O Comitê Olímpico Internacional (COI) escolheu Tóquio para sediar os Jogos Olímpicos de 2020 como uma promessa de dias melhores para um país profundamente afetado pelo desastre em março 2011 e suas consequências nucleares.
A delegação japonesa pulou de alegria quando o presidente do COI, o belga Jacques Rogge tirou o nome da cidade do envelope em cerimônia realizada em Buenos Aires.
Os membros do COI escolheram a capital japonesa por 60 votos contra 36 para sua principal adversária, Istambul. Madri, a outra candidata, foi eliminada na primeira rodada da votação.
A capital japonesa, que já recebeu o evento em 1964, era favorita nas bolsas de apostas e conseguiu convencer os membros do COI, apesar do forte nível de radiatividade registrado nas últimas semanas na região central atômica de Fukushima, principal vítima material do terremoto seguido de tsunami registrados no país em 2011.
Cidade de 13 milhões de habitantes, Tóquio apostou em uma candidatura marcada pela alta tecnologia e a solidez econômica, junto com a proposta de reformar parte das instalações utilizadas há 56 anos.
Em Tóquio, milhares de japoneses gritaram de alegria e festejam a escolha da capital japonesa.
"Banzai! Banzai!", exclamaram centenas de pessoas reunidas no auditório Tosho, no coração da cidade, onde acompanharam a transmissão do evento.
Deste modo, os japoneses conseguiram afastar o fantasma da crise na central nuclear de Fukushima, o ponto mais controvertido da apresentação do projeto olímpico japonês.
Na apresentação deste sábado ante o COI, o primeiro-ministro Shinzo Abe garantiu que a crise de Fukushima "está sob controle".
"A situação está sob controle, nunca teve e nunca terá um impacto sobre Tóquio", afirmou Abe durante a exposição do projeto.
"O impacto da água contaminada foi bloqueado a 0,3 km2", enfatizou. Entre Tóquio e Fukushima há uma distância de 220 km.
Muito mais fácil para Abe foi explicar que a capital japonesa "é a cidade mais segura do mundo e a número um em transporte público". Ele destacou que apenas na malha ferroviária, os trens da capital transportam com total pontualidade 26 milhões de pessoas.
Tsunekazu Takeda, presidente da candidatura Tóquio-2020, afirmou que a cidade está disposta a organizar "jogos bem compactos", e que dispõe de 4,5 bilhões de dólares em um fundo aprovado e destinado à construção das sedes esportivas.
Segundo o projeto, a cidade japonesa, cujo lema olímpico é "Descobrir o Amanhã", propõe Jogos mais compactos, divididos em zona de competição: uma de frente para o mar e outra batizada de 'Patrimônio', que recupera algumas das instalações que foram utilizadas em Tóquio-1964 dando um exemplo concreto da noção de "legado", que tanto agrada ao Comitê Olímpico Internacional (COI).
Em uma das primeiras reações, Ng Ser Miang, um dos seis candidatos a suceder Rogge à frente do COI, disse que a disputa foi muito concorrida desde o início, com as três cidades "demonstrando excelência e sofisticação quando se trata de apresentar propostas de classe mundial".
=== Expectativas frustradas ===
A delegação turca tinha um alto grau de expectativas depois de ter eliminado, na rodada preliminar, a capital espanhola, que era assinalada como a favorita na disputa.
Em sua apresentação, Istambul apostou tudo em sua condição de cidade ponte entre a Ásia e a Europa, e tinha como carta vencedora a possibilidade de poder ser a primeira anfitriã olímpica em um país com maioria muçulmana.
Madri, com o argumento de que teria um orçamento austero e equilibrado, não conseguiu convencer os membros do COI, que a deixaram de fora logo na primeira rodada.
Deste modo, a capital espanhola fracassou em sua quarta tentativa de sediar os Jogos, depois de 2016, 2012 e 1972.
"Não estava em nossas previsões, estávamos cheios de otimismo, ninguém espera por isso. Não sabíamos o que dizer, depois de tanto esforço. Isso foi muito duro", declarou a espanhola Jenifer Pareja, vice-campeã olímpica de waterpolo em Londres-2012.
O COI define neste domingo se inclui outro esporte na competição de 2020 e deverá escolher entre o squash, a luta e o softbol/beisebol. Na terça, elegerá o sucessor de Jacques Rogge na presidência da entidade.
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