Nos acréscimos e nos penais, o "Timão" se despede do "Tricolor"
Numa contenda que parecia definida, o Corinthians vence o São Paulo por 1 X 0, recebe o brilho de Cássio nos penais, e agora pega o rivalérrimo Palmeiras
Silvio Lancellotti|Sílvio Lancellotti

Domingo, dia 25 de Março de 2018. No Morumbi, pelo confronto de ida de uma das semifinais do Campeonato Paulista, o São Paulo sobrepuja o Corinthians, 1 X 0, e quebra três amargos tabus. Ganha o seu primeiro clássico na temporada. Depois de 3 insucessos e 4 empates, enfim ganha um prélio do “Mosqueteiro”. Depois de 8 derrotas e 4 empates, enfim supera o “Timão” num jogo de mata-mata, privilégio que desconhecia desde os 2 X 1 na Copa do Brasil de 2002 – aliás, um resultado inútil, pois o rival venceria o outro prélio, 2 X 0, e ficaria com a vaga e com a taça, diante do Brasiliense.

Nesta quarta-feira, dia 28, na Arena ainda-sem-nome de Itaquera, para se credenciar à disputa do título com o já classificado Palmeiras, o “Tricolor” ainda necessitava se livrar de mais duas pendengas do passado. Não eliminava o “Timão” num mata-mata desde as semifinais do mesmo certame em 2000. E jamais ganhou um prélio na Arena – em 7 partidas, 5 fracassos e 2 igualdades, apenas 7 tentos anotados contra 18. Sem dizer que desde a sua pugna de estreia, 2 X 1, em 25 de Maio de 1930, num total de 336 prélios, o “Mosqueteiro” somava 126 triunfos a 103, com uma vantagem também nos tentos, de 487 a 459. De nada adiantou o São Paulo acabar, no Morumbi, com aqueles três tabus. Estava prestes a sossegar quando sofreu 1 X 0 nos acréscimos do tempo regulamentar, e esbarrou em Cássio no bingo dos penais. No sábado, na Arena sem-nome, o “Timão” se haverá com o Palmeiras, seu inimigo número um nos gramados, na pugna de abertura da decisão.

Irritado, no domingo, porque Diego Aguirre, o treinador do São Paulo, alegou "não reconhecê-lo", não o cumprimentou antes do combate e meramente se desculpou após o encerramento, Fábio Carille, o treinador do Corinthians, devolveu a suposta desfeita com uma pitada de maldosa elegância. Visitou o vestiário do São Paulo e lá entregou a Aguirre a escalação do “Timão”. Já no campo, cada qual no seu lado da lateral, ambos se ignoraram.

Os seus comandados, porém, ao contrário, se encararam. E a tensão, com direito inclusive a empurrões, prevaleceu até que os atletas se concentrassem apenas no que valia de fato, claro, o Futebol, a definição da segunda vaga na decisão contra o Palmeiras. Ironia: mesmo dentro da sua casa repleta, 43.367 torcedores fiéis, e mesmo com os retornos de Fágner, de Rodriguinho e de Clayson, que não atuaram no Morumbi, os pupilos de Carille pareciam mais nervosos, tal o volume dos seus erros de passe.

Exatamente por falta de pontaria, aos 42’ Émerson Sheik desperdiçou com a meta vazia. Daí, logo aos 43’, Militão fulminou e Cássio defendeu espetaculosamente. Pelo tom geral do jogo, caberia bem o placar de 1 X 1, ao invés do 0 X 0. A ausência de tentos, porém, se estenderia através da etapa derradeira. Aos 60’, Carille apostou na agilidade do menino Pedrinho e retirou o mastim Gabriel. E na sua primeira investida Pedrinho cruzou e Sheik se atrasou na área pequena do “Tricolor”, de novo com a meta vazia. O São Paulo refluiu, perigosamente. Mas se trancou, sete ou oito homens na proteção do arqueiro Sidão. Só lhe restou a possibilidade das contrainvestidas na velocidade. Além, óbvio, de aguardar pacientemente a marcha do relógio.

A cartada principal Carille reservou para os 80’, Danilo, ele próprio, o veterano, e ex-São Paulo, no lugar de um outro vovô, o exausto Sheik. E o milagre aconteceu, lá nos acréscimos, inesperadissimamente, um escanteio que Clayson levantou e Rodriguinho escorou de testa, 1 X 0. Consequência inexorável, o bingo absurdo dos penais. Eis o desenrolar:
COR – Mateus Vital, 1 X 0
SÃO – Diego Souza, Cássio defendeu
COR – Rodriguinho, Sidão defendeu
SÃO – Lucas Fernandes, 1 X 1
COR – Clayson, 2 X 1
SÃO – Bruno Alves, 2 X 2
COR – Pedrinho, 3 X 2
SÃO – Reinaldo, 3 X 3
COR – Maicon, 4 X 3
SÃO – Militão, 4 X 4
COR – Danilo, 5 X 4
SÃO – Liziero, Cássio defendeu
PS: Absolutamente ridículo, patético, imperdoável, injustificável, o fato de um site parceiro do São Paulo ter disponibilizado e vendido ingressos, aos seus fãs, antes mesmo de começar o seu jogo contra o Corinthians. Minha avó já dizia: "O castigo vem montadinho no cavalo." Neste caso, branco e preto...
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