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"ME JOGARAM URINA. FALARAM QUE ERA BANHO DE MACACO" | COSME RÍMOLI

Tudo de Esportes|Do canal Canal do Cosme Rímoli no YouTube

Mário Lúcio Duarte Costa não fala só por ele, um garoto que morava de favor em um porão com sua mãe, empregada doméstica e irmãos.

Nem pelo ex-goleiro da Ponte Preta, Atlético Mineiro, Santos, Palmeiras, Joinville e Avaí.

Também não pelo escritor talentoso que se mostrou, após a carreira.

Ele fala por 55,5% da população deste país que o IBGE considera preta ou parda.


Aranha é muito mais que o jogador do Santos que foi chamado de macaco por Patrícia Moreira, na arena do Grêmio. E que o país todo acompanhou a cena vergonhosa.

"Sou um brasileiro negro que enfrenta o preconceito desde que nasci. Só quem tem a cor da pele preta sabe o que é. O racismo está instalado no Brasil. A escravidão só acabou há 137 anos. Tudo é muito mais profundo do que parece.


"O Pelé não seria Pelé se enfrentasse o racismo. O sistema iria travá-lo. Como tenta travar Vinicius Júnior. Os casos de preconceito continuam. O Luighi do Palmeiras, a casca de banana atirada nas jogadoras do Sport, no jogo contra o Internacional. O presidente da Conmebol comparar os times brasileiros ao macaco do Tarzan. A luta é pesada.

"A menina que me chamou de macaco só 'entrou na onda'. Eram muitos torcedores do Grêmio que gritavam macaco. Ela foi filmada e pagou.


"Estava me aquecendo um dia, no Sul, e alguns torcedores, uns seis ou sete me jogaram copos cheios de urina. Diziam, rindo, que era 'banho de macaco'. Que eu estava mais perfumado com a urina. Foi muita humilhação.

"Levei um jogador da base a um hospital em Campinas. A polícia me viu com um celular. E soldados, sem falar nada, começaram a me espancar. Como se fosse bandido. Por ser negro e com um celular caro só poderia ser bandido. Fui reconhecido como goleiro da Ponte e só por isso me salvei.

"Qual a sensação de ser chamado de macaco? É desumano. A pessoa quer te comparar a um animal. Dizer que você não é humano por ter a pele preta. Dói. E dói muito.

"Quando criança eu gostava de uma menina branca. Tinha oito, nove anos. Um dia, brincando, encostei no braço dela. Ela disse para eu não encostar nela. Porque eu era preto, sujo. Corri para o banheiro e fui me lavar, tentando tirar a cor escura, a tal 'sujeira' que ela falava. O trauma nunca passou.

"Goleiro preto no Brasil não é levado a sério. Tem de fazer o dobro dos brancos. Desde que o Barbosa, na Copa de 50. Colocaram a culpa nele porque era negro. Aliás, todos os jogadores que foram cobrados naquela final eram negros. O preconceito estava ali, escancarado.

"Onde estão os treinadores negros no Brasil? Os presidentes de clubes?

"Eu tive a sorte de poder estudar. Escrevi dois livros. Brasil Tumbeiro, que mostra os negros vitoriosos que influenciaram a história e o Brasil faz de tudo para esconder. Tumbeiro, porque tumbeiros eram os apelidos dos navios negreiros que vinham da África. Eram tumbas, porque a maioria dos negros morria no trajeto até o Brasil.

"O segundo é Patrocínio, que fala de José do Patrocínio, negro fundamental na história do país e ninguém conhece. O sistema não deixa."

A entrevista com Aranha é importante.

Necessária

E que dá revolta e orgulho a este jornalista...

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