Jogadores foram os psicólogos do Brasil na campanha do tetra
Ex-zagueiro Ronaldão revela momento tenso na partida entre Brasil e Estados Unidos
Copa do Mundo 2014|Eugenio Goussinsky, do R7

Nesta Copa do Mundo no Brasil, um dos temas mais comentados quando o assunto é seleção brasileira passa pelo aspecto psicológico do time. Muitos acabaram questionando a liderança de Thiago Silva, por causa do excesso de emoção demonstrado pelo jogador antes, durante e depois dos jogos. Como aconteceu em 2002, o técnico Luiz Felipe Scolari conta com o auxílio da psicóloga Regina Brandão para lidar com questões do grupo.
Ela até traçou um perfil psicológico de cada jogador, apontando aspectos importantes de cada um, principalmente nos momentos decisivos. E para a seleção brasileira, em Copa do Mundo, ainda mais no Brasil, cada momento é crucial.
Em 1994, porém, quando a pressão era tão grande quanto a atual, já que o Brasil estava há 24 anos sem conquistar a Copa, os jogadores mais experientes fizeram o papel de psicólogos do grupo, apesar de, na época, o consultor motivacional Evandro Mota ter feito algumas palestras para o elenco.
Mas, nas horas de aperto, foram os próprios atletas que resolveram as pendências. Num episódio marcante, o ex-zagueiro Ronaldão, que fazia parte do grupo, conta que, graças à sua interferência, a equipe não entrou em uma crise durante as oitavas de final, contra os Estados Unidos.
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Na ocasião, no fim do primeiro tempo, o lateral Leonardo havia sido expulso por ter dado uma cotovelada em Tab Ramos. O substituto natural seria o lateral-esquerdo Branco. Mas, para compor melhor a equipe, o então técnico Carlos Alberto Parreira escalou Cafu para a etapa final. No vestiário, ao saber da decisão, Branco ficou muito irritado e quase partiu para tomar satisfações com o técnico. Quem o acalmou foi Ronaldão.
—Foi o ponto-chava daquela Copa. Você não tem ideia do momento pelo qual passamos. Branco estava muito exaltado, eu o segurei, levei para um canto e disse. 'Segura, vamos ganhar assim. Na próxima você entra no time'.
Mais tranquilo, Branco se conteve e nada disse a Parreira. O Brasil venceu o jogo marcando o gol naquele segundo tempo, com Bebeto. E, no jogo seguinte, Branco foi escalado e fez o gol da vitória, nas quartas, contra a Holanda, quando o Brasil venceu por 3 a 2.
—Branco é um grande parceiro, gosto muito dele. E ele sabe que aquela respirada a mais foi fundamental para a equipe chegar ao tetra. Se ele tivesse prosseguido em sua explosão, a Copa estaria acabada para ele. E, provavelmente, para o Brasil.