* Bicampeão peso-leve do GP da PFL (Professional Fighters League), tendo faturado US$ 1 milhão em 2018 e 2019, Natan Schulte recebeu nos últimos dias que sua busca pelo tricampeonato precisará ser adiada. Isso porque a organização americana anunciou o cancelamento de sua temporada no ano de 2020, confirmando que a mesma acontecerá no ano de 2021, devido ao atual momento de pandemia causado pelo coronavírus.
* PFL anuncia o cancelamento da sua temporada 2020 e remarcação para 2021; confira os detalhes
Sem perder uma luta desde 2017, o brasileiro atualmente mora na Flórida (EUA) e acompanha de perto a difícil situação passada pelos americanos, levando-se em conta que o país é o atual epicentro de casos da Covid-19. Atleta da renomada American Top Team, Natan vem mantendo a forma em casa, já que as dependências da academia encontram-se fechadas, e em entrevista à TATAME, falou que o cancelamento da temporada 2020 da PFL já era algo esperado por ele, como conta a seguir.
“Eu meio que esperava isso. A gente sabe que o torneio da PFL precisa de um tempo hábil para a realização das edições, para ter um espaço entre um e outro evento, pelo fato de ser um torneio em formato de GP. Pelo fato dos primeiros eventos terem sido cancelados, eu já imaginava que iam mudar o formato ou, provavelmente, a temporada seria cancelada, então não me pegou de surpresa”, afirmou o catarinense.
No bate-papo, o lutador falou sobre como tem feito para fazer exercícios físicos, a situação de momento na Flórida, estado onde mora nos EUA, a notícia do cancelamento da temporada 2020 da PFL, o que pretende fazer em um ano onde não terá lutas marcadas e muito mais!
Confira a entrevista na íntegra:
– Como você estava procurando se manter em forma antes de receber a confirmação do cancelamento da temporada 2020 da PFL?
Eu estava me preparando bem até, estávamos fazendo alguns treinos na academia, com inúmeras restrições, obviamente. Com tudo isso (aumento do número de casos da Covid-19 nos EUA), eu passei a fazer treinos em casa, fazendo alguns cardios na rua, com todos os cuidados que a gente precisa ter, mas tem sido bem difícil treinar em alto rendimento.
– Como você tem acompanhado a situação na Flórida e nos EUA em geral?
A gente vê que tem muitos casos aqui nos EUA, principalmente no Norte. Estou vendo que aqui (Flórida), aparentemente, as coisas não estão tão caóticas na questão de ficar em casa, apesar de ter diminuído muito o número de pessoas na rua. Mas a gente vê que a entrada do UFC, que vai realizar três eventos em Jacksonville, que é aqui na Flórida, já mostra que o estado está um pouco mais liberal em relação a outros estados.
– Cancelamento da temporada 2020 da Professional Fighters League
Eu meio que esperava isso. A gente sabe que o torneio da PFL precisa de um tempo hábil para a realização das edições, para ter um espaço entre um e outro evento, pelo fato de ser um torneio em formato de GP. Pelo fato dos primeiros eventos terem sido cancelados, eu já imaginava que iam mudar o formato ou, provavelmente, a temporada seria cancelada, então não me pegou de surpresa. Eu já tinha até luta marcada para o dia 21 de maio, só que com o cancelamento do evento, eu sabia que aconteceria alguma alteração bem radical. Não pegou de surpresa, mas me deixou bem desanimado, porque eu já estava esperando por essa temporada.
– Como você pretende se manter em forma e, acima de tudo, em ritmo de luta, já que não terá duelos marcados para 2020?
Eu vou continuar treinando, acho que é um bom período para eu absorver muitas coisas e ter melhorias no meu jogo, porque eu acho que o atleta melhora nos treinos e no período fora da luta. Então, é um bom tempo para eu evoluir o que eu preciso em todas as áreas. Na questão do ritmo de luta, eventualmente, se acontecerem torneios de Jiu-Jitsu no segundo semestre, se tiver um calendário melhor definido, eu posso competir para ajudar no meu ritmo, para me manter ativo.
– O UFC, por exemplo, retomará seus eventos mesmo diante da pandemia. Qual é a sua opinião sobre essa volta do Ultimate?
É uma questão até complicada de falar (risos), porque se eu falar que sou contra a volta dos eventos, o pessoal pode falar: ‘Mas você é milionário, você pode ficar sem lutar, não tem essa preocupação’, pelo fato de eu ter vencido as duas temporadas da PFL. Mas eu penso da seguinte forma: o atleta de MMA luta e só recebe – ganha o salário dele – quando luta, então se vai ficar sem lutar, não vai receber, é uma questão muito complicada. Eu acho que se os atletas estão dispostos a lutar nas condições oferecidas e com as devidas precauções, então deixa eles lutarem, mas isso envolve muita coisa. Como o UFC, por exemplo, que vai fazer três eventos e já anunciou várias lutas. Isso mostra que a galera está disposta a lutar.
– Como está o dia a dia da American Top Team diante de toda essa situação?
A equipe em si meio que fechou as portas logo quando surgiu essa pandemia, então só estavam treinando os atletas profissionais. À medida em que o surto foi se espalhando e ficando pior, até os atletas profissionais foram proibidos de treinar nesse meio tempo. Só que os lutadores que tinham ou têm duelo marcado, eles estavam fazendo rodízio de treinos, com quatro ou cinco atletas e treinador ao mesmo tempo, então não passava de cinco ou seis pessoas treinando. Acho que é isso que eles têm feito, mas apenas com a galera que tem luta marcada.
– Diante de toda essa situação, você teme pelo futuro das academias de luta e dos eventos de MMA?
A gente nunca viu uma pandemia dessa magnitude, uma situação grave em tantos países, nenhum de nós nunca vivenciou isso. Acredito que é uma coisa que vai mudar um pouco de tudo. Até a gente voltar a viver normalmente, vai levar muito tempo, vai ter um longo processo de adaptação com tudo isso que a gente tem passado. Mas eu acredito que vai ser um tempo de mudança para as academias e para o mundo da luta, o MMA em si. Acho que o esporte não vai ‘morrer’. Claro que as pessoas que treinam mais por hobby, ou que estavam começando a treinar, elas vão se privar mais. Mas os verdadeiros amantes, os atletas de alto nível, os que amam, eles não vão parar. A arte marcial acaba sendo mais afetada, porque são esportes de luta (Jiu-Jitsu, Muay Thai, Boxe, MMA) com muito contato físico a todo momento. As academias, talvez por estarem fechadas, algumas acabem ‘quebrando’ por conta de aluguel, mas não todas, por conta justamente desses amantes de luta. Em relação aos eventos, é um pouco mais complicado, porque envolve diversas coisas, mas eu torço para que tudo isso passe e volte ao normal o mais rápido possível.
* Por Mateus Machado
The post Bicampeão da PFL, Natan Schulte lamenta cancelamento da temporada 2020 e revela o que pretende fazer em ano ‘sem lutas’ appeared first on TATAME.