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Fisiologista detona calendário brasileiro e propõe limite de jogos por ano bem abaixo do atual

Doutor Turíbio de Barros explica as diferenças da pré-temporada na Europa e no Brasil

Futebol|Luiz Felipe Castro, do R7

Clubes brasileiros podem ultrapassar marca de 80 jogos no ano, média muito superior a dos times europeus
Clubes brasileiros podem ultrapassar marca de 80 jogos no ano, média muito superior a dos times europeus Clubes brasileiros podem ultrapassar marca de 80 jogos no ano, média muito superior a dos times europeus

Na contramão das propostas do Bom Senso FC — grupo formado por atletas que pedem melhorias no calendário do futebol brasileiro —, a CBF anunciou recentemente que os Estaduais serão antecipados em 2014, para se adequar à tabela da Copa do Mundo. Com isso, os atletas terão suas férias reduzidas a menos de um mês e praticamente não farão pré-temporada no ano que vem.

Como o Brasileirão acabará em 8 de dezembro e os Estaduais terão início no dia 11 de janeiro (ainda há a possibilidade de mudança para o dia 18), os principais clubes do Pais terão que abolir a pré-temporada ou reduzir as férias dos atletas. De todos as equipes, o Atlético-MG será o mais prejudicado: se chegar à final do Mundial de Clubes, em 21 de dezembro, terá apenas 20 dias entre o jogo no Marrocos e o início do Mineiro.

Para analisar as mudanças no calendário e estipular qual seria o tempo ideal de descanso dos atletas, o R7 procurou o fisiologista Turíbio Leite de Barros, que trabalhou por 25 anos no São Paulo e foi o idealizador do cultuado Reffis (Centro de recuperação de atletas do Tricolor). Segundo ele, os times deveriam ter, no mínimo, o dobro do tempo estipulado pela CBF para se preparar para o retorno aos gramados.

— O ideal ou necessário seria um mês de férias e mais quatro semanas de pré-temporada até iniciar uma competição. Da maneira que acontece, sempre vai haver um prejuízo, aumenta a incidência de lesões, os clubes entram mal preparados.

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Além do pouco tempo de descanso e preparação, Turíbio chamou a atenção para o elevado número de partidas e o pequeno intervalo entre elas. Levando em conta também as enormes distâncias percorridas pelas equipes durante toda a temporada, o fisiologista estabeleceu o limite de compromissos que um clube deve ter.

— O ideal seria que as equipes jogassem em torno de 65 jogos, 70 no máximo, por ano.

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Curiosamente, o ex-clube de Turíbio pode terminar o ano como a equipe que mais entrou em campo no Brasil. Devido às competições internacionais disputadas em agosto, o São Paulo já tem 79 jogos garantidos neste ano e o número ainda pode subir para 85, caso o Tricolor chegue novamente à final da Copa Sul-Americana, que acontece em 11 de novembro.

Comparação com o futebol europeu

Doutor Turíbio Leite Barros garante que não há como comparar a nossa realidade com a dos clubes na Europa. Segundo ele, além das diferenças geográficas que resultam em viagens mais curtas, as equipes europeias tem um sistema de treinamento bastante diferente.

— Lá a pré-temporada é respeitada, eles obedecem essas quatro semanas de preparação. E quando começa a temporada, o trabalho é praticamente só de manutenção, você não precisa mais ter um ritmo muito forte. Aqui, como se começa a temporada muito aquém do nível ideal, acaba se treinando muito mais.

De fato, em número de jogos, há pouca diferença entre o calendário brasileiro e o europeu: em 2012, o campeão mundial Corinthians fez 74 partidas, contra 68 do Chelsea. O tempo de descanso, no entanto, é realmente bem maior no Velho Continente: a Bundesliga, por exemplo, acabou em 18 de maio e só voltou em 27 de julho.

Sucesso de veteranos no Brasileirão

Por fim, o especialista em recuperação de atletas analisou o fenômeno de atletas como Juninho Pernambucano, Seedorf e Paulo Baier, que apesar da idade avançada, tem conseguido se destacar no Brasileirão.

— Na verdade, eles são uma exceção, a regra é a carreira acabar antes. Todos estes jogadores que esticam mais a carreira têm uma combinação de fatores: uma herança genética favorável e uma grande disciplina. Eles levam a carreira mais a sério, evitam imprudências. Além disso, são jogadores que nunca sofreram uma lesão muito grave.

Veja reportagem do Esporte Fantástico sobre as reclamações dos atletas com o calendário de 2014:

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