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Ídolo do futebol de Israel é 'peça-chave' em acordo com Emirados

Eli Ohana faz parte da diretoria que negociou a venda de 50% do Beitar Jerusalém para o xeque dos Emirados Árabes, em mais uma consequência do acordo de paz

Futebol|Eugenio Goussinsky, do R7

Eli Ohana jogou na Europa
Eli Ohana jogou na Europa Eli Ohana jogou na Europa

Ele tinha um toque sutil e diferenciado. Foi o primeiro em Israel a fazer sucesso no futebol europeu. Numa trajetória turbulenta, onde enfrentou a depressão, o êxito e as polêmicas, Eli Ohana é considerado por muitos o maior jogador da história israelense.

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Ohana, de preto no cento, participou da reunião
Ohana, de preto no cento, participou da reunião Ohana, de preto no cento, participou da reunião

Muito ligado ao Beitar Jerusalém, clube que defendeu e do qual é atualmente presidente do conselho, seu próximo objetivo é tão ousado quanto sua carreira: ajudar a fazer do clube não só uma potencial nacional, mas com capacidade de chegar longe em campeonatos na Europa, já que Israel, por questões políticas, não participa de competições na Ásia.

Tal objetivo só pôde começar a ser colocado em prática após o empresário Moshe Hogeg, se tornar o dono do clube em agosto de 2018. Com Hogeg no comando, o Beitar passou a mudar alguns de seus conceitos conservadores, para descontentamento de boa parte de sua torcida, nacionalista de direita.

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"Com a aquisição do clube pelo empresário Moshe Hogg, ficou claro para todos que a religião não é um fator na seleção de jogadores para o Beitar Jerusalém. E o mesmo acontece com todos os membros do clube, vêem Beitar Jerusalém como uma missão social capaz de produzir mudança social e verdadeira coesão", afirma o site oficial do clube.

As palavras não ficaram apenas na promessa. E Hogeg tratou de cumprir sua meta. Em dezembro último negociou 50% da propriedade do clube com o xeque Hamad bin Khalifa Al Nahyan, dos Emirados Árabes Unidos.

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O país árabe irá investir 92 milhões de dólares (R$ 478 milhões) na equipe israelense nos próximos 10 anos e terá um representante na diretoria. A assinatura contou com a participação de Ohana, que viajou com Hogeg para os Emirados.

A parceria foi firmada três meses depois de Israel e os Emirados Árabes Unidos estabelecerem relações diplomáticas.

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É inegável o caráter emblemático desta parceria entre o clube e o país árabe. O Beitar é mesmo um clube essencialmente sionista. A palavra Beitar é um acrônimo de Brit Hanoar haivri al shem Yosef Trumpeldor (pacto da juventude hebreia com Yosef Trumpeldor).

Trumpeldor foi um imigrante sionista que morreu na defesa do assentamento judaico de Tel Hai em 1920. Tornou-se um herói nacional. A aliança do clube com os Emirados simboliza, neste sentido, uma abertura maior do sionismo para a integração com países árabes, antes hostis a Israel.

Presença de Ohana

Inclusive pelo fato de ter nascido em Jerusalém, Ohana, de 56 anos, tem a importância de, neste contexto, representar a tradição do clube, como seu maior ídolo. A própria entrada dele no futebol foi uma atitude de ruptura com alguns valores radicais. De família religiosa, teve dificuldade para que sua opção pelo futebol fosse aceita. Seu irmão Yossi, neste sentido, foi quem mais lhe deu força.

Assim como lhe deu força para continuar na profissão, após sua namorada Sarit Schwartz morrer em um trágico acidente, em 1982.

Ohana foi meia-atacante do Beitar entre 1980 e 1987 e, na parte final da carreira, voltou para o clube, para jogar entre 1991 e 1999. Seu retorno da Europa, após conquistar a Recopa, pelo belga KV Mechelen, também conhecido como Malines, ocorreu no mesmo ano em que a equipe passou a jogar no Teddy Kolek Stadium. Entre outros títulos também conquistou o Campeonato Israelense de 1986–1987; 1992–1993; 1996–1997 e 1997–1998.

Na seleção, atuou entre 1984 e 1997 tendo, como momento mais marcante, feito o gol de Israel no empate por 1 a 1 com a Austrália e, na comemoração, ter se dirigido ao banco do treinador adversário para lhe mostrar a Estrela de David. A explicação é que o técnico teria supostamente feito declaração antissemita antes do jogo.

Por sua personalidade forte, Ohana se tornou ídolo em Israel. Um futebol que ainda não ganhou projeção internacional, tendo participado apenas de uma Copa do Mundo, em 1970. E conquistado o campeonato da Ásia, em 1964.

De resto, também muito em função da obrigatoriedade dos jovens fazerem exército e de questões religiosas, o campeonato israelense, conhecido como Ligat Al, ainda não tem visibilidade internacional. Mas está cada vez mais profissionalizado, com estádios modernos e campos de treinamentos equipados.

O próximo passo, unindo a tradição à modernidade, é fazer do futebol também uma ferramenta para as relações diplomáticas. Algo que os israelenses sempre admiraram em relação ao futebol brasileiro. Agora, Israel quer mostrar para o mundo um pouco de seu orgulho, um tanto constrangido, nesta área ainda desconhecida para o mundo. Afinal, Israel teve Eli Ohana.

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