Nas noites de 14 e de 16 de Maio, insolitamente trajados com camisetas de face dupla, frente e verso invertidos, os dois se destacaram no universo amarelado que recobria todas as 19.569 poltronas da Oracle Arena de Oakland, na Califórnia. Mas, para este sábado, dia 18, trocaram as vestimentas, ela de agasalho branco, ele de escuro, ambos com os distintivos dos adversários em ação, e preferiram se camuflar no mar avermelhado que tingia boa parte dos 19.980 lugares do Moda Center de Portland, Oregon.
Advindos de Charlotte, na Carolina do Norte, que faziam tais personagens de roupas, digamos, semi-rivais, a cerca de 4.400km de distância da sua residência? Acontece que se trata de Sonya e Dell Curry, pais de Steph Curry, astro maior dos Golden State Warriors de Oakland, e também de Seth Curry, o seu caçula menos celebrado e no entanto transformado, subitamente, e por óbvias razões, no objeto de atenção dos Portland Trail Blazers. Numa espetaculosa armadilha do destino, os Warriors e os Blazers lutam pelo título da Conferência Oeste da NBA, a entidade que cuida do Basquete nos Estados Unidos e no Canadá. E, ao invés de se refugiarem, Dell e Sonya assumiram o antagonismo dos filhos e se produziram de uma forma suficientemente isenta para vibrar, sem constrangimentos, com as façanhas de Steph e de Seth.
Claro, evidentemente, seria impossível que ambos os pais e ambos os pimpolhos saíssem satisfeitos. Ainda sem os lesionados Kevin Durant e DeMarcus Cousins, capazes, somados, sozinhos, de 50 pontos por partida, de novo os Warriors de Steve Kerr souberam transformar as agruras em ouro brilhante, como as cores do seu batismo, Golden State. Até faltarem 1’54” para o encerramento do terceiro quarto, perambularam sempre atrás no marcador. Então, depois de recuperarem uma desvantagem aparentemente fatal de 18 pontos, de novo explodiram, assumiram o controle das escaramuças e venceram com folga e com tranqüilidade, um resultado de 110 X 99 e a contagem além de apaziguadora de 3 X 0 na série.
São descomunalmente diferentes as histórias de Seth e de Steph. Natural de Akron, Ohio, dia 14 de Março de 1988, de nome Wardell Stephen, o mais velho, o dos Warriors, já havia participado de seis edições de “playoffs”, quatro decisões da NBA, e já havia levantado três vezes o Larry O’Brien Trophy. Presente em 694 partidas de temporada regular, ostenta uma média de 27,3 pontos. Com o salário anual de US$ 37,5 milhões, é o profissional do Basquete melhor remunerado do planeta. Natural de Charlotte, dia 23 de Agosto de 1990, Seth estréia em “playoffs”. Na sua carreira atuou em 192 jogos e obteve 7,9 pontos. Tem um ganho em torno de US$ 3 milhões, ou doze vezes menos.
Pois nesta série, porfia após porfia, nas estatísticas, Steph disparou à frente do maninho Seth. No primeiro jogo, em Oarkland, sucesso dos Warriors por 116 X 94, no global de pontos-rebotes-assistências ele reuniu 36-6-7 e o caçula ficou nos 3-3-2. No segundo, Warriors 114 X 111, Seth cresceu em quadra, 16-1-2, de todo modo bem abaixo do mano mais velho, 37-8-8. No cotejo deste sábado, Steph se provou devastador, 36-3-0 a 5-3-0. A série prosseguirá em Portland, na segunda-feira, dia 20. Daí, se necessário, na outra quarta, 22, retornará a Oakland. E a tabela ainda prevê as datas de sexta, 24, para uma porfia em Portland, e para a derradeira, em Oakland, no domingo 26. Difícil que a série se estenda até lá. Os Warriors já demostraram que não dependem exclusivamente de exuberâncias. E que, de novo, Steph Curry pode bastar.
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