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BRASILEIRO 2022

Rebaixamento do Flamengo causa temor na Globo

Clube coleciona deficits e é o mais endividado do futebol brasileiro

Futebol|Eugenio Goussinsky, do R7

Rebaixamento eventual do Flamengo preocupa Globo
Rebaixamento eventual do Flamengo preocupa Globo

Com a audiência das partidas de futebol em queda, a TV Globo também está tendo prejuízos por causa da má gestão dos clubes brasileiros. A mais nova ameaça aos investimentos da emissora está em uma eventual queda do Flamengo para a Série B do Brasileiro. Neste domingo (10), o clube respirou um pouco mais, saindo da lanterna após vencer o Sport por 1 a 0, mas ainda se mantendo na zona de rebaixamento. 

A queda do clube mais popular do país não seria um bom negócio em termos de valorização do produto comprado pela Globo, na opinião do especialista em gestão esportiva, Antonio Afif. Para ele, porém, a questão da audiência e dos direitos de TV é apenas uma entre outras que precisam ser solucionadas como um todo, para que o futebol nacional volte a ser atraente.

— É cedo para falar em queda do Flamengo, mas um eventual rebaixamento da equipe mais popular do país mostra que, para a Globo, o atual modelo do futebol brasileiro não está bom. Com a ausência do Flamengo, assim como aconteceu com o Corinthians, a audiência nos domingos iria diminuir. Todos saem prejudicados se isso acontecer. Mas, ainda mais do que a emissora, o maior prejudicado com o rebaixamento seria o próprio Flamengo.

Segundo levantamento feito pela consultoria BDO, o Flamengo foi o clube que mais recebeu receitas pelos direitos de transmissão de seus jogos, chegando a R$ 110 milhões em 2013 e ultrapassando o Corinthians, que até então se mantinha na liderança.


Dívidas

Apesar de ser o clube com maior receita vinda da TV, o Flamengo ocupa o primeiro lugar na lista dos mais endividados do futebol brasileiro. O endividamento líquido do Fla chegou a R$ 759,4 milhões no ano passado, em estudo da BDO divulgado em 2014. 


No cálculo da consultoria, estão incluídos o endividamentos da Timemania, tributários e por empréstimos. Destes três itens, o Flamengo é o clube que mais tem dívidas na Timemania (R$ 269,7 milhões) e em tributos (R$ 386,4 milhões).

Para piorar o cenário, a diretoria ainda não conseguiu sanear os cofres da entidade, que vem colecionando seguidos deficits em caixa. Em 2013, por exemplo, mesmo apontando uma diminuição do prejuízo, o Flamengo registrou um saldo negativo de R$ 19,5 milhões, o que coloca o time que mais recebe verbas da TV na 15ª colocação em um ranking de 24 clubes.


Clubes brasileiros pecam por falta de profissionalismo e se endividam até o pescoço

Afif ressalta que a Globo está investindo em entidades que não têm saúde financeira suficiente para dar retorno. Tanto que a própria emissora se preocupa em dar condições às equipes grandes em caso de rebaixamento. Neste caso, as cotas de televisionamento têm apenas uma leve queda, caso uma das equipes consideradas de primeira linha caia para a Série B.

Trata-se de uma precaução da emissora para que o clube não entre em um completo caos financeiro e tenha mais possibilidades de se recuperar e retornar à Primeira Divisão. A diminuição dos valores só vai ocorrendo gradativamente, se o clube não consiguir retornar no ano seguinte. O Vasco, por exemplo, recebeu R$ 72 milhões da TV em 2013 e, mesmo tendo caído para a Série B, receberá R$ 70 milhões em 2014.

— De qualquer maneira, não é bom para a Globo investir quase a mesma quantia em uma equipe que estará disputando uma competição menos valorizada. O ideal é ter os clubes de maior torcida participando do principal campeonato do país.

Disney

O consultor atribui a diminuição da audiência da TV à diminuição da qualidade dos campeonatos no país, que, para ele, estão em número excessivo.

—São muitos jogos e campeonatos, com a qualidade bastante prejudicada. Não há preocupação em se valorizar o produto futebol. Falo isso há mais de 20 anos. O modelo de clube no Brasil está falido. Hoje o Botafogo está em uma crise forte, amanhã pode ser o Flamengo ou qualquer outro. É necessário rever o vínculo dos jogadores com os clubes e o processo de formação dos atletas, entre as várias questões.

Afif lembra uma frase do ex-ministro da Fazenda do Brasil, Maílson da Nóbrega, para resumir como os dirigentes brasileiros não sabem "vender" o futebol como espetáculo.

—Os melhores jogadores saem com muita facilidade dos clubes. Antigamente eu mesmo ia ao Pacaembu só para ver o Cruzeiro de Dirceu Lopes e Tostão, e o Palmeiras de Ademir da Guia. O interesse hoje é menor, o jogo é mais truncado. Sair de casa para ver quais jogadores? É como disse o ex-ministro: os clubes fazem na prática o que a Disney faria se vendesse o Mickey e o Pato Donald para obter caixa.

E, por fim, ele critica a opção pela realização de "vaquinhas" entre torcedores para diminuir as dívidas do clube e auxiliar no pagamento das contas.

—Isso é absurdo. Nenhum caso deste tipo deu certo no futebol brasileiro. Mesmo o que for arrecadado não vai adiantar nada. O importante é ter uma gestão consistente. Estas vaquinhas são medidas inócuas. Ninguém joga dinheiro pela janela.

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