 11 anos voltando às oitavas da Libertadores, vejo nosso time evoluindo.
"Jogamos 40 minutos com um homem a menos (Gabriel foi expulso) e construímos uma boa partida.
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"Acho que o jogo foi de dois momentos distintos. O Corinthians encontrou a posse de bola e evitamos o ímpeto do Colo-Colo.
"Em alguns momentos perdemos isso e demos profundidade ao time deles, e consequentemente deixamos de ter jogadas ofensivas. O segundo tempo tinha tudo para ser um grande segundo tempo, mas tivemos a perda de um jogador e tivemos um comportamento extremamente positivo na fase defensiva, por mais que a gente tenha oferecido algumas situações.
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"O Cássio teve uma atuação muito interessante, jogador de Seleção. E ele teve uma atuação que ela realmente nos ajudou a ter esse resultado de placar mínimo."
Essas as declarações de Osmar Loss, após a derrota do Corinthians, diante do Colo Colo, ontem, em Santiago.
Posse de bola do Colo-Colo: 55%. Posse de bola do Corinthians: 45%. Finalizações certas do Colo-Colo: 7. Finalizações certas do Corinthians: 1. Finalizações erradas do Colo-Colo: 4. Finalizações erradas do Corinthians: 4. Total de chutes a gol do Colo Colo, 12. Total de chutes do Corinthians, 5.
Essas são as estatísticas do jogo.
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Embora jovem, Loss toma o caminho de veteranos treinadores. Enxergar a sua verdade. E fazer com que ela prevaleça sobre a realidade.
Qualquer pessoa com neurônios que tenha assistido à partida viu o Corinthians dominado. Sem força ofensiva alguma. Tentou apenas se defender, mas não teve a mínima organização para contragolpear.
Se não fosse Cássio fazer pelo menos quatro defesas muito difíceis, o time poderia ter tomado uma goleada. Vale lembrar que o Colo Colo foi a equipe de pior campanha na fase de classificação da Libertadores.
O Corinthians agora precisa vencer por dois gols de diferença no Itaquerão, se quiser passar para as quartas. O que está longe de ser impossível, mas se mostra muito difícil. Mesmo faltando 20 dias, o absurdo calendário brasileiro coloca jogos do Brasileiro e uma decisão pela Copa do Brasil.
No domingo, pelo Campeonato Nacional, a Chapecoense, em Santa Catarina. Na próxima quarta, dia 15, outra vez a Chapecoense, valendo classificação às semifinais da Copa do Brasil. No primeiro confronto, o time de Loss venceu por apenas 1 a 0. Depois, logo no sábado, o Grêmio, no Itaquerão.
Na quarta-feira, dia 22, o Fluminense no Rio. No sábado, o Paraná no Itaquerão, dia 25. E, finalmente, no dia 29, a revanche contra o Colo Colo.
São cinco partidas em 17 dias.
O Corinthians é sétimo no Brasileiro.
Mas não há outra saída, a não ser poupar jogadores.
Após o gradativo desmanche comandado por Roberto de Andrade e Andrés Sanchez, o time está enfraquecido. Com um treinador inexperiente sob enorme pressão.
O que acontece com o Corinthians: falta de padrão de jogo, de confiança, de entrosamento, de força ofensiva, instabilidade defensiva, era absolutamente previsível. Andrés sabia do enorme risco que a equipe corria. E de o quanto precisava ter o time vencendo, lutando por títulos nacionais e, principalmente, pela Libertadores.
Para seguir negociando a dívida de R$ 1,7 bilhão pelo estádio, que trava o clube.
Só que sua estratégia vem sendo muito estranha. Desde facilitar a saída de Fábio Carille para o Al Wahda da Arábia Saudita. Até se apressar a negociar Balbuena com o West Ham, da Inglaterra. E Rodriguinho para o Pyramids, do Egito.
"Quem quiser sair, vai sair", discursou o presidente, deixando claro que se surgirem propostas por Fagner e Cássio, os jogadores que disputaram a Copa, não colocará dificuldades.
Essa não é postura de um dirigente que pretende manter um time forte. Há como negociar, conversar, propor aumento, tomar qualquer atitude. Não apenas apertar as mãos e dar um abraço nos atletas fundamentais para o Corinthians.
A postura passiva diante de Carille foi inexplicável. Mesmo com dificuldades finaneiras, o técnico venceu o Brasileiro e dois Paulistas. Em um ano e quatro meses de trabalho.
Loss está tentando reconstruir o time enfraquecido, mas com as mesmas cobranças. Os cerca de 'trinta milhões de corintianos no Brasil", como gosta de repetir, Andrés, querem uma equipe competitiva, que dê esperança de conquistas.
Não é o que acontece.
Até a imprensa chilena destacou a fragilidade da equipe paulista. Jogadores e o técnico Hector Tapia lamentaram não terem vencido por mais gols. 1 a 0 realmente foi muito pouco.
Com elenco pequeno, Loss sabe que tem até o final do ano para provar que merece ficar onde está. O mínimo que precisa conquistar é uma vaga para a Libertadores de 2019, quando a situação financeira vai melhorar, sonha Andrés. Ele assegura a aliados que renegociará o acordo com o Itaquerão, conseguirá vender os naming rights e trará novo patrocinador master para a camisa do clube, já são 15 meses sem.
Enquanto esse dinheiro não vem, há a realidade.
E a chegada de jovens promessas. Foram sete contratadas. Matheus Vidal, do Vasco, 20 anos. Thiaguinho, volante, 21 anos, do Nacional. Matheus Matias, atacante, 20 anos, do ABC. Douglas, volante, 21 anos, do Fluminense. Sergio Diaz, atacante, 20 anos, do Real Madrid B. Ángelo Araos, Universidad do Chile, 21 anos. Bruno Xavier, 21 anos, meia, do Nacional.
Vale destacar que Sergio Diaz está sem jogar desde novembro de 2017, graças a uma séria contusão. Ruptura do menisco e do ligamento cruzado.
A aposta na renovação seria louvável.
Se o Corinthians não estivesse pressionado.
Não há tempo para esperar a maturidade de ninguém.
O clube negociou jogadores fundamentais como Rodriguinho, Balbuena, Maycon e Sidcley.
O quarteto saiu por R$ 57 milhões, pouco dinheiro para tamanha perda.
Mas Osmar Loss não tem como reclamar.
Aliás, ninguém da diretoria.
Andrés Sanchez execer ao máximo o seu poder como presidente.
A sua filosofia para 2018 é óbvia.
Vender quem puder e contratar garotos para que se valorizem.
Só que o enfraquecimento da equipe é indiscutível.
A revonação poderá se perder com as derrotas.
O risco assumido pelo dirigente é grande demais.
E que expõe o Corinthians de forma amadora...
Quantos clubes trocaram de técnico no Campeonato Brasileiro 2018?
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