“Guerrero seria titular da seleção se fosse brasileiro”, diz Vagner Love
Ex-reserva do peruano no Timão, jogador não poupou elogios ao novo atacante do Fla
Futebol|Vinícius Bacelar, do R7
Autor de três gols nos últimos três jogos no Itaquerão, marca que divide com o meia Jadson, Vagner Love ainda tenta superar a desconfiança da torcida corintiana.
Revelado no rival Palmeiras, o centroavante agora tem a difícil missão de vestir a camisa 9 deixada pelo ídolo Paolo Guerrero, contratado pelo Flamengo.
Love, inclusive, acredita que seu ex-companheiro de Timão teria totais condições de ser o titular da seleção de Dunga hoje, caso fosse brasileiro.
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Além de elogiar o peruano, o atacante corintiano também falou sobre as chances que teve com a Amarelinha, de sua passagem pela China e seu passado palmeirense.
Confira abaixo a entrevista exclusiva de Love ao R7:
R7: Dá para comparar seu estilo com o do Guerrero?
Love: São características diferentes. O Guerrero gosta de jogar de um jeito e eu gosto de jogar de outro. Por isso foi difícil me entrosar no começo. Ele era o titular absoluto e os outros atletas estavam acostumados com sua maneira de atuar.
R7: Quais são as principais diferenças?
Love: Na forma de receber a bola. Eu faço muito bem o pivô no chão e ele consegue fazer no alto, coisa que já tenho dificuldade.
R7: Mas não há nenhuma semelhança?
Love: Nós gostamos de fazer gols. Por onde eu passei fui artilheiro e vou tentar ser também no Corinthians. Sei da responsabilidade de substituir o cara que fez o gol do título mais importante da história do clube, mas sempre estive pronto para assumir minhas responsabilidades.
R7: O que mudou para os seus gols saírem? Já são três nos últimos três jogos na Arena Corinthians...
Love: As duas semanas que fiquei fora foram importantíssimas para mim. Eu tive a oportunidade de fazer uma minipré-temporada, que ainda não tinha feito. Evoluí fisicamente e, tecnicamente, as coisas começaram a acontecer. É fruto de muito trabalho.
R7: Ter ido para a China te atrapalhou fisicamente? Os atletas são menos exigidos lá?
Love: São menos exigidos porque os jogos não são tão competitivos. Os 38 jogos do Brasileirão são todos bem pegados. Há times muito fracos na China. Depois de um ano e meio lá, foi difícil entrar no mesmo ritmo nosso. A diferença entre o futebol brasileiro e o chinês é muito grande, mas eles estão tentando se fortalecer com os atletas e técnicos daqui.
R7: Você foi e voltou algumas vezes do exterior. Se não fossem estas idas e voltas, seria convocado para a seleção com mais frequência?
Love: Naquela época, o futebol russo e o chinês não eram tão vistos. Perdi visibilidade, mas, mesmo assim, fui campeão da Copa América em 2007 com um bom desempenho. Fico feliz que haja mais chances para os brasileiros que atuam lá hoje.
R7: Falando em seleção, após um ano da derrota por 7 a 1 para Alemanha, um dos jogadores mais criticados do Brasil foi justamente o centroavante, o Fred. Se o Vagner Love fosse o Dunga, quem seria o 9 brasileiro? Ou jogaria sem ninguém na referência?
Love: (Risos). Como não sou treinador e nem pretendo ser no futuro...Fica muito difícil de responder.
R7: Mas o que você acha do Roberto Firmino e do Diego Tardelli, que jogaram na última Copa América?
Love: Não acompanhei a carreira do Firmino, então não posso falar dele. Vi o Tardelli no Atlético-MG e ele estava muito bem. Merecia muito ser convocado e ainda merece, mas na China não sei se vai continuar sendo chamado. Sei que tem qualidade para estar na seleção.
R7: Não arrisca mesmo “convocar” um 9 para a seleção?
Love: Não mesmo (risos).
R7: E se o Guerrero fosse brasileiro? Teria chances?
Love: Com certeza. Mostrou isso na Copa América. Mesmo atuando pelo Peru, uma seleção que não tem a fama de ter grandes jogadores. Foi terceiro lugar na competição e acabou como um dos artilheiros. Representaria muito bem o Brasil.
R7: Ele seria titular?
Love: Seria titular, sim.
R7: Voltando ao Corinthians. O Rildo se apresentou nesta quarta-feira e o Tite ganhou mais uma opção no ataque. Há um tipo de atacante que você prefira para fazer uma dupla ofensiva? Um cara mais rápido ou outro que encoste mais para tabelar?
Love: Aí é com o Tite, né? (Risos). Não há uma preferência. Tive bons parceiros em toda a minha carreira: Edmilson (atualmente na Chapecoense), que era muito rápido no Palmeiras em 2003. Também joguei com o Jô na Rússia, com o Aloísio (Boi Bandido) na China...Cada um com um estilo diferente. Quando o cara é inteligente, fica mais fácil pra todo mundo.
R7: Você foi revelado no Palmeiras e voltou à cidade de São Paulo para jogar no maior rival do clube. Como é encontrar os palmeirenses na rua? Sua saída foi tumultuada em 2009...
Love: O meu problema foi com três torcedores do Palmeiras. Não com toda a torcida. Acredito que haja um carinho por mim. Não sei hoje porque estou no maior rival, mas tive uma passagem boa por lá.
Sou grato pela oportunidade que eles me deram, porém vivo o Corinthians agora. Sempre quis vestir essa camisa. Em 2005, infelizmente, não deu certo. Quase aconteceu na época. Ainda bem que tive outra oportunidade. Seria frustrante não jogar aqui. Estou muito feliz.
Alguns palmeirenses falam que estou no lugar errado, mas não. Tenho certeza de que estou no lugar certo.
R7: Os corintianos estavam desconfiados com a sua chegada. Como está essa relação agora? Já pedem fotos e autógrafos?
Love: Pedem sim. Sabia que não seria fácil por ter jogado no rival. Eu teria que provar meu valor com gols. As coisas estão acontecendo e tenho tentado retribuir o carinho da torcida em campo.