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Silvio Lancellotti - Blogs

Para que serve, além de fazer dinheiro, vender mando de jogo?

Ao invés de São Januário,o Vasco recebe o Corinthians na Amazônia. Legal, segundo o regulamento, Mas imoral, segundo a Ética,

Silvio Lancellotti|Do R7

Vasco X Corinthians, na Arena da Amazônia...
Vasco X Corinthians, na Arena da Amazônia...

A diretoria do Vasco da Gama não revelou o montante. De todo modo, com certeza, foi pela garantia mínima de R$ 450.000 que a sua diretoria desistiu de São Januário, a sua casa, e optou por desafiar o Corinthians na Arena da Amazônia, Manaus, neste sábado, dia 4 de Maio. Foi esse o valor da sua melhor venda de mando, em 2018, prélio diante do Flamengo, transferido a Brasília, ao Estádio Mané Garrincha da capital. Resultado: o empate, 1 X 1.

Em 2018, no Mané Garrincha
Em 2018, no Mané Garrincha

No sentido de que o regulamento do “Brasileirão” assim autoriza, é legal trocar, por dinheiro, o direito de atuar em seus domínios. Legal, porém, nem sempre significa ético e moral. No passado, eram tantos os abusos, capazes até de interferir na normalidade da tabela de classificação, que a CBF proibiu as negociatas. Houve América/MG X Palmeiras em Londrina, Santos X Flamengo em Cuiabá, com o prejuízo ostensivo da torcida do dono do mando.

Fernando Novelletto
Fernando Novelletto

Alguns cartolas, todavia, pressionaram a CBF. Caso de Francisco Novelletto, presidente da Federação Gaúcha e um dos vices da entidade. E, em 5 de Fevereiro de 2018, se aprovaram regras particularmente hipócritas. Autorizou-se um máximo de cinco operações de venda de mando, desde que nenhuma aconteça nas cinco últimas rodadas do Campeonato. Autorizou-se ainda a prática do Futebol na grama sintética. Divertida decisão, pois só a Arena da Baixada do Athletico/PR dispõe de um tapete perfeito. E tão divertida quanto o número “cinco”. Ora, por quê não três, quatro ou onze, em 38 jornadas?

Uma boa novidade, ao menos, o VAR
Uma boa novidade, ao menos, o VAR

Coisas do ludopédio pátrio, que insiste em ignorar todos os ensinamentos provenientes da experiência européia. Menos mal que, desde 2003, os seus certames principais obedeçam aos pontos corridos. E que desde agora, 2019, se utilize o VAR, o árbitro de vídeo, para solucionar as dúvidas que pululam em cada combate. Continua ativa, no entanto, a permissividade que autoriza o fatiamento dos contratos dos atletas, principalmente os mais jovens. Permanece incólume a Lei Pelé, que libertou os atletas da escravidão dos clubes e os entregou à dominação nem sempre sadia dos empresários.


A Arena da Amazônia
A Arena da Amazônia

Em tal cenário, caberá à Arena da Amazônia hospedar o Vasco e o Corinthians na expectativa de que uma parcela razoável dos seus 44.500 lugares e das suas 338 vagas de estacionamento recebam uma ocupação econômica. A Arena custou R$ 700 milhões e ainda não se pagou. Os responsáveis pela pugna, da Roni7 Consultoria, juravam, na tarde de sexta, que a compra de ingressos ultrapassava a marca dos 20.000. A preços de R$160 a entrada inteira, de R$ 80 ou um quilo de alimento não perecível a meia, talvez, quem sabe, uma arrecadação em torno do limite de R$ 2 milhões.

Roni, ex-jogador, agora empresário
Roni, ex-jogador, agora empresário

Retirem-se, digamos, apenas 30% para as cotas da CBF e da Federação local, as despesas de administração e alguns extras, e restarão R$ 1.400.000 a se dividirem entre Vasco da Gama, Corinthians e, claro, a Roni7. Detalhe: a Roni7 pertence a Roniéliton Pereira dos Santos, 42 de idade, ex-atacante que se destacou em clubes como o Fluminense e o Rubin Kazan da Rússia e que até atuou em cinco porfias pela seleção do Brasil de Vanderlei Luxemburgo, inclusive a vice-campeã na Copa das Confederações do México/1999. E outro detalhe: em 2018, quando vendeu seu mando ao mesmo Corinthians, no Mané Garrincha o Vasco foi atropelado sem piedade por 1 X 4.

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Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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