*A Europa, um dos continentes mais castigados pelo novo coronavírus, começa lentamente a flexibilizar o isolamento social e ativar diversos setores econômicos que ficaram paralisados nos últimos dois meses e meio. Assim como toda área esportiva, o Jiu-Jitsu foi afetado nos eventos e também na esfera das academias – que precisaram ser fechadas. A TATAME conversou com professores de países afetados do continente europeu para entender um pouco como foi enfrentar a pandemia e como está sendo este processo de retomada.
Confira como o vírus impactou no negócio de professores na Itália, Espanha, França e Inglaterra, e como eles fizeram para contornar a crise sanitária.
ITÁLIA
O italiano Roberto Bocchi, faixa-preta da Gracie Barra, lidera uma escola em Torino, que fica ao norte do país. A Itália, logo após a China, foi o segundo epicentro global do novo coronavírus e está em isolamento desde o dia 9 de março. Em conversa à TATAME, o professor disse que sofreu um baque financeiro com a paralisação das aulas e não teve nenhum suporte do governo.
“O impacto no meu negócio foi enorme, passamos de 250 (alunos) para 0 em um dia. O governo não fez quase nada para ajudar, em dois meses, eles nos deram 600 euros e não foi para todo mundo, apenas 8% das empresas esportivas receberam essa ajuda antes que o governo ficasse sem dinheiro. Portanto, definitivamente não teve ajuda”, disse o faixa-preta, que seguiu:
“Na prática, eles (alunos) não estão mais pagando a mensalidade. Em vez disso, temos uma promoção com desconto de 50% do preço normal para os alunos que nos seguem online”, relatou.
Roberto disse que é a favor da reabertura das academias mesmo com restrições. A expectativa é que o governo autorize a liberação das escolas de artes marciais a partir de junho.
ESPANHA
Assim como na Itália, a Espanha viveu dias tristes nos últimos dois meses com a pandemia. O país, que entrou em estado de emergência no dia 14 de março, precisou fechar todos os estabelecimentos com exceção dos serviços essenciais. Leandro Gontijo, que é responsável por duas escolas da Gracie Barra, em Barcelona e Castelldefels, relatou um pouco da situação vivida no país.
“A crise sanitária nos afetou e muitas pessoas ficaram sem trabalho. As academias também sofreram um forte impacto. Estamos todos juntos, lutando com os nossos alunos, para podermos vencer. O governo disponibilizou ajuda para pessoas e as empresas, mas até o momento, essa ajuda não chegou a todos. Eu ainda não recebi essa ajuda. A nossa academia só consegue sobreviver, graças aos alunos que seguem pagando as mensalidades com uma cota reduzida de 60%. Alguns alunos, seguem até pagando a cota inteira por não terem sido tão afetados pela crise. Outros foram muito afetados e não puderam seguir pagando. Eu entendo a situação de todos e tento ajudar”.
Leandro informou que o governo espanhol definiu o processo para reativação da economia em quatro fases: 0, 1, 2 e 3. A reabertura das academias entra na fase 2 e está prevista, seguindo normas do governo, para o dia primeiro de junho.
FRANÇA
A França também passou por situação complicada e a população segue confinada. O francês Mathias Jardim, professor da GFTeam em Paris, explicou que a maioria dos alunos seguem pagando as mensalidades e têm conseguindo se manter financeiramente. Além disso, destacou as aulas online como saída e o processo de flexibilização do isolamento. No entanto, destacou que o Jiu-Jitsu deve demorar a retornar.
“Fazemos aula online voltadas mais para a parte física, porque é impossível de fazer Jiu-Jitsu para quem tá sozinho em casa. Também fazemos aulas para quem pode treinar com outra pessoa. Então, estamos fazendo quatro treinos por semana online, são sempre 60 ou 70 pessoas”, disse o professor, que seguiu comentando sobre o momento do país:
“Aqui já está mais flexível o isolamento, mas com as artes marciais de contato vamos ter que esperar até 2 de junho para mais novidades. Acho que neste dia, a novidade será que vai ter que ficar fechado (risos). Eu não sou a favor que reabram logo, acho que isso é perigoso. Temos que ficar todos com saúde”.
INGLATERRA
Dez vezes campeão mundial de Jiu-Jitsu e referência no esporte, Roger Gracie comanda, em Londres (ING), sua equipe. O faixa-preta, que chegou a contrair o novo coronavírus e se recuperou, contou como tem feito para lidar em relação aos funcionários e alunos. O ex-atleta disse que precisou cortar alguns salários e logo que academia fechou, iniciou as aulas pela internet.
“Desde que a academia fechou, nós mudamos para uma plataforma online. São aulas para criança, adulto, como fazíamos na academia. Estou tentando ao máximo cuidar dos professores. A minha academia ficou grande, eu tinha 22 pessoas trabalhando pra mim. Assim, tivemos que ter uma redução de salários para alguns. Mas cada caso é um caso. Tem certos professores que precisam do salário, outros não. Porque eles tinham o trabalho deles e também davam aulas aqui na academia. Estou tentando ao máximo ajudar quem tá aqui comigo. É exatamente o que todo mundo tem que fazer. Não só no Jiu-Jitsu, mas qualquer empresa”.
*Por Yago Rédua
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