MP abre nova investigação e pede a extinção da Gaviões da Fiel após briga no DF
Torcida organizada terá de pagar multa de R$ 30 mil e poderá ser dissolvida
Futebol|Luiz Felipe Castro, do R7

O Ministério Público de São Paulo se manifestou nesta terça-feira (27) sobre os incidentes ocorridos no estádio Mané Garrincha, em Brasília (DF), entre torcedores do Corinthians e do Vasco no último domingo (25). O promotor de Justiça do Consumidor, Roberto Senise Lisboa, afirmou em entrevista coletiva que abrirá um novo processo contra a Gaviões da Fiel e pedirá a dissolução da maior torcida organizada do Corinthians.
Senise relembrou que a Gaviões da Fiel não cumpriu o acordo — assinado junto ao Ministério do Esporte e o Ministério Público, em 2011, com mais de 50 torcidas organizadas de São Paulo — de zelar pela segurança de seus torcedores nos estádios. Por isso, será aplicada, pela terceira vez, a execução do termo de compromisso e cobrada uma multa de R$ 30 mil à entidade.
Atualmente, corre na Justiça um pedido de dissolução da torcida organizada corintiana, devido a uma briga com a Mancha Alviverde, do Palmeiras, que resultou em duas mortes, no ano de 2012. Por ser reincidente, o MP entrará nessa semana com um novo pedido de extinção da Gaviões.
Segundo Senise, esta não é a melhor solução para o caso, mas é a única cabível no momento, já que as torcidas organizadas insistem em não colaborar com a Justiça.
— O ideal não seria a extinção da torcida, mas que a lei tivesse mais efetividade para responsabilizar a pessoa física. A Gaviões, pelas informações que eu tive acesso, tem bem mais de 30 milhões de associados, na verdade são 60 mil. As torcidas precisam ajudar a si mesmas, identificando os culpados. Sem a ajuda delas fica difícil, existe uma lei do silêncio.
Senise não escondeu, no entanto, que, caso a Gaviões seja efetivamente extinta, a torcida corintiana poderia usar do mesmo artifício da Mancha Verde — que mudou de nome para Mancha Alviverde — e continuar frequentando os estádios normalmente.
— Na prática, o que significa é o fim daquela pessoa jurídica, o que não impede que se crie uma nova torcida (com os mesmos integrantes). Mas caso isso ocorra, o Ministério Público saberá que a torcida continua a existir, apenas com uma nova "roupagem".
O MP ressaltou que os incidentes ocorridos em Oruro, na Bolívia, no início do ano não dizem respeito à entidade por terem ocorrido fora do território nacional e que por isso eles não entrarão no novo processo contra a Gaviões.
Senise comentou também a notícia dada pelo jornal O Estado de S. Paulo, que o torcedor Leonardo Silva da Oliveira, conhecido como Soldado, teria sido um dos responsáveis pela briga em Brasília. Segundo o promotor, o torcedor preso em Oruro, será investigado e poderá responder judicialmente por sua participação, mas isso não absolveria a Gaviões da Fiel.
— A gente pode ir atrás da pessoa jurídica, mas o Estatuto do Torcedor responsabiliza as torcidas organizadas, e essa é uma questão que deve ser discutida. Teoricamente, se pode responsabilizar a torcida apesar de uma eventual indentificação do torcedor.